Lockdown esvazia Cuiabá e prefeito Emanuel Pinheiro esperneia por comércio aberto

De portas fechadas a partir de hoje, durante 15 dias, por determinação do juiz José Luiz Leite Lindote, da Vara da Fazenda Pública de Várzea Grande, muito embora o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) recorra da decisão liminar do magistrado. Assim se encontra Cuiabá nesta quinta-feira, 25 de junho, em isolamento social ou lockdown. O mesmo acontece em Várzea Grande, onde a prefeitura cumpre a imposição, sem questionamento. O trancamento do comércio e os braços cruzados da burocracia nos poderes esvazia as ruas e parques, a exemplo do Mãe Bonifácia, na capital, onde um monumento reverencia a figura lendária que empresta o nome àquela área verde de lazer.
Emanuel Pinheiro defende a aberta irrestrita do comércio. O prefeito ainda critica (sem citar o Judiciário), a falta de decisões para o trancamento total dos municípios fora do Aglomerado Urbano de Cuiabá. Segundo ele, sua cidade responde bem pelo atendimento de saude pública, mas é prejudicada pelo incessante fluxo de pacientes vítimas do coronavírus e outras doenças para tratamento na rede hospitalar da capital.
Lindote acertou na mosca, segundo avaliação popular. Afinal, Juntas, as duas cidades registraravam ontem 217 mortes e 3.947 infectados. Mais: em Cuiabá e Várzea Grande somente 25 leitos das unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública estavam disponíveis.
MÃE BONIFÁCIA – Historiadores divergem sobre Mãe Bonifácia. Alguns teimam que foi escrava e ao envelhecer, abandonada, vivia à margem de um córrego onde surgiu o parque com seu nome. Outros, que ela nunca foi escravizada. Mesmo divergindo há algo em comum sobre os relatos deles: Mãe Bonifácia seria benzedeira e teria poderes sobrenaturais. Mais: seria protetora de escravos que fugiam das senzalas e viviam num quilombo bem ao lado de barraco. Daí, surgiu o bairro Quilombo e, claro, o Parque Mãe Bonifácia.
O barraco de Mãe Bonifácia ficava – segundo historiadores – ao lado de uma trilha que ligava Cuiabá ao distrito de Nossa Senhora da Guia, Acorizal, Rosário Oeste e Diamantino. Com seus dotes espirituais protegia seu povo que fugia do trabalho fatigante, do açoite, do tronco e até da execução impiedosa.
A protetora Mãe Bonifácia na Terra era a mão que Deus destinara para proteger os negros escravos em Cuiabá. A gradativa redução da escravatura, que culminou com a Leia Áurea, desativou o quilombo que abrigava os fugitivos. O tempo a levou. Nenhum historiador tem detalhes sobre seu adeus. Ficou seu legado e cuiabanos trataram de eternizar seus feitos com o bairro Quilombo, o córrego e o parque que levam seu nome.
Uma escultura do artista Jonas Corrêa, sobre um pedestal de pedra canga, numa área do parque, mostra Mãe Bonifácia amparando um homem prostrado ao seus pés. A obra de arte tem ao seu lado três pés de caju, que ali permanecem como se fosse sentinelas daquela cena criada pelo escultor.
Redação blogdoeduardogomes com foto
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