Série Foto do Domingo (3)
Curvelândia, 5.192 habitantes, é a terra do queijo e o homenageia com um monumento. O texto que fala sobre o município foi extraído (com seu título) do “Livro 44″, que publiquei em 2014 sem apoio das leis de incentivos culturais. A obra foi a maneira que encontrei para à época celebrar meus 44 anos em Mato Grosso.
Uma curva no caminho
Curva fechada em trecho arenoso é sempre perigosa e principalmente quando o gado malha no leito da estrada. Foi num lugar assim, na calha do rio Cabaçal, num ponto perdido da estradinha que ligava Cáceres a Lambari D’Oeste, Rio Branco e Salto do Céu, que um caminhão em alta velocidade atropelou vários bois de uma boiada. Desse acidente surgiu a primeira denominação do lugar: Curva do Boi. Isso em 1971. O nome foi bem aceito por todos e inclusive pela meia dúzia que vivia naquele ponto.
De 1975 a 1978 costumava frequentar o bolicho do Rosino, que não passava de um casebre de tábuas coberto com folhas de babaçu, piso de chão, mas que em compensação servia a Brahma mais gelada daquelas bandas, na Reserva Nacional da Caiçara, no município de Cáceres. Já o tira-gosto não era nada aconselhável: ovo cozido, que ficava azulado no expositor, invariavelmente coberto pelo pó da estrada ao lado. Bons tempos aqueles…
A posse da terra na Curva do Boi e na Caiçara como um todo, era pacífica, mas o Incra ao invés de buscar solução para a regularização fundiária, costumava criar dificuldades. Vivi essa realidade.
Sete anos depois do acidente com os bois o agricultor José Pedro da Silva, cearense de Crato, comprou uma cessão de direito de 25 hectares de um lote, para se dedicar ao plantio de arroz e milho. Devoto do pai do Menino Jesus, José Pedro deu ao seu lote o nome de sítio São José. Porém, vendo que era grande o número de moradores na região, criou arruamento e destinou 20 hectares para a construção de uma vila, que manteve o nome de Curva do Boi.
Ouvi duas versões sobre a origem do nome do município. No final de outubro de 2014 fui a Curva do Boi passar o caso a limpo. Conversei com moradores antigos, mas somente o secretário de Obras e Serviços Públicos, Gabriel Frades da Silva, que chegou ao lugar pouco antes de sua emancipação, contou a história da mudança, que retirou a bonita denominação de Curva do Boi para a atual, que julgo fria e distante.
Frades contou-me – e seu irmão Luis Pereira Frades confirmou – que na campanha eleitoral de 1986 o suplente de deputado estadual Jalves de Laet reuniu-se com correligionários e simpatizantes em Curva do Boi. Além da luta encarniçada por votos o político sugeriu a troca do nome para Curvelândia. A sugestão foi aceita por José Pedro; Diorando Marques de Azevedo – pioneiro -; Luis – o irmão de Gabriel -, e que mais tarde seria vereador; e outras figuras do lugar. Em 10 de julho de 1987, o governador Carlos Bezerra sancionou a lei oriunda de um projeto do deputado José Lacerda e aprovado pela Assembleia Legislativa elevando a vila de Curvelândia a distrito de Cáceres.
Em 28 de janeiro de 1998 o governador Dante de Oliveira sancionou a lei de autoria do deputado Amador Tut, aprovada pela Assembleia Legislativa criando o município de Curvelândia em áreas seccionadas de Cáceres, Mirassol D’Oeste e Lambari D’Oeste.
Curvelândia se situa no polo regional de Cáceres, na faixa de fronteira e distante 48 quilômetros daquela cidade. Anualmente o município promove a Festa do Queijo e na edição de 2014 produziu o maior queijo minas frescal do mundo, com 1.830 quilos. Esse evento é promovido pela prefeitura em parceria com um laticínio local e divulga a pecuária leiteira da região, que ocupa lugar de destaque na economia desse segmento em Mato Grosso.
A rodovia MT-170, asfaltada, cruza a cidade e faz a ligação com Cáceres e Lambari D’Oeste. A MT-250 dá acesso pavimentado a Mirassol D’Oeste, distante 23 quilômetros.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes com foto em arquivo
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