Boa Midia

40 Anos – Polícia Militar

“Ao ingressar na Polícia Militar do Estado de Mato Grosso prometo regular minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que tiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da ordem pública, e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria vida”.

Policial militar, você prestou um juramento. Cumpra-o!

Polícia Militar! Tuas raízes se confundem com as de Mato Grosso! Ninguém que escreva a história do Estado poderá ignorar-te, poderá constatar que sem ti o Estado não seria!
Tu és como templo, feito aos poucos, pedra a pedra, arcada a arcada, abóbada a abóbada.

E assim como no templo ninguém olha as pedras, mas o silêncio e o reconhecimento que elas condicionam, também na Polícia Militar só valem a renúncia e o sacrifício dos que a construíram, o trabalho, o fervor, pelo que se trocaram!

Quando se rememora o passado, quando se citam marcos – só nos podemos lembrar daqueles que muito deram, daqueles que se dando se realizaram na dádiva!

A Polícia Militar é a criação no coração deles!

Os demais que só quiseram ser servidos, foram como os detritos de um rio atirados à margem, e aí, ignorados, apodreceram.

O medíocre, o pequeno, pensa que vive daquilo que recebe. Nós, policiais militares da velha guarda, que nos orgulhamos do maravilhoso instrumento que ajudamos a aperfeiçoar e por isso o amamos, sabemos que só se vive daquilo que se dá!

Esse instrumento de grandeza moral que aí está, respeitados por todos de bem, nada mais é do que a soma de dedicações de muitos milhares de brasileiros que a serviram e a ela deram o trabalho de seus músculos, a inteligência e o pensamento de suas mentes, a vibração de suas almas, o fervor de seus corações!

E, hoje, tu, soldado da Polícia Militar, sobre cujos ombros cai esse peso imenso, que é ao mesmo tempo a tradição e a glória a qual pertences, sem partido político a dividir-te, pois que tua política é a ordem e a garantia das leis e instituições! Sem religião a separar-te, pois a que é do teu agrado tu a praticas – servindo aos outros -; sem ideologias a confundir-te, porque representas o presente – tu à luz do dia, ou na negra noite, na cidade, na vida, no povoado, no vale, na floresta, na mata, no cerrado, na fronteira, no Pantanal, no campo ou no ar, onde quer que haja interesse a zelar, tu, soldado da Polícia Militar, dás à família mato-grossense em geral, do abastado ao operário diarista, essa paz e essa segurança de que todos carecem para viver, para produzir, para realizar-se.

Tu és, assim, o símbolo da liberdade, porque o és da ordem! E Mato Grosso te homenageia, dormindo tranquilo, pois sabe que pode confiar em ti.

Para que haja serenidade em seu coração basta-lhe saber que tu existes!

Como um policial, no serviço de prevenção ao crime, tu, por agires muitas vezes o frustas – restabelecendo o equilíbrio social quando combates, possibilitando assim a existência da própria sociedade.

Que importa que ela não se dê conta disso.

Há bens que, como a liberdade, a segurança, a paz, só revelam sua preciosidade depois de perdidos.

Como soldado – tu és a própria esperança em marcha. Ante qualquer desgraça recorrem a ti e todos sabem que tu darias a vida se precioso – assim jurastes. E não te vanglories disso. Esse é teu dever. A estima da sociedade tu só a merece se te realizares servindo-a. És tu que deve agradecer a oportunidade que te dá de lhe ser útil – porque é doando-te que engrandeces!

Mas tu só és assim, grande, porque grande é a Polícia Militar. Sozinho, simplesmente, não o serias, porque não terias qualquer oportunidade. Por isso, a Polícia Militar tem o direito a tua devoção, ao fervor do teu coração, se não, estarás usufruindo um bem, estarás roubando parcela de algo para o qual não contribuístes. Para que mereças reconhecimento, para que sintas estima por ti próprio, é preciso que busques, que peças, que rogues um lugar não na sinecura dos cafezinhos, mas nos seus corpos de tropa, nas companhias, nos pelotões, nos destacamentos, nos estabelecimentos, diretorias, seções, em qualquer lugar – que importa, no entanto, tudo isso – se tu mesmo te eximes, te elides, te excluis?

Um coração sem fervor, é como terra sem semente, massa sem fermento, corpo sem alma.

Aí, só o rigor poderá construir-te. Um rigor que conduza à conversão. Um rigor que de novo te conduza à condição de homem de caráter, um rigor que de novo te faça um ser habitado, um rigor que mate a lagarta para que possa nascer a crisálida. Esse rigor que visa transfigurar-te o conduzirá, reintegrando-te nesse todo grandioso!

Quando tudo apodrece ao teu redor – quando até as religiões se esvaziam de conteúdo – quando os valores que construíram nossas almas perdem o sentido – quando as bússolas que nortearam os passos dos homens de bem se desmagnetizaram – quando as forças morais são vilipendiadas nos atos dos homens que a proclamam – quando a torpeza, o interesse, a felonia, estão a serviço do êxito pessoal – mantêm-te policial militar – incorrupto!

Sê fé onde só vês descrença – sê amor onde só sentes cupidez – sê virtude onde campeia o vício. Constrói a ti mesmo! Erige-te homem em meio a sombras! Forja-te digno em meio a indignidade! Exibe tua verticalidade moral como insulto à venalidade!

Os bens materiais são transitórios. O essencial é o valor com que enriquece tua alma, o único que, morrendo, levas contigo pois que é bagagem de teu espírito – valor eterno, imortal!

Nosso valor vem de nossa unidade – por cima dos partidos políticos que vêm e vão – para além de ideologias que nascem e morrem, unidade que ignore pequenas diferenças pessoais, que o superior interesse comum nivela.

Polícia militar,

Tu és formada pelo valor de teus homens.

E o homem só se regozija do que constrói! Por isso exiges deles o máximo.

Fá-los trabalhar.

Não os deixe um momento sequer. Eles te amarão através das partículas de si mesmo que te derem.

Quanto mais exigires, mais te engrandecerás e eles mais de ti se orgulharão e mais os fará doar!

Tu morrerás no momento em que deixares de ser alimento no coração deles.

Constrange-os à criação!

É preciso que os mantenha galvanizados por ti! Cumula-os de obrigações, de tarefas, de serviço. Sê tu também diferente!

Quando a bajulação modela as massas, faz lugar comum nas palavras dos politicóides impatriotas, dando a estas uma consciência distorcida de que só têm direitos – exige tu dos teus homens o máximo – amparando-os, dignificando-os, é certo – mas fazendo-os sentir o peso do dever como o de uma montanha e o da morte como de uma pluma.

Policial militar, você prestou um juramento. Cumpra-o!

LÉO GONSAGA MEDEIROS é coronel da Polícia Militar de Mato Grosso

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