Boa Midia

Mensagem política de Água Boa

 

Maurão estende a mão a Wellington

Mauro Rosa da Silva, o Maurão (PSD) declara apoio a Wellington Fagundes. Ex-vereador em dois mandatos consecutivos e por duas vezes presidente da Câmara, Maurão é prefeito reeleito de Água Boa e uma das principais lideranças políticas de sua região.

O apoio de Maurão a Wellington se visto pela identificação do candidato ao governo com o município seria normal. Porém, analisado pelo aspecto da fidelidade partidária, evidencia o desmoronamento do PSD enquanto partido com significativo peso político, mas incapaz de sustentar sua aliança com o DEM, PDT e MDB para as disputas majoritárias ao governo e Senado. Senão vejamos.

Partido criado em Mato Grosso pelo então deputado estadual José Riva, o PSD nasceu com grande força política. Com o fim do mandato de Riva (janeiro de 2015) aconteceu o abalo partidário, pois Riva sofreu constrangimento de algumas prisões, recebeu condenações em primeira instância e foi banido da vida política a ponto de pedir sua desfiliação. Ficou a massa partidária, porém acéfala. Numa jogada nunca revelada publicamente, mas que muitos sustentam que houve, o governador Pedro Taques (PSDB) teria articulado com o líder nacional daquela sigla, Gilberto Kassab, para que seu então vice-governador Carlos Fávaro (eleito pelo PP) assumisse o partido regionalmente, o que aconteceu.

Fávaro tratou de manter a bancada estadual, prefeitos e vereadores. Além disso, costurou importantes filiações, mas não conseguiu manter na sigla a deputada estadual Janaína Riva, filha e herdeira política de Riva. Janaína foi para o MDB do cacique Carlos Bezerra. Nem ela nem Fávaro entraram em detalhes sobre sua decisão, mas o certo é que houve um certo alívio entre a cúpula partidária, que assim se via livre do fantasma da presença de Riva.

Juntamente com Janaína também deixou o partido o ex-vice-governador Chico Daltro, que o presidia, muito embora o líder fosse Riva. Daltro foi para o PRB e disputa mandato de deputado estadual.

Pedro e Fávaro se desentenderam depois de mais de três anos dividindo o poder no Palácio Paiaguás. Fávaro se juntou ao grupo dissidente de Pedro levando consigo o PSD remanescente de Riva (chamado de Viúvas de Riva) e os novos filiados. Com boa estrutura de campanha, bom tempo no horário eleitoral, Fávaro costurou uma aliança com Jayme Campos e Mauro Mendes (ambos DEM), Otaviano Pivetta (PDT) e Bezerra. Assim, essa coligação lançou Mauro ao governo com Pivetta de vice, e ele e Jayme ao Senado. Bem articulado, Fávaro tratou de arredondar tudo que deveria ser arredondado no PSD, segundo seu entendimento. Ele somente não levou em conta que na realidade política mato-grossense, salvo as exceções de praxe, em política a relação pessoal conta mais que o vínculo partidário. Assim, sua participação na aliança está arranhada, abalada e a um passo de naufragar.

O apoio de Maurão a Wellington é claro exemplo sobre a relação pessoal entre apoiado e apoiador. Maurão esvazia a força política de Fávaro, tanto por ser prefeito de um importante município do Araguaia, quanto por ser o primeiro vice-presidente da associação dos prefeitos (AMM), entidade presidida por Neurilan Fraga, também do PSD e companheiro de Wellington.

A decisão de Maurão não pode ser vista enquanto traição política a Fávaro. Ela é parte do processo político num território minado por dezenas de partidos, o que dificulta a fidelização do voto em chapa completa no plano estadual, porque a formação das alianças via de regra não observa os entendimentos municipais entre prefeitos e vereadores e a relação desses com as lideranças regionais.

Fávaro chegou ao grupo de Jayme, Bezerra, Mauro e Pivetta carregado de sonhos e pouco tempo depois deve estar tomado pela desilusão por não conseguir manter ao seu lado os políticos municipais que em tese deveriam ser seus liderados, ao contrário do que Riva fazia, eleição após eleição. Essa realidade pode ser a razão – ou uma delas – para seu fraco desempenho nas pesquisas de intenção de voto.

A realidade é que o PSD não é um partido aliado. É uma sigla aliável. O apoio de Maurão a Wellington não é fato isolado em sua sigla. O prefeito de Nova Xavantina, João Cebola, e o presidente do AMM, Neurilan Fraga, atestam isso.

Em Água Boa, no centro geodésico do Brasil, o apoio recém-declarado do prefeito Maurão a Wellington mina a candidatura de Mauro Mendes ao governo, não pelo peso eleitoral do prefeito e seu município, mas porque deixa claro que nos municípios a proposta da aluvião de dissidentes contra Pedro não é bem aceita, por não representar uma proposta de governo, mas sim um grito de descontentamento com um governo do qual tais dissidentes faziam parte até recentemente.

Podendo optar entre engrossar a dissidência ou fortalecer a candidatura de Wellington, Maurão ficou com a segunda opção, talvez acreditando que Mato Grosso esteja acima das questiúnculas intestinais, para que possa prosseguir em busca de melhores dias para sua gente, com justiça social, desenvolvimento, sustentabilidade e razoabilidade na relação entre as pessoas – incluindo os homens públicos. Que o eleitorado entenda a mensagem política que vem de Água Boa.

Eduardo Gomes – editor de blogdoeduardogomes

FOTO: Maurão e Wellington – divulgação

 

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