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SÉRIE TRANSPARÊNCIA (02) – Suplente de última hora chega ao Senado

 

José Medeiros, senador e pré-candidato a novo mandato é o tema deste segundo capítulo da série TRANSPARÊNCIA, que focaliza os nomes que são citados enquanto prováveis candidatos ao governo e ao Senado por Mato Grosso. No primeiro capítulo, sob o título “PPP Caipira nasce da ousadia de Pivetta“, o pré-candidato ao governo pelo PDT, Otaviano Pivetta, foi focalizado.

A série quer ir além do jornalismo tradicional. Sua meta é mostrar o político por seus erros e acertos, virtudes e defeitos e não ficar engessada aos padrões da informação fria, impessoal. Afinal, o internauta que é eleitor vota no ser humano rotulado pela fachada política do candidato.

Medeiros chegou ao Senado no final de 2014. Era suplente (PPS) do senador Pedro Taques (PDT) e o substituiu. Taques renunciou ao cargo para assumir o governo de Mato Grosso, que conquistou em outubro daquele ano, em primeiro turno.

No exercício do mandato de senador trocou o PPS pelo PSD das viúvas políticas de José Riva (2016) e pulou para o Podemos (2017).

Em  fevereiro de 2017 Medeiros disputou com Eunício Oliveira (PMDB/CE) a presidência do Senado e foi massacrado. O cearense foi eleito com 61 votos, ele recebeu 10 e 10 senadores votaram em branco. Esse desempenho somente não foi mais fraco do que a amarga experiência de Taques em 2013, quando enfrentou Renan Calheiros (PMDB)/AL); Renan cravou 56 votos, Taques 18, dois votos foram em branco e outros dois anulados – compareceram à votação 78 dos 81 senadores.

Em plenário José Medeiros sustenta um forte discurso de direita, sempre debatendo com petistas e outros apoiadores dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff. 

Em mais de três anos de mandato José Medeiros ainda não emplacou nenhum projeto importante e não canalizou nada significativo para Mato Grosso.

De suplente de senador de Taques – agora é governador tucano – a seu adversário. José Medeiros assinou recentemente a famosa carta de ex-apoiadores de Taques com duras críticas ao seu governo e acusando-se de ‘usar’ companheiros politicamente.

Em 2015 escrevi o livro “Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir“, com ilustração de Generino e sem apoio das leis de incentivos culturais. José Medeiros foi tema de um dos capítulos, com o título abaixo e a arte de Generino.

 

Senado cai no colo de Medeiros

 

Pedro Taques era azarão na disputa ao Senado em 2010. Candidato pela primeira vez a mandato eletivo, José Pedro Gonçalves de Taques (PDT) não tinha traquejo político quando entrou na disputa: ostentava ainda o jeitão mandão de procurador da República, cargo que o projetou junto a opinião pública mato-grossense.

Dois terços do Senado seriam renovados e o pedetista enfrentava o ex-governador Blairo Maggi (PR), Carlos Abicalil (PT), Antero Paes de Barros (PSDB) e Naildo Lopes (PV). No começo da campanha ninguém com o mínimo de juízo apostaria um centavo sequer na candidatura de Pedro Taques. A descrença era tamanha, que até mesmo o candidato a primeiro-suplente em sua chapa e seu correligionário José Antônio Gonçalves Viana, o Zeca Viana, tratou de tirar o corpo fora. Zeca abandonou o azarão, se lançou a deputado estadual e teve uma eleição tranquila.

A chapa de Pedro Taques ficou mutilada, com ele na cabeça e o candidato a segundo-suplente Paulo Fiúza (PV). A coligação formada pelo PSB, PDT, PPS e PV queimou pestanas para arrumar um Cristo, mas ninguém com densidade eleitoral queria botar o pescoço na forca.

Percival Muniz, prefeito de Rondonópolis e presidente do PPS estadual encontrou a solução botando seu correligionário policial rodoviário federal, advogado e matemático José Antônio de Medeiros na vaga deixada por Zeca. Aos jornalistas Percival disse que a indicação era a forma de equilibrar a participação dos partidos coligados nas chapas majoritárias. Para reforçar citou que a dobradinha ao governo era formada por Mauro Mendes (PSB) e Otaviano Olavo Pivetta (PDT); o Senado disputado pela chapa de Pedro Taques e Paulo Fiúza; e a outra chapa aliada tinha Naildo Lopes (PV) para senador.

José Medeiros nasceu em Caicó (RN), mora em Rondonópolis e reza pela cartilha de Percival. Em 2006 também pelo PPS, saiu candidato a deputado federal puxando votação pra sua legenda e conquistou modestos 8.175 votos.

Desde o começo da campanha em 2010 todos sabiam que Blairo seria o mais votado e foi: recebeu 1.073.039 votos (37,08% da votação válida para o cargo) e com aquele resultado, até agora, é o primeiro e único candidato ao Senado a alcançar a marca de 1 milhão de votos em Mato Grosso.

Blairo levou em sua chapa dois correligionários: José Aparecido dos Santos, o Cidinho e Manoel Antônio Rodrigues Palma, o Titito, respectivamente primeiro e segundo suplentes. Cidinho foi prefeito de Nova Marilândia, presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e secretário de Estado quando Blairo governou. Titito foi prefeito biônico de Cuiabá, deputado estadual e deputado federal.

O azarão Pedro Taques conquistou 708.440 (24,48%) levando José Medeiros e Paulo Fiúza nas suplências.

O terceiro colocado foi Carlos Abicalil – à época deputado federal – com 533.280  (18,43%). Abicalil e Blairo eram companheiros na coligação governista que tinha ainda o PMDB do candidato ao governo Silval Barbosa e subiam no mesmo palanque.

Na reta final da campanha ouvia-se muito que Blairo estaria jogando muito sujo com Abicalil e com isso beneficiando o azarão. Como em política não existe hipótese absurda, não é bom descartar que isso efetivamente tivesse acontecido.

Comentários nos meios políticos davam conta que Blairo queria torpedear Abicalil, para ser o senador mais destacado de Mato Grosso junto ao Palácio do Planalto. O republicano – segundo se dizia – temia que a identidade partidária do petista pesasse na hora da divisão do bolo do poder. Daí, que ao invés de trabalhar para o companheiro aliado, o ex-governador por baixo dos panos, mandava votar no azarão.

Com a votação de Pedro Taques, o indicado de Percival virou suplente de senador. Na justiça Paulo Fiúza tentou inverter a ordem da suplência, mas sua investida foi desqualificada.

Em 2010 pregando discurso de moralidade, austeridade e competência administrativa o azarão se elegeu governador em primeiro turno e o Senado caiu no colo de José Medeiros.

 

EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes

FOTO: Agência Senado

ARTE: Generino

 

SÉRIE:

Primeiro capítulo em:

PPP Caipira nasce da ousadia de Pivetta

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