SÉRIE TRANSPARÊNCIA (01) – PPP Caipira nasce da ousadia de Pivetta
Lucas do Rio Verde, terça-feira, 10 de dezembro de 2002. O governador eleito e diplomado Blairo Maggi desembarca acompanhado por Luiz Pagot, Moacir Pires, Homero Pereira, Clóves Vettorato, Baiano Filho, Carlos Brito, Cidinho Santos e Percival Muniz. Nuvens cinzentas e tempo carrancudo anunciam que um temporal está se formando. Na pista, discretos seguranças o esperam. Otaviano Pivetta, prefeito anfitrião vai à frente do grupo que recepciona Blairo para os cumprimentos. Cabos eleitorais, rescaldo dos palanques, ensaiam o refrão da campanha vitoriosa do visitante: “Tá na palma da mão /Tão na mão de quem sabe /O povo já decidiu governador é Blairo Maggi”.
Blairo vai a Lucas para ouvir o agronegócio no qual busca o norte para seu governo, ainda – faltando 21 para a posse – sem um plano administrativo definido. Produtores rurais e políticos se espremem para ouvi-lo, mas há pouco a dizer, exceto o muito obrigado pela votação consagradora.
Mesmo sem plano definido Blairo sabe que a menina dos olhos do governo será a pavimentação de rodovias. “Por todos os lugares onde ando, ouço três pedidos: asfalto, asfalto e asfalto” não cansava de dizer o governador eleito, desde a divulgação do resultado que o botaria no Palácio Paiaguás em substituição a Rogério Salles.
Em Lucas o chororô com Blairo não foi diferente. Chovia muito e enquanto isso a uma só voz a população pedia asfalto, mas não para uma rodovia. Era uma pavimentação manga curta entre a cidade e o novo aeroporto (construído pelo Grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi Scheffer) à margem esquerda da MT-449 no sentido Lucas-Tapurah.
Pisando no escuro, Blairo tremeu e não empenhou a palavra. Lucas o pressionou. Sem saída o governador eleito propôs que a prefeitura bancasse parte da pavimentação em parceria com o governo. Pivetta assumiu as rédeas da reunião. Disse que aquela obra seria muito pequena para compartilhamento. Audacioso, lançou um desafio: “Lucas do Rio Verde e nossos produtores estão dispostos a serem parceiros na pavimentação da MT-449 daqui a Tapurah“. Reinaldo Tirloni, prefeito de Tapurah, saltou da cadeira e acrescentou, “Pivetta, Tapurah também está nessa”.
“Asfalto agora!”, gritou Pivetta.
Pagot, braço direito de Blairo e que seria secretário de Infraestrutura, abraçou o desafio e de microfone em punho desenhou imaginários mapas de Mato Grosso com seus municípios interligados por asfalto. Pagot observou que as rodovias mato-grossenses são no sentido norte-sul e que era preciso criar uma malha leste-oeste alimentadora da primeira. A malha alimentadora ganhou o nome de espinha de peixe.
Assim, debaixo de muita chuva, relâmpagos e trovões, nasceu o maior programa rodoviário mato-grossense, o “Estradeiro”, que em boa parte foi bancado por produtores rurais e prefeituras, com o governo arcando com a fatia maior por meio de recursos do Fundo Estadual de Habitação e Transportes (Fethab) e outras fontes.
FITA – Em 29 de novembro de 2003, na comunidade União, distante 25 quilômetros de Lucas, Blairo, senador Jonas Pinheiro, deputados, Pivetta, Tirloni, Pagot e outras autoridades receberam o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, para o corte simbólico da fita da pavimentação da MT-449 que recebeu o nome de “Rodovia da Mudança”. A obra custou R$ 26 milhões – a metade paga pelo governo; o restante pelos produtores e prefeituras. O preço do quilômetro pavimentado foi de R$ 270.833.
À margem dessa rodovia, em Lucas, Mato Grosso ganhou um de seus maiores parques agroindustriais com destaque para o frigorífico da BRF Brasil Foods.
Pivetta
Pivetta é ousado administrador. Vive o hoje, mas com os olhos no futuro. A linha do horizonte é o lugar mais baixo onde fita. Essa visão resultou na criação das Parcerias-Público Privadas Caipiras (PPP Caipira) entre produtores, prefeituras e governo estadual. Ao lançar o desafio para pavimentar a MT-449 Pivetta deu partida para as obras que tiraram cidades do isolamento e melhoraram o sistema de transporte de passageiros e cargas em Mato Grosso.
Otaviano Olavo Pivetta, 58 anos, natural de Caiçara no Rio Grande do Sul, é empresário e filiado ao PDT. Foi prefeito de Lucas do Rio Verde em três mandatos, deputado estadual e secretário de Estado. É pré-candidato ao governo.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS
1 – Dinalte Miranda
2 e 3 Eduardo Gomes
CORREÇÃO:
Em mensagem de WhatsApp, Pivetta informou que a obra do Aeroporto Bom Futuro foi executada pela prefeitura, em 2002, quando prefeito do município. Acrescentou que a mesma custou R$ 600 mil e que o nome foi por ele escolhido por acreditar no amanhã de Lucas do Rio Verde.
Ao escrever aquele texto levei em consideração uma conversa que tive com Eraí, em Nova Mutum, quando ele assegurou que seu grupo Bom Futuro bancou a obra do aeroporto, que em contrapartida recebeu o nome de Bom Futuro.
Correção é o reconhecimento de falha, ainda que involuntária.
Grato.
O Mato Grosso precisa de um homem competente por isso sou Pivetta
Chega de tanto gaúcho o que queremos é um cuiabano no governo dá-lhe maravilhoso dr. Pedro Taques