Dia de Combate à Hanseníase: data para Mato Grosso refletir
Data móvel celebrada no último domingo de janeiro, o Dia Mundial de Combate à Hanseníase merece reflexão especial em Mato Grosso, por seu preocupante índice da doença.
Desde o primeiro dia do mês, campanhas de conscientização e combate à doença estão sendo realizadas em todo o país. Essas campanhas fazem parte do “Janeiro Roxo”, mês de conscientização. Uma das principais ações realizadas pelos órgãos de saúde é levar conhecimento à população. A falta de informação sobre a doença dificulta o diagnóstico precoce e prejudica o tratamento adequado, levando o paciente à quadros que podem tornar-se irreversíveis.
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa que atinge os nervos periféricos e a pele, mas que também pode acometer outros órgãos. A doença, que afeta a humanidade há milhares de anos. No passado era conhecida como Lepra. Com o passar dos anos a sua incidência foi diminuindo, dado que não se trata de uma doença altamente contagiosa, mas ainda é caso de alerta no Brasil, já que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país está em segundo lugar com maior número de casos, sendo superado apenas pela Índia.
O maior índice da doença no Brasil está em Mato Grosso, onde em 2017 foram descobertos 105,2 casos a cada 100 mil habitantes com 3.477 registros de novos casos. No ano passado, esse número sofreu um aumento de 4.201 e atualmente, 5.942 pessoas estão em tratamento, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Durante grande parte da história os leprosos foram vítimas de estigma social, o que ainda continua sendo uma barreira para a procura de tratamento. De acordo com a estudante do 8º semestre de Psicologia da Universidade de Cuiabá, Alice Harras, os indivíduos diagnosticados com hanseníase podem ser afetados por acometimentos psicológicos por conta do preconceito e discriminação em relação a doença. “Muitas vezes é necessário um acompanhamento psicológico para o paciente, porque há casos de pacientes que sofrem com preconceito da sociedade e até da própria família, levando-os a desenvolver depressão, transtornos mentais e até ideação suicida”, alerta Alice, que participa de ações de combate a hanseníase.
Os sintomas da hanseníase são manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (calor ou frio), tátil e à dor. Essas manchas podem estar principalmente nas extremidades das mãos, pés, face, orelhas, tronco, nádegas ou pernas; áreas com diminuição dos pelos e do suor; dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; inchaço de mãos e pés; diminuição ou sensibilidade da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos; úlceras de pernas e pés; caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; febre, edemas e dor nas juntas; entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz; ressecamento nos olhos.
O técnico do Programa Municipal de Combate à Hanseníase de Cuiabá, Cícero Fraga, esclarece que quando não diagnosticada, a doença pode causar alterações corporais e incapacidades permanentes, repercutindo na autoestima e identidade do portador, uma vez que, em estágio avançado a enfermidade pode causar deformidades no corpo.
Em Cuiabá, as unidades básicas de saúde estão realizando avaliações de contato para pacientes que já diagnosticaram a doença. Essa avaliação é realizada em pessoas que possuem contato próximo com o paciente visando o diagnóstico precoce ou a descoberta do transmissor. “Quando uma pessoa é diagnosticada com hanseníase, é preciso que a família também seja avaliada, que é o que chamamos de avaliação de contato. Para ser infectado, é necessário um longo período de exposição à bactéria, por isso a necessidade de se investigar a fonte transmissora da doença, para que ela também seja tratada e não volte a transmiti-la”, explica Cícero.
A transmissão da doença se dá pelas secreções que saem na respiração e por gotículas de saliva. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma luta com o sistema de defesa do corpo humano e pode ficar escondida no organismo de dois a sete anos. Quanto mais rápido o paciente iniciar o tratamento adequado, mais rapidamente a doença deixa de ser transmissível e menor são as chances de surgirem incapacidades físicas. O tratamento é feito com o uso de antibióticos bastante eficazes contra a hanseníase, que pode ser curada sem que o paciente precise alterar a sua rotina.
A hanseníase tem cura e o tratamento é realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com duração entre 6 e 12 meses, conforme diagnóstico e avaliação clínica. Os diagnósticos podem ser feitos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e postos de saúde. O tratamento é realizado pelas policlínicas e hospitais, como o Metropolitano, em Várzea Grande, e o Hospital Geral, em Cuiabá.
FOTOS:
1 – Ministério da Saúde
2 – Youtube
3 – Divulgação
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