CUIABÁ – Cemitérios recebem 100 mil visitas na data de Finados
Finados não é uma data qualquer.
Celebrada em 2 de novembro, é feriado nacional e o dia em que católicos, umbandistas e fiéis de outros credos dedicam aos seus mortos.
A data é marcada por visita a cemitérios e celebração de ofícios religiosos. Em Cuiabá, nos últimos anos, em média, cerca de 100 mil pessoas vão aos túmulos e jazigos de parentes e amigos, nos cemitérios urbanos e na zona rural, no Dia de Finados. A prefeitura estima que esse número se repetirá nesta quinta-feira.
Na vizinha Várzea Grande, a movimentação gira em torno de 30 mil.
Nesta quinta-feira, pela manhã, foi intensa a movimentação no Cemitério da Piedade, na região central e onde foi sepultado o corpo do herói e ex-governador João Augusto Leverger, o Barão de Melgaço.
Do lado de dentro do muro de Piedade o silêncio cortado apenas por murmúrios de orações e esporadicamente por leitura de trechos bíblicos por evangelizadores para grupos de pessoas.
Velas acesas e flores estão em todos os cantos, ao lado e sobre os túmulos, e também ao pé de uma cruz. Visitantes fazem vaivém entre as alamedas estreitas e providencialmente limpas alguns dias antes, pela prefeitura, o que contrasta com a realidade daquele cemitério, sempre relegado ao abandono.
Do lado de fora de Piedade tripla atividade: comercial, filantrópica e espiritual e elas se completam e se respeitam, pois há espaço para todas no intenso movimento dos visitantes.
Em meio a elas, agentes de trânsito tentam ordenar a passagem dos veículos pelas ruas estreias que circundam o cemitério.
A primeira atividade fica por conta de ambulantes vendendo velas (maços de R$ 6 a R$ 20 reais dependendo do tamanho e características), salgados, doces, refrigerantes, água mineral, flores e frutas; também nessa área é intensa a movimentação de flanelinhas no quadrilátero ao lado do cemitério disputando palmo a palmo a guarda de veículos e motos dos visitantes (não há preço definido, mas é bom que seja no mínimo R$ 5 para evitar a cara feia do indivíduo que cuidou do carro).
A filantropia reúne jovens que atuam em casas de recuperação de usuários e ex-usuários de drogas. Essas figuras pedem ajuda financeira, oferecem tapetes e toalhas artesanais a preços baixos. Trazem sempre o sorriso aberto e não se esquecem de agradecer em nome de Deus.
A outra atividade é espiritual, no sentido evangelizador. Membros da Igreja Presbiteriano no bairro Areão, que participam do projeto “Farol”, distribuem um CD com mensagens bíblicas, oferecem um copo de água mineral e dizem “Jesus te ama”.
A consultora de negócios do Sebrae, Kênia Késia Carvalho integra o grupo evangélico de Farol. Ela explica que o Projeto faz pit stop em semáforos, daí seu nome, mas que em razão da intensa movimentação de Finados, um grupo foi para as proximidade de Piedade com o objetivo de massificar a distribuição de CDs. O copo d’água, segundo Kênia, “é um gesto de amor, que sempre é recebido com alegria no calor cuiabano”.
Despraiado
Um dos cemitérios mais antigos em Mato Grosso é o do bairro Despraiado, no bairro do mesmo nome e situado ao lado de uma zona de interesse ambiental (ZIA) vizinha ao córrego Ribeirão do Lipa.
Nessa quinta-feira pela manhã foi pouca a movimentação em Despraiado.
Sempre abandonado, sujo e sequer com calçada em seu entorno, Despraiado teve os muros caiados pela prefeitura, que também limpou sua área interna e disponibiliza banheiros químicos e uma tenda para os visitantes nessa data.
Do lado de fora de seu muro e ao lado dele, uma enorme árvore florida proporciona um espetáculo de rara beleza contrastando com o ambiente interno, sombrio, caracterizado por antigos e desgastados túmulos.
Nas imediações de Despraiado não há comércio ambulante nem a presença de integrantes de entidades filantrópicas e de igrejas.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes/foto também
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