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SANGUESSUGAS – Cidinho condenado na caso da Máfia das Ambulâncias da Planam

No cível, Cidinho dos Santos (PR) foi condenado a ressarcimento e a multa por sua participação no escândalo da Máfia das Ambulâncias, chamado de Sanguessugas e que se tornou público em 2006. O caso está praticamente no fim, com a impunidade reinante poupando dezenas de figuras da classe política mato-grossense que estiveram atoladas no maior e mais criminoso caso de desvio de dinheiro público – com rubrica para a saúde, em Mato Grosso.

O juiz da 8ª Vara Federal de Cuiabá, Raphael Casella, condenou Cidinho, e os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin ao ressarcimento solidário de R$ 94.618,08 e ao pagamento de uma multa de R$ 47.309,04 – metade do montante a ser devolvido, com ambos os valores corrigidos. Cidinho também perdeu os direitos políticos temporariamente. À época da negociata Sanguessugas os Vedoin eram donos da Planam Comércio e Representação (e de empresas que gravitavam em seu entorno); Cidinho era prefeito de Nova Marilândia. O município comprou uma ambulância superfaturada da Planam.

Os participantes do esquema Sanguessugas compravam ambulâncias e unidades médicas móveis montados pela Planam, em Cuiabá, e os pagavam com recursos de emendas federais. Todas as vendas eram superfaturadas e feitas longe do conhecimento público. Essa prática se estendeu pra quase todo o Brasil, no começo dos anos 2000.

Encarroçamento de ambulâncias era – continua sendo – atividade empresarial estranha para Cuiabá, mas a Planam conseguia a proeza de fazê-lo em escala, num galpão discreto, no Coxipó da Ponte. A negociata envolvia integrantes da bancada federal, que destinavam as emendas para as compras; as prefeituras; e a associação dos prefeitos (AMM), que funcionava como balcão de negócios. No começo das investigações o Ministério Público Federal (MPF) disse que todos os participantes levavam vantagens ilícitas.

Além dos Vedoin, donos da Planam, segundo o MPF havia três cabeças: os então deputados Ricarte de Freitas e Lino Rossi, e Cidinho, que além de prefeito presidia a AMM. Um dos poucos presos na operação da Polícia Federal que desbaratou o esquema foi Wagner dos Santos, irmão de Cidinho.

A mutreta das ambulâncias tinha um código de silêncio ao estilo omertà. Nenhum município noticiava o recebimento da emenda parlamentar e a compra de ambulância E olha que prefeito não perde uma oportunidade assim pra mostrar que trabalha pelo município. O silêncio era regra para todos; De boca calada ficaram os prefeitos Celso Banazeski (Colíder), Israel Antunes (Denise), Marco Aurélio Fullin (Bom Jesus do Araguaia), Nilson Leitão (Sinop), Adriano Pivetta (Nova Mutum), Lutero Siqueira (Guarantã do Norte), Luiz Cândido de Oliveira (Terra Nova do Norte), Geovane Marchetto (Marcelândia), Olídio Bortolas (Santa Carmem), Antonio Debastiani (Feliz Natal), Ezequiel Fonseca (Reserva Cabaçal), Jesur Cassol ( Campo Novo dos Parecis) José Miguel (Rio Branco), Roberto Barbosa ( Gloria D’ Oeste),  Lourival Carrasco (Mirassol D’Oeste), Denir Perin (Querência), Valdizete Nogueira (Jaciara),  Marcelo Alonso (Nova Maringá), Israel dos Santos (Planalto da Serra), Nelson de Moraes (Pedra Preta), Francelino da Silva Filho (Guiratinga) Onéscimo Prati (Campo Verde) e Antonio da Paixão (São José do Povo), Paulo Rogério Riva (Tabaporã),  Otaviano Pivetta (Lucas do Rio Verde), Hélio do Carmo (São José do Xingu), Romoaldo Júnior (Alta Floresta), Priminho Riva (Juara), Isolete Corrêa Rodrigues (Brasnorte), Airton Português (Araputanga), José Domingos Fraga (Sorriso) etc. Alguns foram indiciados – inclusive à revelia -, outros morreram e alguns foram beneficiados com a volatilização do fato. Uma coisa há em comum entre eles: todos juram inocência. Um fato curioso é que o então prefeito de São José do Povo, Antonino Cândido da Paixão é padre da igreja católica.

CIDINHO – Depois de ser prefeito e presidir a AMM Cidinho foi secretário de Estado no governo de Blairo Maggi. Em 2010 elegeu-se primeiro suplente de senador na chapa de Blairo e cumpriu parte do mandato, pois o titular foi nomeado ministro da Agricultura pelo presidente Michel Temer.

A sentença que condena Cidinho é de 5 de abril, mas somente foi publicada nesta segunda-feira, 6. Cabe recurso.

SERYS – Somente dois senadores tiveram seus nomes envolvidos com  Sanguessugas. Serys Slhessarenko (PT) e Ney Suassuna (PMDB/PB). Ambos foram julgados e absolvidos por seus pares.

WILSON SANTOS – A Controladoria-Geral da União acusou o então deputado federal Wilson Santos de participação em Sanguessugas. Agora Wilson é deputado estadual tucano. Numa nota distribuída em 17 de dezembro de 2018 rebatendo informação de blogdoeduardogomes o parlamentar disse que, “Sobre o caso conhecido como Máfia das Sanguessugas, eu fui absolvido pela Justiça Federal de Mato Grosso pela juíza Vanessa Perenha”.

BATINA – Um fato curioso é que o então prefeito de São José do Povo, Antonino Cândido da Paixão é padre da igreja católica.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Geraldo Tavares

2 – Agência Senado

 

 

 

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