SOS Jarudore – Salvemos 1.650 brasileiros

Jarudore tem que reagir. Não pode mais ficar apenas esperando que sua defesa parta da mídia, nem que a classe política abrace sua causa com fervor. Aquela comunidade tem que continuar acreditando que mais dia menos dia o jornalismo revelará ao mundo sua realidade e que políticos realmente vistam sua camisa Porém, independentemente dessa crença, sua gente tem que empunhar bandeira 24 horas numa luta sem trégua nas mídias sociais para que em Mato Grosso não se repita a demolição de mais uma comunidade a exemplo do que aconteceu em 2012 na vila de Estrela do Araguaia, que também era chamada de Posto da Mata – seus escombros foram entregues aos índios xavantes.
Forças internacionais interferem duramente no Brasil tentando solapar a unidade nacional, criando lutas entre classes. Partidos de esquerda, a ala progressista da igreja católica, a maior parte da mídia, o cerne do movimento sindical e as garras de poderosas organizações não governamentais formam um bloco que tenta por todos os meios desqualificar o país enquanto estado socialmente organizado. Conscientemente ou não, Funai, Ministério Público e Ibama fazem o jogo dessa engrenagem a serviço – dentre outras – da internacionalização da Amazônia e do Pantanal.
O calendário avança e o prazo concedido pela Justiça Federal, para o começo fatiado da desintrusão de Jarudore é implacável. Em 28 de junho o juiz Victor de Carvalho Saboya Albuquerque, da 1ª Vara Federal em Rondonópolis, concedeu 45 e 90 dias pra que os primeiros moradores deixem suas casas. Isso acontece diante do silêncio quase coletivo da Imprensa mato-grossense e de pouca reação pública da classe política. Diante dessa realidade e mesmo sem deixar de acreditar que jornalistas e políticos poderão abraçar essa causa, o cidadão de Jarudore tem o dever de assumir a condição de guerreiro virtual, inundando as redes sociais em defesa de sua família, seus amigos e sua terra.
A Imprensa está desregulamenta e cada dia perde mais e mais espaço para as redes sociais. Jornal não tem mais o peso editorial do ontem, Os sites mato-grossenses, aos montões, disputam acessos do mesmo público regional. Isso cria um vácuo de comunicação que precisa e pode ser ocupado por Jarudore e os moradores em outras localidades que defendem sua causa.
Mato Grosso é uma esquina do Brasil. Jarudore, também. Diante dessa constatação é imprescindível que os defensores da causa mobilizem parentes, amigos e conhecidos que vivem em seus lugares de origem. Que o distrito de Poxoréu ameaçado de demolição se transforme em destaque nas redes sociais em Londrina, Juiz de Fora, Feira de Santana, Santo Ângelo, Criciúma, Anápolis, Uberaba, Guarapuava, Sertãozinho, Crato, Patos, Estância, Serra Talhada, Ituiutaba, Linhares, Picos, Duque de Caxias, Dourados, Marabá, Colatina, Jataí, Imperatriz, Dom Pedrito, Coxim, Presidente Prudente e por esse país afora.
Façam uma grande cruzada esclarecedora sobre Jarudores e intimem os seus que vivem fora de Mato Grosso e também nas cidades mato-grossenses pra que a viralizem. Mostrem a eles que aquela vila e seu entorno nunca foram aldeamentos bororo.
O que acontece?
O Estado Brasileiro quer transformar uma área de 4.706 hectates no distrito de Jarudore em terra indígena dos bororos. Para tanto, fecha o cerco para expulsar de suas casas e propriedades rurais 1.650 brasileiros que formam uma comunidade tradicional com gerações ali nascidas.
Por que?
Não há sentido essa proposta. Senão vejamos pelo aspecto histórico:
1926 – O Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon constrói uma estação telegráfica à margem do rio Vermelho.
1945 – Mato Grosso cria a vila de Jarudore ao lado da estação telegráfica. Naquele mesmo ano, atendendo pedido do Marechal Rondon, o Estado destina aos bororos uma área de 4.791,33 hectares (corrigida para 4.706 hectares) desmembrada de outra, do Estado, pelo Decreto 664, de 18 de agosto, baixado pelo interventor federal Júlio Müller.
Rondon era estrategista e defendia os índios. Ao pedir a terra para eles, queria assegurar que os mesmos tivessem um ponto de apoio – ao lado do telégrafo – para sua viagens embarcadas pelo rio Vermelho (que eles chamam de Poguba) entre as suas reservas nas chamadas terras altas e suas aldeias no Pantanal.
1947 – Em 26 de junho, o governador Arnaldo Estevão de Figueiredo cria a Escola Estadual Franklin Cassiano da Silva, em Jarudore, como parte da política de instalação de escolas em pontos estratégicos na região de Rondonópolis, para assegurar educação aos filhos dos colonos pioneiros que ocupavam o vazio demográfico nas calhas dos rios São Lourenço e Vermelho. Essa escola é uma das referências do lugar.
1958 – Em 20 de agosto O Cartório do Registro de Imóveis da Comarca de Poxoréu averba a matrícula 3.547 da área de Jarudore para a Funai.
Em 25 de dezembro o governador João Ponce de Arruda sanciona a Lei 1.191 criando o Distrito de Paz de Jarudore no município de Poxoréu, com base num projeto de lei do deputado Mário Spinelli (PSP) aprovado pela Assembleia Legislativa.
1973 – Somente o capitão bororo Henrique, a mulher dele, dona Ana, e a filha do casal e professora no distrito, Maria, residem em Jarudore. Os demais de sua etnia abandonaram Jarudore e mudaram para a reserva Sangradouro/Volta Grande. “Capitão” era designação de cacique.
1978 – Bororos levam o capitão Henrique e seus familiares para a reserva Sangradouro/Volta Grande. Com a saída família, a área onde viviam é ocupada pelo capitão José Luiz Quearuvare – também grafado Kiaruvare. Naquele ano o capitão José Luiz deixa Jarudore.
2006 – Em 22 de junho a cacique Maria Aparecida Tore Ekureudo, da reserva Sangradouro/Volta Grande chega a Jarudore à frente de um grupo de 32 bororos, ocupa um sítio distante 7 quilômetros da área urbana e cujo posseiro é estranho aos moradores, e fixa o cartaz: “Área Indígena Aldeia Nova Bororos”.
No dia 25 de junho o procurador da República em Mato Grosso, Mário Lúcio Avelar, e o procurador Federal Cezar Augusto Lima Nascimento, representando a Funai, ingressam com uma Ação Civil Pública com pedido de liminar de antecipação de tutela específica, ao juiz da 3ª Vara da Justiça Federal em Cuiabá, César Augusto Bearsi, pela reintegração da área de Jarudore aos bororos. Até então os bororos não habitavam aquela área. Posteriormente, com a criação da Justiça Federal em Rondonópolis, a ação passou a tramitar na 1ª Vara daquela cidade.
Quem descobriu o sítio desocupado temporariamente que em seguida seria ocupado pelos bororos foi João Osmar Lopes, o Gaúcho, genro da cacique Maria Aparecida. Gaúcho trabalhava numa linha de leite e conhecia bem a região.
Desde a chegada dos bororos Jarudore passou a enfrentar problemas de diversas naturezas.
Solução
Jarudore é antropizada e ocupada mansa e pacificamente há 74 anos. Uma composição que seria satisfatória para todos seria o Estado adquirir uma área igual ou maior ao distrito, e anexa a uma das reservas dos bororos, e lhes dar em compensação por aquela onde efetivamente nunca foram aldeados. Para que isso aconteça seria necessário uma ampla costura política e amparo da União em seu sentido mais amplo.
Síntese
Jarudore precisa despertar o Brasil para o problema que enfrenta. O melhor caminho para tanto está nas redes sociais.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
FOTO: blogdoeduardogomes
Parabéns senhor Eduardo por mostrar o que realmente é Jarudore e peço a Deus que ilumine o senhor sempre.
Júlia Lima – Rondonópolis – via Facebook