237 ANOS DE POCONÉ – A importante cidade do Alto Pantanal
Mato Grosso nasceu do garimpo, da busca desenfreada do ouro. Com Poconé não foi diferente. A cidade que completa 237 anos foi fundada em 21 de janeiro de 1781 pelo quarto governador-geral de Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. A ata de sua criação, com o primitivo nome de Arraial de São Pedro d’El Rey, foi lavrada por Antônio José Pinto de Figueiredo.
A mudança de nome aconteceu naturalmente. Antes do arraial surgido em 1777, o vilarejo garimpeiro era chamado de Beripoconé em alusão a índios da região. Aquela denominação foi descartada porque teria significado nada cristão para os padrões da época, mas pra não perder a identidade por completo surgiu Poconé.
Situada no Alto Pantanal, distante 100 quilômetros de Cuiabá por rodovia pavimentada, Poconé é uma das cidades históricas de Mato Grosso. A área do município é de 17.260,86 km² com 98% desse território no Pantanal Mato-grossense.
A população é de 32.241 habitantes. Seu Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 270.747.000 e a renda per capita de R$ 8.529,94. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,652 numa escala de zero a um; esse desemepnho o deixa em 118º lugar entre os 141 municípios mato-grossenses.
O município de Poconé faz limites com Cáceres, Nossa Senhora do Livramento e Barão de Melgaço; divisa com Mato Grosso do Sul; e fronteira com a Bolívia no Baixo Pantanal
A economia de Poconé sempre teve na pecuária seu principal pilar, embora o ouro – que motivou sua criação -, em algumas épocas, ganhasse destaque. No Pantanal Mato-grossense, grandes fazendas se dedicam à criação de gado bovino e o município tem um dos principais rebanhos de Mato Grosso, com 509.801 cabeças. Na imensidão da planície que se alaga, o homem pantaneiro se integra ao meio ambiente e na prática do dia a dia torna-se seu defensor contra ameaças externas.
Poconé é a sede da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP), a primeira raça equina brasileira oficialmente reconhecida como tal.
Vultos poconeanos
Em Poconé nasceu o engenheiro de Minas, Manoel Esperidião da Costa Marques, que enquanto deputado federal pelo Partido Conservador defendeu na Câmara o fim da escravidão, e colaborou com a princesa Isabel na redação da Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil. Costa Marques segundo, as más línguas palacianas da época, viveria um tórrido caso de amor secreto com Isabel.
Influente no Império, Costa Marques sonhava com a construção de uma ferrovia ligando Cuiabá ao oceano Atlântico. Inspirada nele, a professora, escritora e jornalista Maria Dimpina Lobo Duarte escreveu inflamados artigos em Cuiabá defendendo a chegada do trem no centro do continente. Mais tarde o deputado federal Vicente Vuolo apresentou projeto de lei pela obra, que se concretizou parcialmente no trecho entre Santos e Rondonópolis, graças ao arrojo empresarial de Olacyr de Moraes.
Costa Marques empresta seu nome ao município de Costa Marques, em Rondônia, e a Porto Esperidião, onde foi acometido da malária que lhe ceifou a vida.
Também, naquela cidade, nasceu o juiz de Direito em Cuiabá, poeta e escritor que chegou à vice-presidência da Academia Mato-grossense de Letras, Leopoldino Marques do Amaral, que foi assassinado e teve parte do corpo carbonizado no Paraguai, em 7 de setembro de 1999. A barbárie contra Leopoldino chocou Mato Grosso e suas razões e autoria ainda não foram suficientemente esclarecidas pelas autoridades.
O crime aconteceu no momento mais agudo das denúncias de venda de sentenças que o magistrado fazia contra praticamente todos os desembargadores do Tribunal de Justiça.
O poconeano José Vicente Dorilêo, o seo “Zelito”, tornou-se símbolo do pantaneiro que luta pela preservação do Pantanal. Fazendeiro, dirigente sindicalista, ecologista e com influência familiar e política, Zelito ocupava espaço na mídia nacional mostrando que o principal componente da região é o homem pantaneiro, sem o qual, o Pantanal Mato-grossense não tem razão de ser.
Zelito morreu em 13 de janeiro de 1999, aos 67 anos. Deixou um legado de luta e de exemplo em defesa do Pantanal. Seu trabalho teve reconhecimento oficial: a Assembleia Legislativa aprovou e o governador Dante de Oliveira sancionou um projeto transformado em lei de autoria do deputado Paulo Moura, que denominou a Rodovia MT-060, a Transpantaneira, no trecho de 142 km de Poconé a Porto Jofre, na divisa com Mato Grosso do Sul, de “Rodovia Transpantaneira Zelito Dorilêo”. No pátio frontal do Sindicato Rural de Poconé, do qual foi presidente, Zelito ganhou um busto esculpido pelo artista plástico Mando Nunes, de Rondonópolis, cujo pedestal tem a seguinte inscrição “Deus levou para a eternidade a alma de Zelito Dorilêo, mas nos deixou a obra e a lenda do Homem-mito que era mais do que exemplo a ser seguido em defesa do Pantanal e da pecuária”– Homenagem, reconhecimento e sincera gratidão de seus familiares, amigos e admiradores.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS: Arquivo blogdoeduardogomes
Comentários estão fechados.