Jangada seu nome é Juscimeira e São Pedro da Cipa
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
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Não chega a ser um dilema, porque a segunda opção sempre prevalecerá, mas o deslocamento de um rodovia da área urbana para as proximidades de uma cidade sempre é um transtorno. É isso que acontecerá em Jangada, onde a duplicação da BR-163/364 a retirará da zona urbana, como aconteceu em 2020, com a mesma rodovia, em Juscimeira e São Pedro da Cipa e ambas foram duramente prejudicadas.
Preocupada, a população de Jangada tenta evitar a retirada da rodovia. Em sua defesa dos 7.447 jangadenses, a Assembleia Legislativa a pedido do deputado Eduardo Botelho (União) realizou uma audiência pública na Câmara daquela cidade, na sexta-feira (14), para debater o assunto. O ato contou com a presença do senador Jayme Campos (União); dos deputados estaduais Júlio Campos (União), Dr. João (MDB) e outros; e de dirigentes da concessionária que explora a rodovia.

Para a população a mudança de curso da rodovia é um alívio, pela questão da segurança. Para o comércio é um pé no peito, pois parte da movimentação comercial é feita pelas pastelarias que fazem da cidade a melhor parada para o pastel quentinho da hora, em Mato Grosso.
Jangada não é caso único. Em dezembro de 2020 o Dnit concluiu o contorno de Juscimeira e São Pedro da Cipa, o que alterou o curso da rodovia, deixando as duas cidades fora de suas margens e livrando-as do trânsito de longa distância.
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Ambas sofreram revezes; São Pedro da Cipa tentou criar um núcleo comercial com boxes, para atender seu mercado de frutas, embutidos, quinquilharias, panelas, cadeiras, sofás e de lanchonetes e restaurantes, mas o mesmo não funcionou.

Em março de 2014, a Construtora Odebrecht, representada por seu braço na área, a Odebrecht TransPort, dona da Rota do Oeste, venceu a licitação para explorar por 30 anos a BR-163 em Mato Grosso, numa extensão de 850,9 quilômetros compreendidos entre a divisa com Mato Grosso do Sul, no município de Itiquira, e o trevo com a MT-220, em Sinop.
Poucos meses depois da Rota do Oeste assumir a concessão da 163/364, os 36 ambulantes que exploravam barracas à margem daquela rodovia no pátio do Instituto Federal de São Vicente, se reuniram com o senador Wellington Fagundes, então deputado federal e que tinha poder sobre o Dnit, em busca de amparo, para que todos recebessem barracas próxima àquele educandário, e que pudessem continuar trabalhando. Todos sabiam que seria construído um contorno para retirar o trânsito na área escolar. O pedido foi ouvido, o parlamentar assegurou que vestiria a camisa dos comerciantes, mas se fez por eles.

CIDADES – Em Mato Grosso a 163 em seu trecho concedido, agora não mais a Odebrecht, mas a empresa do governo de Mato Grosso Nova Rota do Oeste, que assumiu a concessão, a rodovia cruza das cidades de Rondonópolis, Juscimeira, São Pedro da Cipa, Jaciara, Cuiabá, Várzea Grande, Jangada, Rosário Oeste, Nobres, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop; a 163 foi retirada da área central Juscimeira e São Pedro da Cipa e o será de Jangada; a rodovia passa ao lado de Rosário Oeste e Nobres; e cruza das demais, porém, o projeto urbanístico de Sinop e das outras cidades é compatível com o trânsito de longa distância.
JACIARA – O único ponto sem duplicação da rodovia, no trecho entre a divisa de Mato Grosso do Sul e Cuiabá é a travessia urbana de Jaciara e sua adjacência. Porém o projeto para duplicá-la isolará aquela cidade, que mesmo sendo maior do que Juscimeira e São Pedro da Cipa, sofrerá impacto econômico.
POLÍTICAS – Jangada precisará de políticas públicas para superar o deslocamento da rodovia, o que não aconteceu com Juscimeira e São Pedro da Cipa. O governo estadual além de investir na qualidade de vida da população precisará criar um mecanismo de ampla desoneração tributária estadual, sob pena de condenar Jangada ao retrocesso.
Fotos: 1, 2 e 3 – Vanderson Ferraz/ALMT
4 – Dnit
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