VLT e o governador Chernobyl
Até o início da década de 1980, a cidade de Pripyat (Ucrânia), foi o lar de quase 50 mil pessoas. Tinha tudo o que uma comunidade precisava para ter uma vida confortável. Mas, no dia 26 de abril de 1986, de repente, se tornou inabitável. A usina nuclear de Chernobyl explodiu. Em menos de 48 horas, a cidade foi evacuada. E desde então, ninguém mora mais ali.
Muitos governantes não aprenderam com o desastre de Chernobyl, como o governador de Mato Grosso. A verdadeira tragédia do nosso tempo ainda está se desdobrando no mundo todo, quase imperceptível, dia após dia. Estou falando da destruição do meio ambiente. A forma como nós, humanos, vivemos na Terra agora está levando a biodiversidade a um declínio sem precedentes.
A natureza está enfraquecendo. Há evidências por toda a parte. Desmatamento, poluição nos rios e nas cidades, e a utilização intensa do automóvel e dos ônibus poluentes conspira contra qualquer iniciativa de racionalização de sistemas de transporte.
Em Mato Grosso, a falta de preocupação do governo do Estado com a questão ambiental é evidente. Isso ficou claro nas queimadas no Pantanal mato-grossense. Uma atrocidade que vem aumentando significativamente a cada ano. São aproximadamente 200 mil quilômetros quadrados de floresta densa, hidrografia complexa e bastante umidade. Um bioma rico em biodiversidade de fauna e flora, reconhecido mundialmente, sendo destruído por falta de uma política de desenvolvimento sustentável para aquela região.
O governador de Mato Grosso também fez vistas grossas com relação ao VLT, transporte ecologicamente correto. Com as cidades de Cuiabá e Várzea Grande já super povoadas, sem transporte limpo sobre trilhos, a contribuição do atual sistema de transporte de veículos movidos a combustível fóssil só faz aumentar a poluição do ar. Poluição essa que gera uma morte silenciosa nas pessoas. O ar sujo desses veículos movidos a petróleo causa doenças gravíssimas como, asma, bronquite, câncer de pulmão e cardiovasculares.
O governador de Mato Grosso demonstra não só a falta de compromisso com a preservação do meio ambiente, mas desconhecimento total da eficiência do sistema do Veículo Leve sobre Trilhos.
E quem está sofrendo, adoecendo e morrendo é a população que paga seus impostos e não recebe em troca serviços de qualidade.
O governador Chernobyl impõe uma política draconiana, dentro do seu perfil autoritário e inconsequente. Sentado de boca calada e de braços cruzados em seu gabinete com ar refrigerado, ele debocha dos cuiabanos e várzea-grandenses com a paralisação do VLT. Para ele, não é prioridade sanar os graves problemas dos municípios do Estado, só a aparência é suficiente. A maioria possui apenas 35% do esgoto tratado, péssima qualidade da água, córregos e rios poluídos, filas em hospitais, desemprego e miséria na periferia. A riqueza circula nas mãos de poucos.
O mais importante para o governador Chernobyl é a política do toma lá dá cá, satisfazendo a vida de alguns em detrimento da sociedade. Sua caneta pode comprar alguns políticos, mas não compra a dignidade do povo cuiabano.
Cada dia mais a sociedade melhora sua consciência política e um dia há de não eleger mais esse tipo de gente.
Vicente Vuolo é servidor do Senado, economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT
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