Tristeza! Fui Rondonópolis
De repente tivemos que mais uma vez deixarmos a cidade que nos acolheu. Nela nasceram praticamente todos os nossos filhos e netos. Nela vivemos momentos difíceis, porém os bons foram bem maiores, por isso e muito mais, a amamos muito a cidade.
Estivemos, fisicamente, separados da cidade por um bom tempo, mas como o amor impregna, a cidade impregnou em nosso ser e o nosso ser impregnou na cidade. No início deste ano resolvemos voltar a morar na cidade. Esperávamos que esta volta seria para sempre.
Engano! O destino é um grande conspirador. Problemas relacionadas a saúde novamente nos separaram. A nossa decisão de deixá-la foi doída e muito sofrida, mas teve de acontecer.
No último domingo após arrumarmos a mudança, tomamos o carro e partimos rumo a Cuiabá. Ah! Decisão sofrida e triste.
Particularmente, ao lado da minha fiel e leal companheira, tive a sensação de que aquela poderia ser o ultimo contato com minha cidade querida.
Em tom de despedida, Silenciosamente chorei, mas no meio do turbilhão, pressentí a necessidade e reencontrei forças para lutar pela saúde que aos poucos some e mina ças minhas energias. Resignadamente, proclamei: -Vou à luta – e segui.
Na colina do velho aeroporto estacionei o carro, desci e contemplei a cidade. Dei conta do quanto ela cresceu e do quanto eu cresci. Somos praticamente da mesma idade. Ela continua jovem, pujante e de grande futuro, enquanto considero-me idoso e alquebrado pelo tempo.
Ainda do alto da colina lembrei do rio Vermelho, que corta a cidade e pelo qual muito naveguei. Não resisti e lembrei dos amigos Olímpio Alvis e Tibiriçá grandes poetas, que em uma de suas canções eternizaram o hoje judiado, sofrido e resistente rio que sobrevive aos males do progresso. Disseram o poetas: “Rondonópolis, eu descobri sou teu irmão, também corre um Rio Vermelho, dentro do meu coração”.
Sem conter a emoção, após apertar a mão da minha Marize, que sempre esteve ao meu lado, busquei força na fé e dei partida no carro. Olhando pelo retrovisor assistí Rondonópolis ficar para trás, enquanto sentia a resiliência do rio Vermelho correndo em minhas veias.
Não resisti e num místico de alegria, saudade e tristeza falei, somente ao meu coração: Deus seja feita a vossa vontade. E em vez de um adeus, saiu de forma espontânea e entrecortada: “até breve minha querida Rondonópolis”. Contive as lágrimas, mas a emoção esteve comigo durante toda a viagem.
Fernando Almeida é professor universitário aposentado e engenheiro de pesca
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