PT é Welligton ao governo, mas nem tanto
Wellington, mas nem tanto. Assim está o PT no tocante a anunciada coligação que estaria sacramentada com o PR do senador e pré-candidato ao governo, Wellington Fagundes – isso, segundo Lúdio Cabral – da cúpula petista, que defende a candidatura partidária da professora Edna Sampaio, numa frente de esquerda, com o PCdoB e o PSOL.
No próximo dia 28, delegados do PT definirão o rumo do partido. Na reunião Lúdio defenderá a proposta da candidatura partidária. Argumentos para tanto não lhe faltam: em 2014 foi ele quem encabeçou a chapa coligada do PT com o PMDB e o PR ao governo tendo Teté Bezerra (à época PMDB, partido rebatizado para MDB) de vice e que foi batida em primeiro turno pelo governador Pedro Taques. Lúdio não fala em trauma em razão da coalizão da direita com a esquerda, mas reconhece que em parte ela descaracterizou seu partido. Num ato de mea culpa, defende “o reposicionamento do PT, com sua unidade interna”. No seu entendimento a eleição (com Edna) será importante para isso.
Lúdio não tem dúvida que o nome de Wellington seja defendido por alguns companheiros. Mesmo assim insiste na tese partidária. Segundo ele, o ideal seria lançar – lançamento de pré-candidatura já houve – a professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Edna Sampaio ao governo. “Edna é uma companheira valorosa, é mulher, cuiabana, negra, professora universitária, intelectual, milita nos movimentos sociais e recentemente recebeu 35% dos votos da comunidade acadêmica para a reitoria da Unemat”, argumenta.
Em suas entrevistas sobre eleição Wellington relaciona o PT entre seus aliados. O senador teria articulado esse apoio com o deputado federal Ságuas Moraes; o prefeito de Juína, Altir Peruzzo; e outras figuras petistas influentes. Porém, há resistência quanto a essa aliança, porque Wellington votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, decisão essa que é considerada heresia por muitos no partido, e dentre eles, a professora e pré-candidata ao Senado, Enelinda Scala, que se refere àquele parlamentar chamando-o de “golpista”.
NÓ – Não há clareza sobre o amanhã do PT em Mato Grosso. Uma parte do partido defende aliança com Wellington. Outra quer distância do mesmo, como é o caso de Lúdio, “há mais de uma década Mato Grosso é governado pelo mesmo conjunto de interesse. Nesse período o Estado registra crescimento econômico centralizado nas mãos de poucos do agronegócio e vemos a precarização da crise na saúde e outros setores essenciais”, justifica, deixando claro que considera o senador peça dessa engrenagem do poder.
Analistas avaliam que o amanhã do PT passa pelo desatamento de um nó político. Parte de seus membros quer aliança com Wellington e outro tanto pede um palanque petista reforçado pelo PCdoB e o PSB. O quê da questão na segunda opção é a falta de contrapartida desses dois partidos de esquerda. O primeiro está ao pé do altar esperando Wellington para fazer dobradinha majoritária com ele ao governo e a comunista Maria Lúcia Cavalli ao Senado; o segundo tem três pré-candidatos ao governo, e um deles, Leonel Reis, revela que sua legenda terá candidatos a todos os cargos proporcionais e majoritários, sem coligação.
Em resumo não será fácil o desatamento. Com Wellington parte dos petistas se sentirá abraçada ao inimigo ou golpista. Dependendo do desenrolar dos acontecimentos políticos, e prevalecendo o nome de Edna ao governo, o PT poderá se reencontrar com candidatura partidária, mas mesmo assim, quem sabe, sem seu tradicional aliado comunista, o PCdoB, o que manteria o nó parcialmente atado.
Eduardo Gomes/Diário de Cuiabá
FOTO: Vanessa Moreno no estúdio da TV Cuiabá canal 47, onde Lúdio participou do programa “Amplo, geral e irrestrito” (17 às 18 horas, de segunda a sexta-feira). no local Lúdio fez essa abordagem para o Diário de Cuiabá
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