Adilton e Blairo, Jayme, Mauro, Pivetta, Fávaro e outros caciques
Para os políticos, política também é arte de sobreviver. Nesse universo que nem mesmo seus atores conhecem bem, às vezes o inimigo é o companheiro ao passo que o adversário não chega a tanto. A briga de foices no escuro na esfera do Democratas por conta da vontade do deputado federal Adilton Sachetti (PRB) disputar o Senado no palanque que deverá ser estrelado pelos democratas Jayme Campos para senador e Mauro Mendes ao governo está apenas começando e nem Deus sabe como terminará.
Mato Grosso acompanha o arranca-rabo em que Adilton se meteu, mas nenhuma matéria para ter cunho de isenção e seriedade pode dar o caso como resolvido antes do minuto final para a realização de convenções. Porém, de uma coisa ninguém tenha dúvida, coligados ou não, Jayme, Mauro, Adilton e as figuras menores daquele grupo político formado por ex-apoiadores e participantes do governo Pedro Taques (PSDB), são inimigos fraternos.
Mauro é citado enquanto candidato ao governo, mas pode recuar para Otaviano Pivetta (PDT), por conta de sua recuperação judicial e por ações judiciais a que responde.
Jayme, como ele próprio costuma dizer, tem ‘candidatura pétrea ao Senado’. Adilton é um deputado federal estilo chuchu, mas que ganha importância eleitoral depois da declaração de seu companheiro de juventude, contemporâneo de faculdade, vizinho, compadre e amigo Blairo Maggi, senador campeão de votos em Mato Grosso e ministro da Agricultura de Temer.
Blairo quase vira Pilatos lavando as mãos sobre as eleições, mas não chegou a tanto porque assegurou que botaria as duas mãos no fogo (e discretamente no bolso certamente) por seu compadre Adilton – único candidato que segundo ele, terá seu apoio.
O caso Mauro/Pivetta é fácil de se resolver. São amigos e Pivetta tem espírito público, o que não permite o fechamento da porta do entendimento, se preciso for, para seu recuo – já que é o nome do PDT ao governo – para aplainar o caminho de Mauro. A recíproca não é tão cristalina assim, mas Mauro é suficientemente inteligente para entender que se sua saída for inevitável não há melhor escolha do que o parceiro Pivetta, ainda que Jayme não o engula.
A situação se complica quanto ao Senado. Duas vagas estão em disputa. Fora da esfera do Democratas ampliado pelo PDT e o PRB, o deputado federal tucano Nilson Leitão está em cena virando Mato Grosso ao avesso em busca de apoio (se disser que é votos a Justiça Eleitoral pedirá explicações). Leitão é nome forte, o que acende a luz amarela de Jayme quanto a Adilton. Será – creio que pensa assim o cacique Jayme – que seria bom negócio fortalecer Adilton e desse modo criar um terceiro nome capaz de chegar lá?
Jayme é o que se chama de macaco velho em política e não fortaleceria Adilton temendo ‘fogo amigo’. Assim, e para manter a pose de líder de um grupo eclético, creio que ele apostaria todas as fichas possíveis no ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) ao Senado. Prevalecendo essa hipótese Jayme poderia matar dois coelhos com uma só cajadada: primeiro – ficaria livre do compadre e afilhado de Blairo. Segundo – também poderia se livrar de Fávaro tendo somente Leitão com peso eleitoral para dividir com ele as duas cadeiras; Fávaro preside um partido nacionalmente dirigido por Gilberto Kassab, que está ‘assim ó’ com Alckmin, o que em outras palavras significa que a qualquer momento sua sigla poderá ser jogada no colo político de Pedro Taques (PSDB), que tentará a reeleição ao governo. Além do contratempo do casório Kassab/Alckmin, Fávaro tem contra ele o fato de a bancada estadual do seu partido ser fiel a Pedro, à exceção do deputado José Domingos, que sequer disputará novamente a reeleição. Da bancada do PSD, Gilmar Fabris, Pedro Satélite, Wagner Ramos e Nininho são devotos de
São Pedro por conta de seu xará governador. Com uma bancada assim e um líder nacional igual Kassab, tudo é possível, inclusive a implosão política de Fávaro, pra que Jayme e Leitão desembarquem juntos em Brasília.
Imagino que seja mais ou menos assim, mas longe desse cenário é preciso que se leve em conta a ex-reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli (PCdoB), que é nome respeitado e está em campo se preparando para disputar o Senado e não somente para ser mera coadjuvante do processo eleitoral.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS
1 – Arquivo Matusalém Teixeira
2 – Arquivo – JL Siqueira
3 – Arquivo
4 – Vanessa Moreno
5 – Arquivo Tchélo Figueiredo
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