Pensem nisso!
Heróis que aos poucos o tempo volatiliza neste país de memória coletiva curta, os 471 combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial que deixaram seu sangue nos campos de batalha na Itália não recebem o tratamento histórico que a grandeza de sua ação e a de seus companheiros que sob a bênção de Deus retornaram à Pátria, merecem. Tristemente construímos nas redes sociais um país imaginário recheado por pensadores virtuais. Pobre terra de José e Maria sem dentes e sem saúde; que vegetam em submoradias; que sonham com um pedaço de terra pra plantar colher e viver em paz; que são massa de manobra dos dominadores que se dividem em situação e oposição.
Recordar nossos heróis da FEB é sempre bom. Aquece a alma. Desperta a cidadania. Alivia o coração.
Recordá-los faz bem, até mesmo quando os tomamos por exemplo quantitivo, como neste texto. Na Itália perdemos 450 praças e 13 oficiais do Exército, e oito aviadores da Força Aérea Brasileira. Em combates, 471 corações brasileiros deixaram de pulsar para sempre. O Brasil, em sua quase totalidade se silencia sobre eles. Esse mesmo silêncio se vê agora, em Mato Grosso, neste sábado, 27 de junho, dia em que o número de mortos pelo coronavírus chegou a 533.
Nossos bravos heróis febeanos morreram em defesa da liberdade mundial. Nossos mato-grossenses tombaram sob o peso de uma pandemia cada vez mais agressiva. A morte dos militares é lastimável sob todos os aspectos, mas se insere no contexto da frieza da guerra – e sua insensatez. Sobre o vírus não resta alternativa senão a soma de isolamento e higiene.
Pra não mais se repetir a morte de brasileiro em campos de batalha, só nos resta a construção de uma nova ordem política e social universal, que é missão a ser compartilhada por todos os cidadãos de todos os povos, o que parece impossível pela essência humana.
Pandemia, em suma, foge ao controle, mas é plenamente possível minimizar sua tragédia sobre os humanos reduzindo mortes. Para isso, em Mato Grosso, é preciso que o governo construa hospitais, melhore a rede pública de saúde, invista em profissionais da área, crie o que podemos chamar de ambiente hospitalar positivo, o que nos falta, como nos mostra a dura realidade: em somente nove do 141 municípios há unidades de terapia intensiva reservadas pela rede pública para pacientes com coronavírus. São 238 para uma população com mais de 3.4 milhões de cidadãos.
Infelizmente não temos força pra impedir guerras, mas somos fortes o suficiente pra uma guinada de 180 graus na saúde pública. Isso é imprescindível, inadiável e sob todos os aspectos viável se assumirmos a cidadania da qual por comodismo, insensibilidade e incompreensão estão distanciados.
Cobremos. Mato Grosso precisa, merece e espera pela saúde pública que nos falta.
Pensem nisso!
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
FOTO: CPDOC
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