Na hora da demissão, posso dar feedback?
Sugerimos que não.
A demissão como o nome já diz significa: ACABOU, FIM, ou seja, não há mais o que investir, o que TENTAR, ou REATAR. É o momento do ADEUS. No Adeus entende-se que tudo que poderia ter sido feito foi feito, porém é preciso encerrar o ciclo, pois dentro do ciclo presente após várias tentativas, não há mais possibilidades. É por isso que existem as avaliações de experiência, de desempenho, os acompanhamentos diários e feedbacks, ou pelo menos, o processo deveria ser assim. Aquele líder que se sente ansioso ou incomodado e dá o feedback na hora da demissão, só se sente assim ou porque não cumpriu seu papel de tentar ajudar, orientar e resgatar de forma clara, focada e dedicada, ou no momento do desligamento sente culpa, sente incômodo, porque existe provavelmente no seu interior um humano que tem como valores o senso de justiça e ter que demitir sem ter feito o mínimo gera culpa mesmo.
É por isso que o processo e as oportunidades geradas através da cultura da Gestão do Conhecimento e Aprendizagem implantada nos negócios são tão ricas, pois é a verdadeira oportunidade de cumprirmos com a nossa missão de ajudar o próximo e a nós mesmos, pois quando ensinamos, aprendemos juntos, e o feedback é uma ferramenta muito forte e eficiente para isso.
Assim, no momento da demissão não é hora de dar feedback, e se estiver sentindo que ainda acredita, que não cumpriu com sua parte como líder, reveja a ação e reconsidere o desligamento. Se não tiver como, apenas seja objetivo e breve. Vou dar um exemplo da condução de uma demissão após o gestor ter acompanhado, supervisionado e realizado alguns feedbacks claros e específicos a Jonas:
_ “Jonas, estou lhe chamando aqui, pois hoje, estamos encerrando o seu contrato com a empresa. Temos alguns objetivos a alcançar e para conquista-los, às vezes, precisamos tomar algumas decisões que nem sempre são agradáveis no momento. Queremos agradecer sua contribuição até aqui. Vou acompanha-lo até sua sala, para que recolha seus pertences, e acompanha-lo até o RH”.
Perceba que no exemplo acima, o gestor é breve, fala de forma ampla e AGRADECE, isso é muito importante, porque aquele que passa sempre deixa um pouco de si e sua contribuição, e por menor que ela seja, pois as vezes este passa pouco tempo antes de ir, sempre devemos agradecer, pois muito raramente, alguém entrará em um projeto para fracassar, o que acontece é que em alguns momentos na vida de algumas pessoas é preciso ir até o limite para compreender e evoluir, e a demissão as vezes representa este limite. Se você líder cumpriu seu papel de acompanhar, orientar, ensinar, dar feedback e mesmo assim não ouve reação, então, no momento da demissão não é preciso resgatar tudo isso, porque isso já foi registrado e no momento da cisão do contrato este que está sendo desligado saberá o porquê. E esta é a melhor forma, a forma mais ética e respeitosa de encerrar um ciclo, com a dignidade de que contribuiu, e que a demissão é uma forma de lhe dar a última oportunidade de processamento, de evolução e transformação, por pior que seja essa experiência.
Assim, o que precisamos ter claro é que o feedback de melhoria está para antes do ato de demitir, como real tentativa de desenvolver e poder reter aquele profissional de forma satisfatória.
Se na sua cabeça você está mirabolando como você vai justificar esse desligamento, talvez você não tenha feito o seu maior papel como líder, que é de desenvolver, acompanhar, corrigir e reforçar comportamentos em prol da busca dos melhores resultados para ambos: empresa e colaborador.
Cynthia Lemos é psicóloga empresarial e coach
ARTE: Ilustrativa
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