Boa Midia

Dos céus para sempre no solo

O descanso do guerreiro

Para sempre no solo independentemente que o céu seja não de brigadeiro. Não voa mais! O bimotor que prestou grande serviço ao Nortão aterrissou para sempre em Alta Floresta, que tanto ajudou a crescer. Agora, o bom Douglas DC-3 em sua versão cargueiro C-47 de prefixo PT-KVA é patrimônio cultural sobre um pedestal para encher de beleza os olhos dos turistas e marejar o olhar de seus passageiros nos tempos da loucura do garimpo de ouro no Nortão.

Os gêmeos Wilson Clever Lima e William José Lima, seus donos e seus comandantes, que na proeza de seus pousos e decolagens em situações climáticas muitas vezes adversas em arremedos de improvisadas pistas ganharam o apelido de Irmãos Metralha, tiraram as mãos do manche e guardaram seus brevês. Nos anos 1980 cruzando os céus do município sobre o rio Teles Pires e suas matas o imponente C-47 carregou muito ouro, mas seu transporte mais precioso sempre foi o povo de Alta Floresta.

Os Irmãos Metralha doaram a famosa aeronave ao povo de Alta Floresta e agora ela atesta a magia do ciclo do ouro, quando praticamente não havia estradas na região e o transporte aéreo era o pulmão que bombeava ar ao coração econômico e social da cidade, nas famosas pistas de garimpo e por onde mais se possa imaginar.

O lendário avião dos Irmãos Metralha e sua Alta Floresta

William agora não mais vê do alto a cidade. Reconhecido por muitos, caminha pelas ruas entre os moradores do município, onde presidiu o sindicato rural; é um entre seus 5,48 habitantes por quilômetro quadrado. Seu irmão Wilson parou de voar na segunda-feira 28 de abril de 2014 quando em Araçatuba (SP) fechou os olhos para sempre, vítima das sequelas de um aneurisma. Naquela data o comandante Wilson Metralha decolou para o céu, de onde namora Alta Floresta – uma de suas grandes paixões. À noite, se transforma na mais brilhante estrela sobre a cidade que Ariosto da Riva colonizou com sua empresa Integração, Desenvolvimento e Colonização (Indeco), façanha essa que lhe rendeu o reconhecimento do jornalista, escritor e compositor David Nasser que o chamou de “O Último Bandeirante”.

 

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS: Marcos Cardial

PS – Texto extraído de parte do capítulo dedicado a Alta Floresta no livro Nortão BR-163: 46 anos depois publicado em dezembro de 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais

 

 

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