Boa Midia

Deusa das quadras

Ana Tiemi com a Amarelinha
Ana Tiemi com a Amarelinha

Dona Tila fazia das tripas coração para manter a casa limpa, mas a poeira vermelha não dava trégua naquele vilarejo num canto perdido do município de Diamantino, à beira da quase deserta Rodovia Cuiabá-Santarém, onde a malária era companhia constante, em meados dos anos 1980.

O lugar onde dona Tila vivia não tinha nenhuma estrutura, mas seus moradores sonhavam com o amanhã coletivo melhor. Uns cultivavam, outros abriam estabelecimentos comerciais, outros prestavam serviço. Cada um se virava como podia. O tempo passou e a vila cedeu lugar a uma linda cidade sede de um dos principais municípios agrícolas do Brasil, Nova Mutum.

O sonho coletivo em Mutum não tinha espaço para o esporte, principalmente para o vôlei, que exige quadra, treinamento diferenciado e até mesmo altura compatível com os atletas. No entanto, foi na área esportiva que a antiga vila conseguiu seu maior feito.

De sua seleção feminina de vôlei, Mutum mandou para o mundo a genialidade da levantadora Ana Tiemi, filha de dona Tila e orgulho da cidade.

Ana Tiemi Takagui é a cara de Nova Mutum. Nova, ousada, bonita, vencedora, respeitada e admirada. Sua mãe, Cleneci Onghero Takagui ou simplesmente dona Tila, é catarinense; o pai Toshio Takagui, é nissei paulistano. Em épocas diferentes trocaram seus estados de origem por Nobres, cidade no ponto equidistante de Cuiabá a Nova Mutum, e ali se casaram.

Ana Tiemi no Nantes
Ana Tiemi no Nantes

Em 1985, o casal Takagui deixou Nobres por Nova Mutum, onde nem a poeira nem a malária impediram que dona Tila e Toshio gerassem aquela que mais tarde seria a maior estrela do vôlei de Mato Grosso e uma das principais do Brasil. Quando a menina nasceu não havia maternidade em Nova Mutum e a saída foi um hospital na cidade onde os pais se conheceram e se casaram.

A poeira cedeu lugar ao asfalto. A cidade ganhou qualidade de vida e o casal Takagui criou seus filhos em paz. Ana Tiemi alcançou a idade escolar e foi matriculada na Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, onde conheceu e se apaixonou pelo vôlei.

A mãe de Ana Tiemi continua em Nova Mutum com parte da família. Desde 2005 o pai, Toshio, é um rosto a mais na multidão dos dekasseguis que fizeram o caminho inverso de seus ancestrais, e igual a eles, foi em busca do sonho da realização profissional que tanto pode estar de um como do outro lado do mundo.

Jogando pela Seleção de Vôlei de Nova Mutum, o talento de Ana Tiemi despertou o interesse do Colégio Afirmativo, em Cuiabá, que a levou para sua equipe. Daí, os passos seguintes foram em direção a uma certa camiseta amarela respeitada no mundo inteiro.

Pela Seleção Brasileira Infanto-Juvenil, na Venezuela, faturou duas importantes conquistas: o Sul-Americano e o título de melhor levantadora. Sua trajetória a levou à Seleção Juvenil e à medalha de ouro no Mundial da Turquia.

Incorrigível ganhadora de medalhas e títulos, Ana Tiemi botou na galeria de suas conquistas o Grand Prix, disputado no Japão, que deu ao Brasil seu octacampeonato nessa competição.

Nova Mutum. Cuiabá. Mato Grosso. Minas Tênis. Osasco/Nestlé. Brasil Turquia, França, Bauru, França novamente, Hungria, pelas quadras mundo aforaO planeta é pequeno para Ana Tiemi, a musa morena nipo-brasileira que é pedra angular na Seleção Brasileira de Vôlei.

Da Redação

FOTOS:

1 – CBV

2 – Nantes

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