O verdadeiro prejuízo, esse sim, irreparável seria a perda de milhares e quem sabe milhões de pessoas dos dois lados das modernas trincheiras. Mesmo desconsiderando-se o uso de bombas nucleares, os combates com armas convencionais seriam altamente letais, principalmente para Seul, a capital da Coreia do Sul, que se situa a 50 quilômetros das linhas de defesa da vizinha ao Norte, do outro lado do Paralelo 38. Em caso de ataques químicos e biológicos as consequências seriam ainda piores. Mais grave ainda é o arsenal nuclear com as duas partes mantendo o dedo no gatilho para disparar ao menor sinal de investida do inimigo ou podendo ocorrer falha humana ou do sistema de defesa, o que não mudaria o desfecho da carnificina.
Como se tudo isso não bastasse a China é uma incógnita e poderia entrar em cena defendendo a Coreia do Norte, sua vizinha, aliada e companheira de regime comunista. Um cenário assim poderia ganhar contornos apocalípticos.
Em caso de conflito na Península Coreana, o mercado exportador mato-grossense seria abalado. O Japão importou US$ 480,3 milhões (FOB) em commodities agrícolas no ano passado. No período a Coreia do Sul foi destino de produtos que resultaram na receita de US$ 358,9 milhões (FOB). Juntos compraram US$ 839,3 milhões (FOB), que representaram 6,66% das vendas de Mato Grosso, que no período alcançaram US$ 12,5 bilhões (FOB) e resultaram num superávit comercial de US$ 11,4 bilhões.
Num hipotético cenário de guerra com o envolvimento da China o estrago comercial seria muito grande. O país dos mandarins foi o principal destino das commodities agrícolas aqui produzidas em 2016, quando importou US$ 3,76 bilhões FOB ou 29,75% de todas as vendas internacionais do agronegócio de Mato Grosso. Juntos, China, Japão e Coreia do Sul compraram 35,91% dos produtos do agronegócio mato-grossense.
Além desse mercado, que é acanhado no sentido inverso da balança comercial, a China tem planos para investir em setores estratégicos em Mato Grosso, a exemplo da matriz de transporte ferroviário.
Em caso de guerra na Ásia, mesmo com Mato Grosso em paz e do outro lado do mundo, sua economia perderia importantes batalhas.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
Foto: EFE