As autoridades têm que se fazer respeitar! E daí decorre todo tipo de abusos e excentricidades. Uma delas não entrava no elevador do prédio em que trabalhava se não fosse somente exclusivo para ela. A outra exigia que as pessoas se levantassem quando ela entrava. Filho de autoridade é autoridade também. Os guardas de trânsito estão acostumados com a frase: sabe de quem eu sou filho? Sem falar nas autoridades inexpugnáveis que se fecham num círculo de assessores, para não receber partes e nem advogados, com se fossem uma entidade fora do alcance dos mortais. E outras que se escondem em pretensas filas processuais, negando-se a dar, a tempo, um simples despacho para minorar a vida do cidadão.
Nas paredes das repartições por este Brasil afora, está estampada a vaidade dos mandatários mor, através de fotografias emproadas a dizer: quem manda aqui sou eu! Não se esqueça de que enquanto eu estiver aqui, você me deve obediência!
Enfim, “otoridade” é “otoridade”. Com as exceções devidas, legitima-se, com empáfia e privilégios, que não deveriam ter e nem ostentar. E uma reverencia e preserva os privilégios da outra, pois – uns são iguais, mas há uns que são mais iguais que os outros – ( George Orwell) -. A confirmação desta assertiva está estampada no prédio, sede do Estacionamento do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, onde a discriminação com vagas marcadas é manifesta: 06 para Procuradores de Justiça; uma para o Procurador Geral do Estado e 04 para Procuradores do Estado; uma para o Defensor Público Geral; 01 para o Procurador do Município; 01 para Presidente da OAB/MT. Fora do prédio há um amontoado de carros que sobem pelos meios fios e calçadas atrapalhando o trânsito.
Ressalta-se que 90% das pretensas referidas autoridades vão raramente ao TJMT. Entretanto, as vagas estão e continuam lá, vazias, a zombar daqueles que estão sempre precisando de um local, para estacionar os seus carros, num prédio, onde o fluxo de pessoas é muito grande.
Isto é abuso? Eu creio que sim! Se tais vagas fossem rotativas e disponíveis, iriam minorar as agruras daqueles que ficam rodando à procura de uma vaga, notadamente, os advogados que mourejam “vestidos a caráter”, nas tardes de calor escaldante, pelas dependências do TJMT.
Fica a sugestão para que quem de direito tenha o bom senso de tomar alguma providência!
P.S – Em frente ao estacionamento referido tem uma imensa área desocupada. Que tal se fizesse nela um estacionamento, mesmo pago!
– O que fez a OAB/MT? Uma solução salomônica. Aconselha os advogados a deixarem os carros no estacionamento da OAB/MT e de lá se deslocarem, em uma van de meia em meia hora, para TJMT. Afinal, se tinha uma gambiarra, por que não utilizá-la, pois a Instituição deve ser rica para arcar com mais esta despesa! Preservaram-se desta forma os privilégios das “otoridades”!
Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT
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