Os deputados Gilmar Fabris, Pedro Satélite, Nininho e Wagner Ramos – são rotulados de Viúvas de Riva – disputarão a reeleição e querem o partido com Pedro. Fávaro, no entanto, virou uma espécie de manda-chuva no grupo de Mauro Mendes, a tal ponto, que até mesmo sua divergência política com Pivetta foi desqualificada pelas lideranças daquela aliança ainda não formalizada legalmente. Fávaro e Pivetta são de Lucas do Rio Verde, onde se enfrentaram nas eleição de 2016, quando Pivetta tentou a reeleição para prefeito e o então vice-governador lançou a candidatura de Flori Luiz Binotti e ganhou a disputa.
Fávaro nunca havia disputado eleição partidária até ser vice-governador de Pedro, em 2014. No apagar das luzes do mandato dos dois, Fávaro rompeu com Pedro e renunciou ao cargo arrastando consigo parte do PSD para o palanque de Mauro Mendes. Os quatro deputados, que são antigos ocupantes de cargos eletivos, integram a bancada de sustentação do governador na Assembeia e nunca deram sinais de abandoná-lo, a exemplo do que anteriormente fizeram com Silval Barbosa e os outros governadores que administraram paralelamente às suas legislaturas.
A guinada de Fávaro não pode ser considerada ato isolado, porque ele tem alguns filiados ao seu lado. Mas, o peso eleitoral do partido não o seguiu. Além de Fabris, Satélite, Nininho e Wagner Ramos, o PSD tem também o deputado estadual José Domingos Fraga, que não disputará a reeleição nem outro cargo.
Sem a bancada, eleitoralmente Fávaro chega de mãos quase abanando para apoiar Mauro Mendes, muito embora alguns prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do sigam, O esvaziamento da representação de Fávaro fica ainda mais claro quando se sabe que Neurilan Fraga, presidente das associação dos prefeitos (AMM) defende o senador republicano Wellington Fagundes ao governo.
Em 5 deste julho Neurilan renunciou ao Conselho de Ética do PSD, do qual era presidente e para o qual foi eleito em 2 de maio. Sua saída foi justificada numa curta frase, “para evitar atritos”. Segundo Neurilan, diante do apoio da maioria da bancada a Pedro ele teria que tomar medidas amargas para não permitir que deputados estaduais do partido não seguissem as diretrizes partidárias de não apoiar Pedro – como está definido na esfera regional da sigla.
Nessa quarta, 1º, Fávaro e os quatro deputados discutirão a questão. O desfecho desafia até bola de cristal, pois de uma lado está um pré-candidato ao Senado que acertou seu espaço com Mauro Mendes e até com o cacique, deputado federal e presidente regional do MDB, Carlos Bezerra – aliado do DEM. E de outro Fabris, Satélite, Wagner Ramos e Nininho que desde pequenininhos sempre foram Pedro.
Analistas avaliam que se não houver entendimento que contemple todos, sem deixar nenhuma aresta, Fávaro corre o risco de perder o controle do partido, que a pedido dos quatro poderia sofrer intervenção do diretório nacional liderado por Gilberto Kassab, que tem mantido fortes laços de relacionamento com Pedro.
Caso prevaleça a segunda hipótese o episódio seria apenas mais uma destituição regional de partido em Mato Grosso nos últimos meses. Antes aconteceu com Percival Muniz, ex-prefeito de Rondonópolis, que presidia o PPS e foi varrido do mapa cedendo lugar ao então secretário de Educação de Pedro, Marco Marrafon, agora pré-candidato a deputado federal, e com o PSB que foi retirado do controle do deputado federal Valternir Pereira e entregue na bandeja ao deputado estadual e à época chefe da Casa Civil de Pedro, Max Russi – candidato à reeleição.
Agosto não é somente o mês do cachorro louco: também é o mês em que o PSD entre quatro paredes, no escuro, travará uma briga de foices. Se os que se enfrentarão sairão ilesos e abraçados ou mutilados ou carregados, somente o tempo dirá.
DETALHE – Os cinco deputados estaduais do PSD estão envolvidos em escândalos. Ou respondem a ação, ou são investigados pela Polícia Federal e o Gaeco, ou são delatados enquanto mensaleiros etc.
Fabris foi preso em 15 de setembro do ano passado ao se apresentar na Polícia Federal, em Cuiabá. A ordem de prisão foi do ministro Luiz Fux, do STF, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que o acusa de obstrução de justiça. O deputado permaneceu preso 40 dias em Cuiabá. Fabris é um dos investigados pela Operação Malebolge, da Polícia Federal, em razão de uma delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, que o acusa de ter recebido mensalinho e propina. Também são investigados outros membros da Assembleia e cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Essa investigação é ampla. Inclui lavagem de dinheiro, recebimento de mensalinho e outros crimes. Os acusados negam.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Logomarca de divulgação do PSD
2 – Divulgação PSD
3 a 7 – Arquivo Assembleia Legislativa