Boa Midia

América para os americanos

A política externa dos EUA para o continente americano é pautada na doutrina Monroe que foi concebida no ano de 1823 e tem como postulado: “A América Para os Americanos” e visava dificultar e evitar a influência europeia.

Aliada a Doutrina Monroe encontra-se a doutrina do “destino manifesto” – “que expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos foi eleito por Deus para comandar o mundo, sendo o expansionismo geopolítico norte-americano apenas uma expressão desta vontade divina”. (Do livro O Espelho Enterrado de Carlos Fuentes, Edição Rocco – 2000, pag. 325. Os trechos transcritos abaixo são deste livro). Este é o nosso temível irmão do Norte que já teve entusiastas por aqui plasmada na seguinte frase: “para onde pende os EUA pende o Brasil” (Washington Luiz – 1926).

Com base nestes preceitos que os EUA passaram a cuidar dos seus interesses na América e, posteriormente, do mundo. É preciso ter cautela com a atual aproximação com os EUA que já esteve por trás de golpe de Estado aqui. E não foi certamente pelos nossos olhos azuis (que não os temos), mas para preservar os seus interesses.

Os EUA têm sido uma democracia por dentro e um império por fora…. Temos admirado a democracia, e temos deplorado o império….. A doutrina Monroe foi rechaçada pela América Latina como política unilateral e hipócrita. Ainda que nela se proibisse a presença européia em assuntos do hemisfério, a doutrina Monroe, sem dúvida não excluía a intervenção norte-americana em nossos assuntos”. (pag. 325). O México perdeu para os EUA metade do seu território, no ano de 1846 e sofreu a ocupação da província de Veracruz, em 1930.

“Mas em nenhum lugar o intervencionismo norte-americano foi tão feroz do que nas Antilhas. Porto Rico, liberado do domínio espanhol, se tornou e permaneceu colônia de fato dos EUA….”. Em todos os golpes militares do continente existe a presença norte-americana. A independência de Cuba, limitada pelo intervencionismo norte-americano e a invasão da Baia dos Porcos. “Ocupações militares do Haiti, República Dominicana e Honduras, levadas a cabo em nome da estabilidade da democracia, da lei e da ordem e da proteção das vidas e propriedades norte-americanas (particularmente as da United Fruit Company)”. pag. 325).

Entretanto, a maior e mais prolongada humilhação foi sofrida pela Nicarágua, ocupada em 1857 e repetida entre 1909 e 1933, “quando o líder nacionalista Cesar Augusto Sandino foi assassinado e o seu assassino, Anastácio Somoza, colocado no poder com apoio dos fuzileiros navais norte-americanos; reinou, com a família até ser derrubado pela revolução sandinista de 1979. Durante mais de quatro décadas, os Somoza obtiveram tudo que quiseram de Washington. Como o exprimiu o Presidente Franklin Roosevelt, “Somoza é um filho da puta, mas é nosso filho da puta” (pag.326).

Nas relações internacionais se têm interesses. E são eles que devem pautar as relações com outros países. Insistimos, é preciso ter cautela e resguardá-los, nesta recente aproximação do Brasil com os EUA. Ressaltando que política e relações internacionais não são para amadores, o que exclui o nepotismo, pois aquele País não brinca em serviço, principalmente nesta quadra de nacionalismo exacerbado.

Renato Gomes Nery – advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT

rgnery@terra.com.br

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