Boa Midia

A República Evangélica

O número de evangélicos no Brasil não pára de crescer, segundo o IBGE. Em dados de 2012 ele era 22,3% da população brasileira. Se comparado com 10 anos atrás (2002) este percentual era de 15%. E subirá muito mais até o ano de 2022 quando se realizarão as próximas eleição para Presidente da República e renovação do Congresso Nacional. A população evangélica chegará lá a 30% da população brasileira ou próximo deste percentual, o que corresponderá a sessenta milhões de pessoas. Estes dados são modestos, pois existem outras fontes de dados que superam em muito a avaliação acima.

​​A religião católica desde o descobrimento, quando se impôs o pecado e a culpa como forma de dominação da população, sempre deu o tom para o nosso destino, pois os nossos colonizadores eram extremante religiosos. Portugal era um braço desprendido da Espanha onde deu-se, na Idade Média, a Santa Inquisição.

​​A TFP – Tradição Família e Propriedade – de extrema direita – foi gestada e mantida pela Igreja Católica Brasileira. A Pastoral da Terra de extrema esquerda também é obra daquela Igreja. Leia-se Bispos. A fé evangélica do Brasil de hoje é um filha espúria e extemporânea da Reforma Protestante por que passou a fé cristã, no início do iluminismo. E veio para ficar, pois não lhe falta ambição e nem escrúpulos para isto, com base num rio de dinheiro que retira, à fóceps, da espoliada bacia das almas da sofrida população. É detentora de expressivos meios de comunicação de massa, comanda inúmeros municípios. Além de ter mais de um terço das cadeiras Congresso Nacional (196), não esconde as suas ambições.

​​Faltava-lhe um líder expressivo que agora foi encontrado com lema: Brasil acima de tudo. Deus acima de todos. E que para ocupar o espaço já se declarou candidato a reeleição. E por que não, com um líder evangélico como vice como se tem ventilado. Imbatível não lhes parece!

​​O respaldo religioso e ideológico já existe, não é! Só apossar do poder e instituir o dízimo à obrigação e a observância de toda população, pois o obscurantismo já foi implantado por poderosas redes de televisão. Enfim, escolas militares. Escolas sem partido. A obrigatoriedade de cantar o hino nacional. Ordem! Progresso! Continências! Ordem unida! Direita volver! Tudo e mais outras coisas que não me ocorrem agora, são nossas velhas conhecidas. Não esqueçam que daqui a pouco as mulheres não poderão usar biquínis que serão substituídos por burcas ou indumentária parecida. Enfim, em nome de Deus e da Ordem se fez e se faz de tudo neste mundo.

​​Com uma ajuda da economia – que parece recuperar o fôlego – estará montado o curioso enredo. Enfim, viabilizada a República Evangélica! Bem feito para a esquerda que se envolveu com o fisiologismo e a corrupção deixando a porta aberta e, ora vaga sem rumo e sem saber o que fazer.

O cenário acima me parece factível, neste País inculto, onde se explora descaradamente a fé e a boa-fé; se cultua líderes de estimação e se aspira sair do sufoco a qualquer custo. Quem viver verá!

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá e presidiu a OAB?MT

rgnery@terra.com.br

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