Boa Midia

A política e o sistema

Tomo a liberdade de dividir com vocês a experiência vivida nesses últimos dias, entre o período da minha pré-candidatura ao Senado e a opção pela desistência, quando pude constatar o verdadeiro sentido da palavra ‘sistema’.

Sem fulanizar, sem apontar o dedo para qualquer pessoa ou partido, foi decepcionante ver que apesar de estarmos vivendo em um momento em que se espera profundas mudanças, essa ainda é tímida, quando ainda se encontra enraizado no sistema político a “arte” de lutar por interesses individuais em detrimento aos da sociedade.

Exatamente isso, por mais que possamos sonhar com uma nova realidade, ainda se empenha a procuração dada através das urnas para cuidar do interesse individuais.

Em todas as reuniões que participei, e foram quase uma centena, nunca me perguntaram sobre as minhas bandeiras, meus projetos ou minhas convicções. A tônica sempre foi: tempo de rádio e TV, loteamento de cargos, estrutura política. Cada um preocupado exclusivamente com o seu espaço, querendo individualmente “acertar seu lado”, enquanto projetos e ideologias ficaram para vigésimo plano.

Internamente, as coisas caminhavam assim, e por algumas vezes, quando tive a oportunidade de dialogar sobre minhas pretensas ações, como geração de emprego e renda, reforma tributária, previdenciária e política, esses momentos aconteceram em encontros com grupos e setores, que acreditam que essa é a pauta primeira de um candidato. Contudo, ao retornar para as ‘negociações partidárias’, o confronto com a realidade do sistema retrógrado que ainda vivemos, me decepcionava.

Seja nas esferas estaduais, nacionais (e certamente municipais), arrisco dizer que: essa continua sendo a lógica das discussões políticas. Assim, neste contexto, se apresentou essa ‘entidade transcendental’ que se chama sistema e, que nunca me permitirei seduzir, por mais inteligente, poderoso e tentador que seja.

Tive ainda mais clareza dessa minha constatação quando sob meus olhos vi Pedro Taques se aliar com Riva (leia-se Rui Prado) e inacreditavelmente no mesmo palanque, a juíza Selma Arruda. Todos de mãos dadas, num ‘projeto’ só, rezando a cartilha desse sistema onde o individual se sobrepõe ao coletivo.

E enquanto a maioria abraça os convites individuais, a política pública, o projeto nacional e os direitos da população ficam dentro da gaveta acumulando poeira, até que venha a próxima eleição e eles sejam oportuna e ardilosamente lembrados. Enfim, para àqueles que sonham com outra realidade e são fiéis às suas convicções, é impossível varrer tudo para debaixo do tapete e enredar-se nas teias arrebatadoras do sistema. Prefiro continuar acreditando numa outra forma de fazer política.

 

Margareth Buzetti é empresária, presidente da AEDIC – Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá e diretora de mercado da ABR – Associação Brasileira de Reforma de Pneus

 

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