A malandragem escancarada
Recebi, recentemente pelo aplicativo de WhatsApp, uma nota creditada à empresária de nome Margareth Buzetti. Na nota, ela dizia que com muita honra participou do lançamento oficial da candidatura de seu amigo Mauro Mendes ao governo do estado e também dizendo que não seria candidata ao Senado e nem a nenhuma suplência.
Pasmem senhores e senhoras, eu nem sabia da existência dessa senhora e muito menos que ela pleiteava um cargo ao Senado. Na nota, ela disse que seu partido, o PP – Partido Progressista, teria optado por se unir ao PT e ao PC do B, mas que se tem uma coisa que ela preza muito é a sua coerência, suas ideias e no que ela acredita. Insinuando que o Programa Bolsa Família não traz dignidade às pessoas. Não dei muita importância por ser uma nota a qual não tinha meios de verificar a autenticidade. Porém hoje, vi um artigo desta senhora e pude constatar que a nota recebida pelo WhatsApp é de sua autoria. O que me deixou mais indignada, pois temos poucas mulheres na seara político-partidária com amplo acesso à mídia e é inacreditável, em pleno século XXI, uma mulher com idade avançada e que se diz empresária, vir a público com um pensamento tão preconceituoso e retrógrado.
Até meados do século passado, boa parte da mulheres eram alienadas, seja por força da cultura machista ou por sua criação, mas nos dias de hoje, com todos os direitos e espaços conquistados pelas mulheres, a única coisa que justifica esse pensamento cretino e ultrapassado é pura e simplesmente a malandragem de quem só olha para o seu próprio umbigo. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento e decência, sabe que o Programa Bolsa Família – um programa de transferência de renda reconhecido mundialmente – tirou quarenta milhões de pessoas da miséria, abaixo da linha da pobreza. Que dignidade tinham essas pessoas que não tinham o que comer?
Até o senhor Henrique Meirelles, que é tido como conservador e de direita, reconhece que o Bolsa Família é um dos mais importantes instrumentos de distribuição de renda, de desenvolvimento e de fomento para a economia.
Essa senhora, filiada ao PP – Partido Progressista, tem como presidente nacional o senador Ciro Nogueira que participou e foi base de apoio de todo o governo Lula/Dilma, ocupando diversos ministérios e autarquias, juntamente com o PC do B e outros partidos do campo popular.
Se não bastasse todo o desatino e incoerência ao escrever a nota, em seu artigo essa senhora sai ainda mais da casinha e demonstra seu verdadeiro caráter. A serviço de seu amigo candidato Mauro Mendes, ela escreve dizendo que está indignada com as negociatas dos partidos e que teve mais clareza dessas práticas não republicanas “quando sob seus olhos viu Pedro Taques se aliar ao Riva, leia-se Rui Prado, e inacreditavelmente, no mesmo palanque a juíza Selma Arruda”.
É óbvio que essa senhora não significa nada na ordem do dia, entretanto poderia disfarçar um pouco. Antes de se indignar com o palanque formado pelo governador Pedro Taques, ela deveria questionar o palanque formado pelo seu amigo Mauro Mendes. Este sim, é duro de engolir, pois é composto pelo que há de mais retrógrado e incoerente da política de Mato Grosso. Além de notórios apoiadores e adoradores de Pedro Taques, como o ex-vice governador Carlos Fávaro, está lá também a essência do governo de Silval Barbosa.
Como eu já disse, essa senhora, Margareth Buzetti, não significa nada na ordem do dia, porém ela representa uma mentalidade racista e extremamente preconceituosa, de uma parcela de pseudos empresários, que se enriqueceram cometendo as mais diversas fraudes, crimes contra o sistema financeiro – como sonegação- e mamando nas tetas do estado através dos incentivos fiscais. É claro que ela não poderia deixar de apoiar o candidato Mauro Mendes, pois ele representa esse segmento, que vem causando um fosso de desigualdade em nosso estado e muito sofrimento e dor para aqueles mais necessitados.
Se antes alguém tinha alguma dúvida, agora não temos mais. Ficou claro e transparente, que este grupo capitaneado pelo empresário falido Mauro Mendes, defende uma política excludente, elitista, racista e preconceituosa em relação aos mais humildes. Também fica claro e transparente que este grupo só tem um objetivo, que é enriquecer às custas do dinheiro público, promovendo ainda mais sofrimento aos menos favorecidos. Não é à toa que, diariamente, o candidato Mauro Mendes está na imprensa fazendo um festival de baixaria, por meio de acusações e ofensas, sem apresentar nenhuma proposta factível e de interesse da sociedade. É o modus operandi de quem quer o poder pelo poder.
Para encerrar, quero lembrar a essa senhora, que se diz empresária, que o ex-governador, Blairo Maggi, Senador da República e agora exercendo o cargo de Ministro da Agricultura é filiado ao PP – Partido Progressista, e durante a maior parte de seu governo e também de seu mandato de senador foi aliado do PT/PC do B. Eu não me recordo dessa senhora vir a público criticá-lo por isso.
Ana Paula Poncinelli, psicóloga, mestre em Teoria da Literatura e gestora governamental.
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