Novembro é tradicionalmente marcado pelo debate sobre a saúde do homem. Na maior parte das campanhas, reforça-se a importância de exames preventivos, hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular, cuidados indispensáveis. No entanto, ainda há uma dimensão frequentemente ignorada, a saúde emocional. Em uma realidade marcada por jornadas exaustivas, pressão por produtividade e dificuldade de expressar sentimentos, a música surge como uma aliada no enfrentamento do estresse e na promoção do bem-estar mental.
Aprender um instrumento não se resume ao entretenimento. Trata-se de um exercício de presença. Quando o aluno se dedica às notas, ao ritmo e à coordenação entre mãos e mente, o cérebro entra em um estado de foco que naturalmente reduz a ansiedade e interrompe ciclos de pensamentos repetitivos.
É uma espécie de meditação ativa, capaz de oferecer momentos de descanso mental, algo que muitos adultos não encontram em nenhum outro lugar do dia.
Esse efeito é perceptível no cotidiano do Instituto de Guitarra de Cuiabá (IGC). Muitos alunos relatam que a aula é o único momento da semana em que conseguem pausar, respirar e se dedicar a algo que não está ligado a cobranças, metas ou obrigações. A prática musical cria um espaço particular, um ambiente onde o ritmo interno desacelera e a mente se reorganiza.
Outro aspecto essencial é o sentimento de pertencimento. Ao participar de aulas coletivas, ensaios e práticas em grupo, o aluno cria vínculos, compartilha experiências e percebe que não está sozinho em suas dificuldades. Essa rede de convivência é especialmente importante para homens, que muitas vezes têm menos espaços sociais para trocar emoções e conversar sobre suas angústias.
A música também fortalece a autoestima. Cada nova música aprendida, cada progresso percebido, cada apresentação feita alimenta a sensação de capacidade e evolução pessoal, pilares fundamentais para uma saúde emocional equilibrada. Em vez de funcionar como fuga, a arte funciona como construção, molda a disciplina, treina a paciência, estimula a criatividade e amplia a percepção do próprio corpo e da própria mente.
É importante compreender que a música não substitui acompanhamento psicológico ou médico, ela complementa. É um recurso acessível, acolhedor e transformador, capaz de potencializar processos de autocuidado e fortalecer o equilíbrio emocional. Em um mês que reforça a necessidade de atenção integral à saúde masculina, incluir a música nessa conversa é ampliar o olhar sobre o que significa realmente cuidar de si.
Cuidar da saúde mental exige ação, presença e escolhas consistentes. A música oferece tudo isso. Para muitos, tocar um instrumento não é apenas aprendizado, é um respiro, um reencontro consigo mesmo e um caminho seguro para uma vida mais leve e saudável.
*Manoel Izidoro é professor e proprietário da Escola de Música IGC de Cuiabá
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