Hora de novas divisões territoriais

Transcorridos exatos 43 anos do seccionamento de Mato Grosso para a criação de Mato Grosso do Sul, em 11 de outubro de 1977, pelo presidente Ernesto Geisel, se vê que tal decisão foi benéfica a ambos os estados, muito embora em Cuiabá, um falso bairrismo segmentado ainda insista em lamentar o surgimento daquela unidade da Federação com 2.809.394 habitantes, como se sua área territorial sobre 79 municípios fosse um feudo da cuiabania. Mais recentemente Mato Grosso do Sul, e um pouco antes, Rondônia, deixaram de pertencer ao território mato-grossense e, essa mudança no mosaico federativo estadual nos leva a defender outras divisões, não somente aqui, mas também no Amazonas, Pará, Minas Gerais e Bahia.
O Brasil precisa de estados menores, Tanto administrativa quanto politicamente é difícil a condução de uma área com 903.207 km² como é o caso de Mato Grosso. Não há identificação cultural entre Alta Floresta e Cuiabá; não existe vínculos sociais entre Colniza e a capital mato-grossense; os costumes em Porto Alegre do Norte são bem diferentes das tradições cuiabanas. Mas, entre Alta Floresta e Colíder a sintonia é perfeita; Colniza e Aripuanã respiram o mesmo ar social; e entre Porto Alegre do Norte e São Félix do Araguaia a identidade é afinada.
Manter o descomunal e quase continental Mato Grosso uno interessa a quem se agarra às tetas do Estado. Se a Terra de Rondon for seccionada para a criação de Mato Grosso no Norte, no Nortão; do Estado do Araguaia, no Vale do Araguaia; e do Estado do Parecis, na região que engloba o Chapadão do Parecis, Aripuanã e parte da faixa de fronteira, será muito bom ao Brasil e a nós brasileiros.
O argumento de que as divisões destruiriam o que Mato Grosso tem de mais importante no campo econômico: o superlativo da produção do agronegócio, não se sustenta no plano nacional. Quem cultiva, o faz no solo e não no Estado; quem exporta o faz em nome do Brasil. Além disso, o sistema tributário nacional observa critérios federativos pra que – por exemplo – São Paulo não sufoque o Piauí.
Defender a multipla divisão de Mato Grosso não é utopia. É algo difícil, mas não impossível. Tomara que isso ocorra o quanto antes e que as novas unidades da federação sejam modernas, que fujam do empreguismo, do inchaço da máquina pública, do endeusamento e da ostentação de órgãos despreziveis mantidos aos olhos da cara pelo contribuinte.
Juína, capital do Parecis; Sinop, de Mato Grosso do Norte; Barra do Garças, do Araguaia; e Cuiabá do remanescente.
Desnecessário é detalhar o que se espera de cada um dos estados que precisam sair do sonho e do papel. Chega da unidade forçada de regiões que vivem de costas uma para a outra no plano doméstico. Que Campo Grande com seus 906.092 habitantes, maior e mais bonita do que Cuiabá (618.124 moradores) inspire a população mato-grossense de 3.526.226 residentes nos seus 141 municípios a se dividir em defesa de seus interesses regionais.
Podemos dar importante passo nessa direção votando em vereador e prefeito identificados com essa bandeira. Lamentavelmente entre os candidatos ao Senado na eleição suplementar para preenchimento de uma vaga aberta com a cassação da senadora Selma Arruda e ocupada ao arrepio democrático pelo biônico Carlos Fávaro (PSD), não haja nenhum nome que defenda interesses dessa envergadura.
Chega de Estado artificial. Quem venha o Araguaia, que venha Mato Grosso do Norte e que venha o Parecis. A realidade exige novas divisões territoriais de Mato Grosso.
Eduardo Gomes – Editor de blogdoeduardogomes
FOTO: Wikipedia
Barra do Garças é a Capital do Araguaia ,além de ser uma importante cidade em um raio de quase 200 Km, a cidade está no centro do Brasil, Uma Capital Centralizada tem tudo para dar certo.