MT – Nortão tem perfil exportador

Mato Grosso tem perfil econômico exportador. No Nortáo não é diferente. Com produção superlativa de soja, milho, algodão, carne bovina e suína, frango congelado, etanol de milho, óleo degomado, farelo de soja e madeira, a região é polo exportador, com destaque para Sorriso, que em 2019 desovou para os quatro cantos do mundo US$ 1,88 bilhão (FOB) de commodities. Naquele ano o volume mato-grossense exportado foi de US$ 17 bilhões (FOB.
Sorriso, maior exportador mato-grossense, não é caso isolado no Nortão no quesito balança comercial. Dentre os 10 maiores exportadores do Estado, no ano passado, outros três da região figuram na lista dos 10 maiores: Sinop, o quinto, com US$ 818 milhões (FOB); Nova Mutum, o oitavo, com US$ 727 milhões (FOB); e Matupá, o décimo, cm US$ 404 milhões (FOB).
Dos 35 municípios do Nortão, somente quatro não exportaram em 2019. A vitalidade econômica de Sorriso lhe confere o 22º lugar entre os municípios brasileiros exportadores, com abrangência em todos os segmentos, que incluem a indústria automobilística, minério de ferro, química fina, aviões, indústria bélica, pedras preciosas e outros produtos de valor agregado maior do que os itens da pauta mato-grossense de exportação. O maior importador do Nortão e de Mato Grosso como um todo é a China.
A produção das commodities no Nortão é feita num cenário que em muitos casos não oferece segurança jurídica. O produtor e o pecuaristas sofrem pressões ambientais por organizaçaões não governamentais, Ibama e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema);, ameaças agrárias de invasão de suas terras por movimentos semelhantes ao MST; e enfrentam ácidas críticas de influentes setores da Imprensa, de sindicalistas e do clero esquerdista da igreja católica.
O mercado internacional é muito dinâmico, competitivo e fecha espaço pra quem não consegue alcançá-lo com regularidade e rapidez. Mesmo assim o produtor continua no campo colhendo duas safras anuais, adotando práticas ambientais corretas, semeando em plantio direto, preservando matas ciliares e nascentes, e gerando empregos da porteira pra dentro e pra fora.
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Exemplo internacional de competitividade

Mato Grosso tem apenas uma ferrovia. A Senador Vicente Vuolo, explorada pela Rumo Logística, com 1.660 quilômetros de Rondonópolis ao porto de Santos e com terminais de embarque de grãos naquela cidade e em Alto Araguaia e Itiquira, além de um terminal petrolífero em Alto Taquari – antes naquela cidade havia movimentação de cargas agrícolas, mas houve esvaziamento com o avanço dos trilhos rumo Norte.
A mesma insegurança jurídica, o ambientalismo e a burocracia que prejudicam o produtor do Nortão jogaram por terra – ou quando nada o atrasam há muito tempo – o interesse de um investidor chinês em um projeto ferroviário naquela região.
Castelo de Sonhos, município de Altamira (PA), 3 de setembro de 2011. Ouço o brasileiro Marco Polo Moreira Leite, presidente da Asian Trade & Investiments (ATI), que é de pouca e objetiva conversa. Esse predicado – creio – o apadrinhou para chegar ao comando daquele gigante chinês. Moreira Leite explana aos governadores Simão Jatene e Silval Barbosa e outras autoridades; a Léo Reck, fundador do lugar, e a empresários, uma proposta mandarim capaz de revolucionar a logística de transporte no Pará e em Mato Grosso.
A proposta era construir uma ferrovia com 1.800 quilômetros paralela à BR-163 entre Cuiabá e Santarém, criando um corredor de exportação de commodities no sentido Norte e, numa escala infinitamente menor, na direção Sul, para a entrada de máquinas, eletroeletrônicos, perfumes, roupas, brinquedos e uma infinidade de outros produtos made in China que inundam prateleiras e bancas no Paraguai, Bolívia e parte do Brasil.
Para tanto, a ATI estaria disposta a investir R$ 10 bilhões nos trilhos, terminais intermodais de embarque e desembarque, composições dos trens, e se preciso, desembolsar para garantir a instalação de um porto no rio Tapajós. A obra seria executada em 450 dias. A China constrói em média quatro quilômetros de ferrovia diariamente.
Maior parceira comercial de Mato Grosso, a China entendia que a ferrovia seria estratégica tanto para sua política de segurança alimentar que garante panela cheia para 1,4 bilhão de pares de olhos puxados quanto por se tratar de corredor de interesse universal.
Essa ferrovia levaria vantagem sobre a logística atual de escoamento de commodities do Nortão, por duas razões: eliminaria os longos fretes rodoviários até os portos de Santos e Paranaguá; e no terminal ferroviário em Rondonópolis; e os embarques nos navios seriam mais rápidos, uma vez construídas modernas instalações portuárias no Pará.
Com a ferrovia e os portos de Miritituba (de Itaituba) Santarém, o trecho marítimo do multimodal também levaria vantagem sobre Santos e Paranaguá encurtando a distância e reduzindo o tempo do transporte tanto para a Europa quanto para a Ásia, afinal o rio Amazonas que recebe as águas do Tapajós cruza a Linha do Equador, no Amapá, o que deixa aquela hidrovia no centro do mundo.
Tomando-se Sorriso por referência para efeito de embarque de grãos, farelo de soja, plumas, carnes e madeira, o multimodal exorcizaria o percurso rodoviário até o terminal da ferrovia da Rumo Logística em Rondonópolis, distante 670 quilômetros. O trajeto ferroviário de Sorriso a Santarém teria 1.400 quilômetros, enquanto que o trem percorre 1.660 quilômetros de Rondonópolis a Santos. De Sorriso para Paranaguá o transporte rodoviário aumenta consideravelmente a distância no comparativo com o percurso ao porto paulista. O trajeto de Sorriso a Itaituba, pela BR-163 é de 1.080 quilômetros..
Silval defendia a ferrovia. Seu colega paraense Jatene demonstrava indiferença. O projeto não foi adiante porque o Brasil não conseguiu dar segurança jurídica aos chineses – no trajeto há problemas agrários, ambientais e questões indígenas.A presença de ONGs internacionais na região é muito grande.
O Nortão perdeu um negócio da China. Foi vencido pelo Estado velhaco que chafurda na atividade-meio e que não é compatível com a grandeza do Brasil em todos os aspectos. Jatene achou bom o desfecho, afinal Belém vê Santarém enquanto rival por conta de sua luta pela divisão territorial paraense. Pobre nação da papelada e do bairrismo.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Guilherme Filho – Site público do Governo de Mato Grosso
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