Hora de reciclar sites e mantê-los sem verbas públicas

Qualquer tipo de intervenção do governo na mídia eletrônica soa como se fosse ato ditatorial. Portanto, cabe ao cidadão a responsabilidade de assegurar ou inviabilizar o funcionamento dos órgãos de Comunicação – dando-lhes vida com acessos ou decretando seu fim ao desconsidera-los enquanto veículos de notícias, formadores de opinião e prestadores de informações de caráter social relevante. Analisando a avalanche de sites em Mato Grosso, blogdoeduardogomes iniciou ontem, 1º de outubro, a mudança de sua linha editorial.
O grande número de sites mato-grossenses não encontra patrocínio suficiente no mercado publicitário junto a iniciativa privada e não resta alternativa senão recorrer aos generosos cofres do governo estadual, Assembleia Legislativa, prefeituras e câmaras municipais. A dependência financeira cria perigosos vínculos entre o site e o órgão patrocinador – vale observar que nem todos os sites recebem verbas de mídias públicas. A vinculação reflete na linha editorial. Na proporção em que se fatura, se bajula, se faz vistas grossas. Esse cenário ainda é agravado pela padronização da informação com contornos chapa branca. Quem acessa site em Cuiabá, Sinop, Barra do Garças, Rondonópolis etc. ou outra cidade mato-grossense de menor porte se depara com a mesma informação, a mesma foto. Isso se aplica à relação com o governo estadual e com a Assembleia.
O cenário da notícia chapa branca é ampliado com notas de assessorias parlamentares federais e sindicais; com informes da Rota do Oeste, que é concessionária da BR-163; com releases do Ministério Público Estadual, da Energisa e da Águas Cuiabá. As páginas policiais reproduzem os conteúdos disponibilizados pela Polícia Civil e a Polícia Militar – o que centraliza a notícia nas autoridades da área, sem dar voz aos que são acusados ou suspeitos de alguma prática criminosa.
Como se tudo isso ainda não bastasse, não é incomum esse ou aquele site deletar matéria que desagrade donos do poder.

blogdoeduardogomes refletiu sobre essa realidade. O site entende que sua linha editorial não ganha com notícias internacionais e nacionais, e que as mesmas devem ser deixadas aos grandes portais a exemplo do Terra, Uol, Uaí, Folha de S.Paulo etc. Entende também que somente em raras ocasiões se deva abrir espaço a esse tipo de informação.
Ao refletir blogdoeduardogomes avaliou que o noticiário estadual tem que ser a base de sua informação, mas que é preciso priorizar a exclusividade e que um fato relevante pode ser postado sem que seu texto caia na vala comum aos sites. Nesse contexto não há espaço para conteúdos de assessorias, salvo exceções como é o caso do Hospital de Câncer de Mato Grosso.
Também refletindo blogdoeduardogomes definiu que dificilmente postará artigo de político com mandato eletivo, que exerça função comissionada ou que esteja em pré-campanha. A postagem de textos assinados por tais figuras somente será possível se o conteúdo realmente o justificar.
Desde ontem, blogdoeduardogomes não briga para ser o primeiro a noticiar tal acontecimento. O fará, sempre que for possível, sem afogadilho.
Essa política de blogdoeduardogomes poderá resultar em tiro no pé, pois caberá ao internauta avaliar o que lhe convém. Convenhamos que é preciso reeducação de leitura, para que o público leitor se afaste do noticiário chapa branca. Caso haja adesão será possível mudar o conceito de site em Mato Grosso.
Caso ocorra redução no número de sites e do volume de informações dos remanescentes, obviamente haverá menos vagas no mercado de trabalho da Comunicação em Mato Grosso, mas isso tem que ser visto com naturalidade. Quantas profissões foram extintas pela modernidade? Quem diria há alguns anos que uma câmera substituiria o guarda de trânsito para multar quem avance o sinal vermelho? Há pouco tempo não seria possível imaginar um caixa eletrônico, a quase eliminação das alfaiatarias, a substituição de lojas físicas por virtuais etc. Com a Imprensa não será diferente.
Creio que se houver uma mudança nos sites, como sugiro, o mercado poderá definir quem continua em atividade ou sai de cena. E isso, numa atmosfera de responsabilidade social, com menos ou nenhum dinheiro público para bancar a Imprensa, que é atividade da iniciativa privada.
Discuta esse tema. Leve-o aos debates. Mantenha a maior interatividade possível com a Comunicação mato-grossense. Façamos um jogo aberto, franco, que pode ate´prejudicar interesses isolados, mas que em sua essência será benéfico para a Terra do Patrono das Comunicações, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, e onde nos últimos quatro meses o governo de Mauro Mendes derramou R$ 15,24 milhões nesse segmento.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS: Ilustrativas em arquivo
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