Galli leva Selma a palanque ‘pesado’ que ela abominava ao se lançar pré-candidata
Recuou para sobreviver ou pelo menos tentar isso. Esse é o posicionamento regional do PSL puxado por seu presidente e deputado federal Victorio Galli, que anuncia uma aliança com o tucanato do governador Pedro Taques, que tentará a reeleição, mas que até 5 de agosto – data desse evento – terá que ser rotulado de pré-candidato por conta do preciosismo da cara e lenta Justiça Eleitoral.
Galli estufa o peito justificando a aliança – que ainda depende do aval de Jair Bolsonaro – com base em algumas ‘exigências’ de seu nanico partido: palanque para Bolsonaro, inclusão da juíza aposentada Selma Rosane de Arruda entre os candidatos majoritários (ela, ao Senado) e detalhes ajustáveis sobre candidaturas proporcionais.
Esse casório partidário não observa os princípios defendidos por Selma no início de sua trajetória política, neste ano: um palanque casto, sem figuras processadas, investigadas, delatadas, condenadas em primeira instância ou delatadas. Em política, resistência contra esse tipo de palanque é o que se chama de fogo de palha. PSL junto com PSDB e seus aliados já sacramentados seria uma reunião de figuras sem perfil de castidade no trato da coisa pública.
Pedro não poderá impedir em seu palanque alguns políticos que estão entre aqueles que a princípio Selma abominava. Nem ela terá condições de impedi-los, sob pena de implodir a coligação que poderá facilitar seu sonho de ser senadora pela terra que a adotou (ela é gaúcha).
O palanque que teria Pedro ao governo, um nome a definir para vice, e para o Senado Selma e Nilson Leitão (PSDB) estaria tão cheio de figuras carimbadas quanto os palanques de José Riva estiveram no passado. Quais seriam esses personagens: a começar Pedro, que é investigado por sua suposta participação do vergonhoso caso da Grampolândia Pantaneira, de domínio público e que permanece impune desfiando a lei.
Wilson Santos (PSDB) pré-candidato à reeleição
O deputado estadual tem bens bloqueados por suspeita de improbidade administrativa quando prefeito de Cuiabá, período em que sua administração respondeu pelas obras do Rodoanel Norte com recursos do governo federal. A construção não avançou e o Rodoanel está paralisado. A sabedoria popular apelidou o Rodoanel de Roubanel. O bloqueio foi determinado pelo juiz federal em Cuiabá Fábio Henrique de Moraes Fiorenza e atinge outros quatro acusados e duas empresas; o montante bloqueado é até R$ 22,9 milhões.
Wilson Santos também foi relacionado pela Controladoria-Geral da União (CGU) entre os sanguessuas da Máfia das Ambulâncias, que ganhou as manchetes em 2006 e envolveu mais de 70 prefeitos mato-grossenses e boa parte da bancada federal de então.
O juiz Luis Aparecido Bertolucci Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, suspendeu os direitos políticos de Wilson Santos por seis anos. Da decisão cabe recurso.
Na mesma sentença Bertolucci condena Wilson a devolver aos cofres da prefeitura de Cuiabá, R$ 6 milhões e ao pagamento de uma multa também de R$ 6 milhões, por improbidade administrativa enquanto prefeito da capital. Segundo o Ministério Público, o então prefeito firmou Termos Especiais de Parceria com empresas para utilização de rotatórias e canteiros para publicidade, mas o fez sem licitação. Nessa manobra, as empresas devolveriam determinados valores ou até mesmo bens ou serviços pela ‘generosidade’ de Wilson Santos.
A Operação Bereré desencadeada em 9 de maio pelo Grupo Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para desmontar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran, inclui Wilson Santos entre os sete deputados estaduais que teriam participado do esquema. Um desses parlamentares, Mauro Savi (DEM) está preso preventivamente desde aquela data, por decisão do desembargador do Tribunal de Justiça, José Zuquim Nogueira.
Carlos Avalone (PSDB)
Foi secretário de Taques ; é suplente de deputado estadual e pré-candidato à Assembleia.
Foi preso na Operação Pacenas deflagrada em agosto de 2009 pela Polícia Federal e que em investigou suposto esquema na extinta Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), da prefeitura de Cuiabá. Avalone também é investigado por lavagem de dinheiro no Operação Ararath da Polícia Federal.
Baiano Filho (PSDB)
Deputado estadual também investigado pela Operação Bereré e no escândalo da suposta propina que o então governador Silval Barbosa pagaria a deputados para fazerem vistas grossas às maracutaias nas obras da Copa do Mundo e no programa rodoviário MT Integrado. Baiano foi filmado num estranho diálogo sobre dinheiro com Sílvio Corrêa,então chefe de Gabinete de Silval.
Outros tucanos
O deputado estadual Guilherme Maluf teria designado seu assessor Moisés Dias da Silva para o então secretário de Educação Permínio Pinto – réu confesso – que teria chefiado um esquema que desvio dinheiro na construção e reforma de escolas estaduais. Maluf foi denunciado pelo ex-deputado José Riva enquanto ‘beneficiário’ de um esquema de mensalinho para se submeter ao seu esquema na Assembleia – essa denúncia foi feita por Riva a Selma, quando a mesma era juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O senador Nilson Leitão, também teria influência na designação do assessor de Permínio na Secretaria de Educação.
O advogado José Rosa, que será o coordenador jurídico da campanha de Pedro foi preso juntamente com Avalone no escândalo Pacenas
Mais palanque
O deputado estadual Ademir Brunetto (PSB) também figura na lista dos mensaleiros de Riva. Na mesma condição se encontra Luciane Bezerra (PV) que foi deputada estadual e em 2016 elegeu-se prefeita de Juara. Luciane acaba de ser cassada pela Câmara sob acusação e improbidade administrativa. Luciane não será candidata a deputada, mas seu marido, o deputado estadual e seu correligionário Oscar Bezerra tentará novo mandato.
Outras figuras do PSDB e de partidos que apoiarão Pedro sofrem algum tipo de constrangimento em inquérito policial, denúncia do Ministério Público ou são réus em ações por improbidade administrativa.
RESUMO – Vigorando a aliança PSDB/PSL ou Selma terá que engolir a realidade ou exigir que tais figuras sejam afastadas do cenário político. Levando-se em conta que política é um universo que nem mesmo seus habitantes conhecem bem, mas que coabitam nele em nome de seus interesses, não é difícil prever que a uma só voz todos dirão o manjado chavão: os meios justificam o fim. Fim!
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Arquivo Agência Câmara
2 – Arquivo – Assembleia Legislativa
3 – Arquivo
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