Série TRANSPARÊNCIA (04) – Páginas da vida
Em seu quarto capítulo TRANSPARÊNCIA focaliza Wellington Fagundes, o senador republicano que quer ser governador de Mato Grosso, sua terra. Para não cair no lugar comum, a série apresenta informações ao internauta que vão além da política pela política, para que a população tenha mais e mais informações sobre o pré-candidato. Passo a passo a série focaliza das páginas da vida dos políticos que querem disputar o Palácio Paiaguás e o Senado.
Os capítulos da série são temáticos. Cada um trata de um assunto, sem prejuízo da informação sobre o político, que se completará com outros temas.
No primeiro capítulo, em 1º de maio, o personagem foi Otaviano Pivetta (PDT), pré-candidato ao governo. No dia 02, o senador José Medeiros (Podemos), que busca outro mandato foi focalizado. O governador e pré-candidato à reeleição, Pedro Taques (PSD) foi o tema central da abordagem.
Wellington Antônio Fagundes, 60 anos, casado com a cirurgiã dentista Mariene Fagundes, nasceu em Rondonópolis. Senador líder do Bloco Moderador no Senado (PR, PTB, PRB e PTC), preside o PR em Mato Grosso e foi deputado federal em seis mandatos consecutivos (1991 a 2014). É técnico agrícola, veterinário e empresário.
Em 2015, com ilustração de Generino Rocha e sem apoio das leis de incentivo culturais escrevi o livro “Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir“. Wellington é o personagem central de um de seus capítulos transcrito abaixo:
Sobrevivente também obedece
“Manda quem pode: obedece quem tem juízo”. Esta frase resumiu o posicionamento do então deputado federal republicano Wellington Fagundes, no começo de 2010, quando seu sonho de disputar o Senado foi sufocado pela decisão do à época governador Blairo Maggi (PR) de deixar o Palácio Paiaguás e se lançar candidato a senador.
De certo modo Wellington é obediente da lógica política, mas ele prefere ser visto enquanto sobrevivente.
– Sobrevivente?
– Isso mesmo; é assim que o senador pelo PR, Wellington, eleito em 2014, se sente e não deixa de ter razão para tanto. Senão vejamos:
A pequena São José do Povo, que foi distrito de Rondonópolis, sempre foi bom pesqueiro de votos para Wellington. Na eleição de 2002 ele foi o mais votado para deputado federal naquela localidade, com 692 votos, seguido de longe por Augustinho de Freitas (PTB), e Teté Bezerra (PMDB), ambos com 249 votos; Teté é o nome político de Aparecida Maria Borges Bezerra.
Na sexta-feira, 19 de agosto de 2005, Wellington foi a São José do Povo em companhia do então deputado estadual Jota Barreto (PR), pra assistir um rodeio com montaria em touros e, claro, costurar seus interesses eleitorais. Barreto é casado com a professora Olinda, prima de Wellington.
O locutor da festa anunciou sua presença. Na arquibancada o público respondeu sem muito entusiasmo. Desapontado, mas escondendo do povo a decepção, Wellington olhou para Barreto dizendo em silêncio que o terreno estava minado. Em seguida o prefeito Florisberto Oliveira (PTB) o convidou e também a Barreto, para que fossem ao centro da arena, onde receberiam homenagens. O convite e a entrega das honrarias aos dois não despertaram os espectadores.
Enquanto Wellington e Barreto eram homenageados, um mestiço bravo investia contra as cercas do brete que o prendiam à espera do rodeio. Cada vez mais enfurecido o boi batia a cabeça e dava coices pra todos os lados.
Com a homenagem debaixo do braço Wellington caminhou para a cerca acompanhando Barreto. A arena que estava silenciosa de repente explodiu num grito a todos os pulmões: –Weeeeeeeeeeeeeelington! Weeeeeeeeeeeeeelington! Weeeeeeeeeeeeeelington! O coração de Wellington disparou de alegria. “O povo tá comigo”, pensou com seus botões. Não era bem isso. Na verdadea arquibancada gritou pra avisá-lo que o mestiço rompera a cerca e avançava feio em sua direção.
“Pluft, pluft, pluft”. O mestiço moeu Wellington, feriu Barreto levemente, arrombou a cerca, vazou entre a multidão e entrou na lateral da primeira casa de um grupo de 25, de um conjunto habitacional do governo, que estava em obra com recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). O boi derrubou todas as paredes de uma fileira de moradias. O animal foi contido por um método que não falha e virou carne de panela.
Levado às pressas para o Hospital Sara Kubitscheck, em Brasília, Wellington foi atendido pelo médico Aloysio Campos da Paz Júnior e sua equipe; Paz Júnior diagnosticou entre outras coisas que Wellington sofreu fratura cominutiva na perna direita – quando o osso é quebrado em pedacinhos. Resultado: muitas dores, incontáveis medicamentos, alguns pinos, meses de cadeira de rodas, muletas e bengala.
Por isso, Wellington se sente mais sobrevivente que obediente. Detalhe, em 2006, na eleição seguinte ao ataque do boi, Wellington manteve o primeiro lugar entre os candidatos a deputado federal em São José do Povo, com 533 votos ao passo que o segundo colocado, Carlos Bezerra (PMDB) patinou com 363 votos. Vale observar que Bezerra foi o governador que sancionou a lei de emancipação daquele município.
Wellington está sempre na estrada correndo atrás de votos, independentemente da proximidade ou não de eleição. Agora, mais precavido e escaldado por sua condição de sobrevivente, foge dos rodeios, mas nem por isso tira São José do Povo de seu roteiro
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Agência Senado
ARTE: Generino
Capítulos anteriores da série:
1 – PPP Caipira nasce da ousadia de Pivetta
2 – Suplente de última hora chega ao Senado
3 – Riva mesmo caído derrota Taques
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