Boa Midia

Alfinete salvador

A mãe de santo Odilza, que tinha um terreiro de umbanda no bairro do Porto, era muito famosa e respeitada pelo seu poder de incorporar divindades do além. “Trabalho” que ela fazia no seu terreiro ou fora dele, ninguém desmanchava.

Mãe Odilza tinha um filho, Delmari, que jogava de ponteiro esquerdo no Palmeiras, tradicional time desse velho bairro da capital mato-grossense. Dizia-se que Delmari até comemorava com antecedência vitórias que sua mãe previa do Palmeiras. Não dava erro mesmo…

Em 1952, por ocasião da inauguração do Dutrinha, o Atlético Mato¬grossense ia jogar com o Palmeiras na festa organizada pela FMD para marcar o fato histórico. Os atleticanos tinham certeza que o adversário ia recorrer aos poderes de mãe Odilza para garantir a vitória…

No primeiro tempo, o Atlético bombardeou o gol do Palmeiras, mas a bola não entrava. Os atleticanos foram ficando cabreiros, muito desconfiados mesmo, com tantos chutes contra a meta do alviverde e nada do gol sair…

No intervalo do primeiro para o segundo tempo, Batista Jaudy chamou o zagueiro Fábio e lhe disse: “Vamos ter que dar um jeito nessa bola do jogo, companheiro!…”

O autor

Fábio entendeu o recado direitinho e voltou para o segundo tempo com um alfinete escondido no uniforme. E na primeira oportunidade que teve, quando a bola saiu pela linha de fundo de sua meta, meteu o alfinete nela, enquanto mãe Odilza, que estava nas imediações, atrás do alambrado, gritava: “Não fure a bola!…”, “Não fure a bola!…”

Lentamente, Fábio aproximou-se do juiz, entregou-lhe a bola, com uma observação bem sacana: “A bola está murcha, não dá para jogar com ela assim, não é, seu juiz?…”

Imediatamente, a bola foi substituída. Batista Jaudy não se lembra qual foi o resultado final, mas recorda muito bem que o Atlético ganhou o jogo com facilidade depois que a bola supostamente benzida deixou de rolar no Dutrinha…

Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino.

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