Vultos da nossa História, Barão de Melgaço…
Ano novo vida nova, doravante enfocarei o lado humano, iniciando por um grande vulto que cede o nome à uma rua da Capital, o Barão de Melgaço e cuja antiga morada abriga hoje duas Instituições Culturais, o Instituto Histórico e Geográfico, e nossa Vetusta Academia de Letras !!!
Nasceu em 30 de janeiro de 1802, na pia Batismal recebeu o nome Auguste Jean Emmanuel Leverger, filho de Mathurin Leverger e da Senhora Reine Corbes, na cidade de Sain- Malo, litoral da Mancha, Capital de Ille-et-Vilaine da Bretanha, httpsː//youtube.be/YzXjKLwieck O bretão, Malouin é gente marcada pela forte personalidade, perseverança, e mesmo orgulho, onde brotaram corsários destemidos, como Jacques Cartier o descobridor Canadá, ou com Porec chegarando até as ilhas Malvinas-Falkland, com Duguay-Trouin apoderaram-se do Rio de Janeiro. Entre o ano de 1590 e 1594 chegaram mesmo a constituir uma república independente da França !
A cidade era uma fortaleza rodeada por muros altos, porém poucas opções ofereciam aos Levergers, assim partiu ainda jovem aos 17 anos com seu pai em viagem para América do Sul, para avaliar nesta longa travessia os pendores para a faina dos oceanos, em 1º de maio de 1819. Desde criança demonstrara incrível vivacidade, havia concluído seus estudos secundários, obteve louvores dos mestres, e possuía destacada propensão para as matemáticas, a esperança da família. Augusto teve irmão nascido em 1810 que cedo faleceu, e uma irmã em 1811 que tornou-se freira, a genitora, esposa com marido, e filho ausentes nos mares, faleceu doente, triste em 1821 abril 30.
Fazendo rápida parada no Rio de Janeiro e Sta. Catarina, tomam passagem em um navio para Buenos Aires, mas em 21 de agosto de 1819, naufragaram perto de Santa Marta, no Prata. Salvos da fúria das ondas, seu pai segue para aquela cidade e Augusto, aguarda-o em Montevideu. Demorando-se o genitor, em 1º de janeiro de 1820, inicia trabalhos na escuna francesa Angélica, em razão de sua postura resoluta foi aceito como 2º Comandante, começando a venturosa carreira. Em julho, assume mesmo posto na Galera General Lecór, aprofundou estudos hidrográficos do estuário do Prata, e além de realizar diversas viagens, fez travessia oceânica até Lisboa em 1822. Voltando recebe em 8 de dezembro, a triste nota do falecimento do seu genitor em Buenos Aires.
Passo decisivo ocorreu em 1822, ao começar a guerra de Independência do Brasil sendo a Galera Lecór armada em corveta pelos portugueses, abandona esta nave e fica em Buenos Aires buscando a direitos hereditários dos irmãos, enfrenta privações e supera-as através estudos. Culminando a vitória retoma sua posição na Lecór, e ingressa como 2º Tenente na Marinha de Guerra do Brasil em 11 de novembro de 1824, tinha na época o jovem Leverger apenas 22 anos ! Embarcou logo em seguida na fragata Nitheroy, comandada pelo destemido capitão James Norton, que passou a admirar o noviço Tenente por sua bravura nos combates apesar das pátrias inimigas, assim nas lutas separatistas do Uruguai, em 1826 de 11 abril, 3 de maio 23 e 25; 11 e 30 de junho. Augusto dedica-se a estudar e domina com fluência o inglês, e galga a promoção para 1º Tenente em 12 de outubro de 1827, ficando agora ao seu comando a bombardeira Dezenove de Outubro, obtém realce no combate da “Ponte de Lara” em 16 de junho de 1828, registrado por Rio Branco. Por seu valorosa coragem na luta, recebe a dignataria da Imperial Ordem do Cruzeiro, um Herói !
Chegando ao Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1829, recebe ordens para organizar uma esquadrilha de chalupas canhoneiras, destinadas a fazer a defesa da fronteira no rio Paraguai. Perpetou longa viagem desde Porto Feliz, fazendo registros hidrográficos, desenhos topográficos. Devido a falta de recursos, fez estudos projetos, explorou rios e lecionou, voltou ao Rio em 1834.
Vivenciava o país dias bem tormentosos, já no 4º Gabinete da Regência Tríplice, depois assume o padre Diogo Antonio Feijó, e Leverger pede licença de 1 ano, sendo arbitrariamente reformado sem soldo em 1836. Foi depois readmitido por intervenção de José Saturnino da Costa Perereira, 1º Presidente da Província de Mato Grosso, seguindo os planos para defesa de Pedro I. Promovido como Capitão-Tenente em 7 de setembro de 1837, retorna Leverger para sua Cuiabá, assenta o arsenal da marinha, constrói o cais, realiza explorações de rios, e presta conta da gestão.
Nomeado Consul Geral em 14 de junho de 1841, recebe em 18 de julho a distinção da Comenda da Rosa, enceta depois 2 viagens ao Paraguai, sendo que na primeira não foi admitido nesse país.
Leverger é promovido por decreto em julho 23 de 1842 ao posto de Capitão de Fragata, e chega na 1ª classe dos oficiais da armada. Um acontecimento liga-o definitivamente a esta terra, o casamento com a Sra. Ignez de Almeida Leite, em 25 de outubro de 1843. Recebe em seguida, do Presidente da Província – Zeferino Pimentel Moreira Leite, incumbência de levar ao Presidente perpétuo Carlos Antonio Lopez, pai de Francisco Solano Lopez, uma carta de felicitações, sendo desta vez bem recebido e cumpriu a espinhosa missão.
Adiante em fevereiro de 1844, segue para a Capital do Império, demonstrando sua ligações com o país em 13 de novembro naturaliza-se, depois foi recebido e condecorado, tudo na maior benevolência pelo próprio Imperador Pedro II.
Mais adiante em 1858, por decreto de 7 de outubro foi nomeado Presidente da Província. Segue …
Ubiratã Nascentes Alves, membro da AML – cadeira nº 1
ubirata100@gmail.com
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