Uma Santa entre nós, oxente!
Oxente! Só mesmo quem conheceu as desigualdades sociais em Salvador há 30, 40 anos ou mais pode avaliar o significado daquela baianinha frágil, de voz sumida, passinhos miúdos e olhos muito acesos, para a baianidade que vivia na linha da pobreza ou abaixo dela. Era um anjo. Um anjo de luz. Uma anjo de luz que irradiava bênçãos do Senhor do Bonfim.
Pois não é, seo menino, que aquela baianinha agora é Santa. Sim. É a primeira Santa brasileira. Até então, e desde 2011, era beata por decisão do papa Bento 16. Agora, o Vaticano acaba de anunciar sua canonização pelo argentino papa Francisco.
A Bahia agora não é apenas de todos os santos. É de todos os santos e da Santa Irmã Dulce. Aleluia!
Muito além do sentimento religioso para a comunidade católica apóstolica romana, a canonização de Irmã Dulce é uma conquista para todos os brasileiros, por seu significado para o verdadeiro trabalho social, atendendo os que atravessam esse vaso de lágrima suspirando, gemendo e chorando.
Axé, Francisco! O Brasil em peso dobra os joelhos à memória da baianinha Maria Rita de Souza Brito Ribeiro, soteropolitana de 26 de maio de 1914 e que ao receber o hábito na segipana São Cristóvão tornou-se a freira Irmã Dulce Lopes Pontes, da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição Mãe de Deus, que permaneceu entre nós até 22 de maio de 1992.
Alguns, imaginando que assim a elevavam, costumavam chamá-la de Madre Teresa Brasileira, em alusão ao anjo de Calcutá. Nada disso. Irmã Dulce e Madre Teresa não se compara, se separa. Deus as deixou em pontos distintos para que a Luz Divina pudesse brilhar mais intensamente na Índia, de igual modo de Gandhi, e na Boa Terra também de Mãe Menininha e Divaldo Franco.
Na Terra, desde menina, Irmã Dulce trabalhou. Da eternidade vê as trevas brasileiras que nós ajudamos a criar, que não nos interessa superar. Agora Santa, que aquela baianinha porreta cubra o Brasil com a luz que precisamos para iluminar o caminho dos irmãos engolidos pela ganância do semelhante, dos que se perderam no vício, dos que buscam a violência pela violência, dos semeadores da discórdia humana, dos marginais, dos políticos corruptos, do sindicalismo pelego, dos vendedores de Cristo nos altares monetarizadaos de igrejas, dos pais que geram e não embalam, dos avarentos, enfim, que sua luz mostre o caminho a grande parcela desse país que está ao avesso.
Com sua bênção, Mainha.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
FOTO: Internet
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