Uma manobra além do imaginável pra derrubar Emanuel Pinheiro

Uma jogada aparentemente legal, mas nada republicana e com nódoas morais. Isso mesmo! O governador democrata Mauro Mendes quer atingir em cheio o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), a partir da Câmara Municipal, onde o mesmo tem folgada margem de apoio. Pra tanto mexe com as peças do tabuleiro político. Na primeira movimentação o deputado estadual verde Faissal Calil se licenciou cedendo vaga ao correligionário Oscar Bezerra. Num segundo ato Faissal será secretário e arrastará consigo o PV de Cuiabá para o colo político de Mauro, o que reforçará a aliança com a qual pretende eleger prefeito o suplente de senador democrata Fábio Garcia. Essa imensa manobra, envolvendo a máquina do governo é o caminho que os pensadores politicos do Palácio Paiaguás vislumbram pra minarem Emanuel, que vive atormentado pelo fantasma do vídeo que lhe rendeu o apelido de Paletó – cuja repercussão dispensa explicação do fato.
Faissal se licenciou do mandato em 22 deste abril, por 121 dias, Oscar o substitui. A alegação do deputado é que se afasta pra cuidar de assuntos particulares. Porém, uma fonte tão próxima de Mauro quanto ele sustenta que a realidade é outra, bem diferente: o governador o nomeará secretário de Ciências, Tecnologia e Inovação em substituição a Nilton Borgato, que por sua vez seria nomeado chefe do escritório de representação de Mato Grosso em Brasília, cargo vago desde meados de fevereiro, quando o então titular Carlos Fávaro (PSD) o entregou para disputar a eleição suplementar ao Senado, que aconteceria em 26 deste abril, mas que em razão do novo coronavírus foi adiada e sequer tem data definida. Recentemente, bionicamente Fávaro conseguiu mandato manga curta de senador,
A nomeação de Faissal estaria casada à entrega na bandeja do PV de Cuiabá a Mauro. Ou seja, o atrelamento de seus três vereadores e sua cúpula ao projeto de eleição de Fábio Garcia. A bancada tinha quatro integrantes, mas Felipe Wellanton aderiu ao Cidadania. Ficaram: Delegado Marcos Veloso, Justino Malheiros e Mário Nadaf.

Claro que a bancada municipal do PV cuiabano não correrá pra abraçar Mauro por simples atração. Faissal terá que negociar com cada um dos integrantes, pra conseguir arrastá-los. Por negociar, em situações assim, significa literalmente negociar cargos e até controle de alguma autarquia. É a verdadeira Oração de São Francisco.
É preciso observar que Emanuel controla o PV e que seu presidente regional, José Roberto Stopa é secretário de Serviços Urbanos em Cuiabá. Faissal, com o poder de barganha que terá nas mãos, seria a figura talhada para convencer os verdes. tanto da bancada quando da direção partidária.
Não pensem que a jogada se resume a isso. Ela passa por Borgato, cujo currículo político começou em sua cidade, Glória D’Oeste, no polo de Cáceres, faixa de fronteira com a Bolívia.

BORGATO – Nilton Borgato foi preso acusado de cometer crime ambiental e de utilizar maquinário da prefeitura de Glória D’Oeste, que administrava, para construir tanque de piscicultura e abrir estrada em sua propriedade. Borgato ganhou o cargo de secretário de Ciências, Tecnologia e Inovação no governo de Mauro Mendes.
Borgato se elegeu prefeito de Glória D’Oeste, na faixa de fronteira, em 2008. Denunciado por peculato, sua candidatura à reeleição em 2012 foi barrada pela Justiça Eleitoral, que o considerou ficha suja, mas Borgato concorreu sub judice sendo o mais votado. Pelo PP recebeu 1.237 votos numa chapa com o vice Gean Carlos Alves (PSB). Em segundo lugar ficou Elisete Mesanini de Souza Barbosa (PSDB), com 835 votos, que dobrou com o vice Valdomiro Silva Barros, o Valdomiro da Soja (DEM) Borgato foi o mais votado, mas a Justiça Eleitoral proclamou Elisete vencedora. Porém entre a eleição e a posse o juiz Alexandre Martins Ferreira, de Araputanga, acatou a argumentação de Borgato e determinou sua diplomação.
O prefeito negou que o sítio fosse dele e alegou que realizava trabalho administrativo com cunho social. Saiu da cela e o caso foi devidamente abafado.
Três dias depois da prisão, Borgato foi afastado da prefeitura pela acusação de peculato, que inicialmente cassou sua eleição em outubro de 2012. Com a vacância do cargo o presidente da Câmara, Edimar Teixeira Ramos (PP) assumiu a prefeitura.
Em 7 de julho de 2013, em eleição suplementar, Borgato foi eleito prefeito com Gean Carlos Alves (PSB) de vice. A mesma Justiça Eleitoral que o afastou ao ser eleito em outubro de 2012, assegurou sua nova candidatura, sem que o caso de peculato fosse encerrado por sentença com trânsito em julgado.
Borgato cumpriu mandato até 31 de dezembro de 2016 e foi um dos integrantes do quinteto político mais famoso na faixa de fronteira, que se completava com Pedro Henry (Cáceres), Ezequiel Fonseca (Reserva do Cabaçal), Airton Português (Araputanga) e Antônio Azambuja (Pontes e Lacerda).
Remanescente do grupo político de José Riva, Borgato é filiado ao PSD e se lançou candidato a deputado federaL em 2018, mas em agosto desistiu. Oficialmente sua decisão foi para que assumisse na fronteira uma das coordenações das campanhas de Mauro e dos candidatos ao Senado Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD). Nos bastidores comenta-se que sua retirada teria sido na tentativa de concentrar votos da região para o candidato a deputado federal Adriano Silva (DEM), que tinha as bênçãos de Jayme, mas que não se elegeu.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Fablício Rodrigues – Site público da Assembleia Legislativa de Mato Grosso
2 – Sobre imagem da TV Globo
3- Christiano Antonucci – Site público do Governo de Mato Grosso
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