Uma estranha locação

De R$ 6,8 mil mensais para R$ 3,6 mil. Essa a redução do aluguel de camionete pelo governo de Mato Grosso para as forças de segurança. A diferença de R$ 3,2 mil é significativa e mais ainda se torna quando se sabe que o novo preço se refere a contrato a partir deste mês de janeiro de 2021, e que o anterior é relativo a 2018.
Sem constrangimento o governador democrata Mauro Mendes anunciou na sexta-feira, 22, o enxugamento do preço da locação das camionetes Chevrolet S-10, de cabine dupla, movidas a diesel, ao fazer a entrega às políciais, de um lote de 250 desses veículos locados pelo governo.
Pelos valores anunciados, cada viatura custará menos R$ 38.400 ao governo no período de um ano. Esse montante multiplicado por 250 alcança R$ 9,6 milhões. O governador tocou no caso, mas o fez na superficialidade. Mesmo sem detalhes Mauro Mendes deixou claro que ao longo de seus dois primeiros anos de governo o Palácio Paiaguás pagou R$ 81.600 por viatura locada, o que no final do ano somava R$ 20,4 milhões.
Algo não soa bem na declaração do governador e deve ser investigado pelo Ministério Público Estadual e a Assembleia Legislativa. Não há justificava lógica para tamanha redução de preço da locação, transcorridos ao menos 48 meses do governo Mauro Mendes e pelo menos 12 meses da administração do governante anterior, Pedro Taques, período no qual houve aumento na tabela de venda dos veículos, no combustível e em todos os produtos de modo geral.
Mauro Mendes teria se confundido ao anunciar os dois valores praticados na locação anterior e na atual? A frota locada anteriormente teria acessórios que não equipam a nova? Se as respostas forem não, estaremos diante de um grande escândalo envolvendo o governo anterior, chefiado por Pedro Taques, o locador, e o atual, por manter o pagamento mesmo em se tratando de algo muito acima de realidade, como reconhece Mauro Mendes.
O Ministério Público e a Assembleia Legislativa precisam entrar em cena. O site não sugere a participação do Tribunal de Contas do Estado numa eventual frente de investigação, em razão da maioria dos conselheiros daquela dita corte de contas se encontrar afastada judicialmente sob a acusação de recebimento de propina por parte do ex-governador Silval Barbosa, conforme Silval relatou ao Ministério Público Federal com homologação pelo Supremo Tribunal Federal.
Esse fato exige investigação urgente. Com a palavra o Ministério Público Estadual. Com a palavra a Assembleia Legislativa.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
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