UM NOME AO SENADO – Blairo Maggi
PREÂMBULO – Margareth Buzetti e Neri Geller seriam os dois nomes do PP numa disputa interna pela candidatura à cadeira da senadora Selma Arruda (Pode), cassada em 10 de dezembro do ano passado, pelo Tribunal Superior Eleitoral, por 6 a 1, por crimes de abuso de poder econômico e caixa 2. Juntamente com a senadora foram cassados seus suplentes Beto Possamai e Clerie Fabiana (ambos do PSL). A eleição suplementar ao cargo será realizada em 26 de abril. Essa disputa partidária não muda o curso da série, que mantém o nome de Blairo Maggi (PP) enquanto pré-candidato.

Existem eleitores do PT, PSOL, MDB e outros partidos, mas na esfera mato-grossense não se pode dizer que eleitor do PP beba água por essas bandas. Por aqui o PP não tem eleitor (não confundam com votos). Blairo tem eleitores; Neri, também. Margareth Buzetti, não. A campanha será manga curta e não haverá tempo suficiente para apresentar Margareth Buzetti ao eleitorado. Isso mesmo! Empresária do ramo de pneus em segunda vida útil, ela é conhecida por figuras que atuam no ramo de transporte rodoviário e nas rodas sociais, em Cuiabá, onde mora, mas seu nome é estranho a Mato Grosso.
Partido não disputa eleição pra perder e Blairo é mais do que vivo pra deixar o cavalo passar arreado pelo PP. Se alguém de seu partido disputará a eleição, esse alguém será ele, e em segunda opção Neri. Avalio que Margareth Buzetti seja carta fora do baralho, e que a discussão sobre a indicação ou não de seu nome não passa de artifício enquanto se espera a acmodação das pedras com o andar da carruagem.
Portanto, nesta postagem a série focaliza Blairo, e anteriormente focalizou Neri.
De lavoureirozinho a governador

Blairo Borges Maggi é o maior vulto político de Mato Grosso nos últimos anos. De grande empresário do agronegócio a suplente de senador, duas vezes governador, senador e ministro. Essa é sua trajetória rotular. Mas o que fez Blairo? Onde acertou e errou? Quem permeou seu universo na vida pública? Sua trajetória, das manifestações de carinho ao crivo do Ministério Público, a soma disso tudo está neste capítulo da série UM NOME AO SENADO.
Blairo aos 11 anos operava um velho trator agrícola nas lavouras do pai, André Antônio Maggi, em São Miguel do Iguaçu, no Paraná. Na juventude, atravessou a ponte sobre o rio Correntes, na divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso e chegou ao município de Rondonópolis carregando sonhos, o diploma de agrônomo num canto da mudança e a responsabilidade de secundar o patriarca nos negócios da família, que à época eram grandes, mas nem tanto quanto agora. “Era um lavoureirozinho e nem me passava pela cabeça esse negócio de política, quanto mais que um dia seria governador”, revelou numa entrevista em sua casa, na Vila Birigui, em Rondonópolis, no domingo, 6 de outubro de 2002, logo após o término da apuração dos votos que o elegeram governador em primeiro turno.
EMOÇÃO – Abraçado à filha adolescente Ticiane, Blairo chorou na noite de 6 de outubro de 2002. Não foram lágrimas de alegria por se encontrar a um passo do Palácio Paiaguás. Foi o choro emocionado de um homem que acabara de honrar o maior compromisso por ele até então assumido com a família: conquistar o Governo de Mato Grosso para se empenhar de corpo e alma pela saúde pública e assistência social. A razão é de cunho sentimental: Ticiane foi vítima de uma doença gravíssima e seus médicos deram a pior notícia possível ao casal Maggi sobre o estado de saúde da menina. Removida aos Estados Unidos, ela voltou sã e transbordando de vida. Na recepção da ex-paciente, Blairo jurou consigo mesmo, “vou ser governador para fazer uma saúde modelo aos que não podem pagar medicina privada, em agradecimento a Deus pela recuperação da minha filha”.
Blairo chorou e não procurou esconder as lágrimas. Ele se emocionou e levou à emoção a mulher Terezinha, e os filhos do casal: Ticiane, Belisa e André. “Pode confiar que o pai vai cumprir, filha; o pai vai cumprir”, disse entre lágrimas ao ser beijado pela menina.
Ao longo dos 90 dias de campanha Blairo nunca citou esse caso. “Não queria que isso fosse distorcido por adversários nem visto como um pedido de compaixão”, destacou.
BOTINA – A figura da botina superou a logomarca de uma mão aberta, com as cores amarelo e vermelho, do seu então partido, o PPS, usada por Blairo na campanha política que o levou ao governo. A sabedoria popular tinha lá suas razões de ser ao insistir em identifica-lo por aquele calçado. A mão insinuava duplo sentido: o “M” de Maggi e a mensagem de que o poder estaria sob seu controle. Por sua identidade empresarial e tradição familiar a botina surgia como pontapé na turma tucana que gravitava sob a liderança de Dante de Oliveira, o governador que deixou o cargo para tentar o Senado e não conseguiu. Em suma: o grupo do tênis que militava no PSDB deixava o poder para a turma da botina.
Candidato a governador, dizia que levaria sua experiência empresarial ao governo. O povo que entendeu sua mensagem política apostou na sua conduta pessoal e clamava pelas mudanças embutidas em seu programa de governo acreditando no amanhã no alvorecer do novo milênio para um Mato Grosso melhor, mais justo socialmente e capaz de responder por boa parte da política da segurança alimentar mundial. Seu bordão de campanha dizia, “’Tá’ na palma da mão / ‘Tá’ na mão de quem sabe…”.
Política desde o primeiro choro

Quando ainda estava no ventre de sua mãe, dona Lúcia Borges Maggi, Blairo entrou no processo político. Seu pai, André Antônio Maggi, gaúcho tradicionalista do município de Torres, e morador no Paraná, não aceitava a ideia de registrar o primeiro – e único filho numa família que se completa com quatro filhas – com a naturalidade paranaense. Por isso, no cartório, declarou com toda a pompa que nas veias do piá nascido em 29 de maio de 1956 corria o sangue do Rio Grande do Sul, mais exatamente de Torres. Assim, logo após o primeiro choro, o varão dos Maggi dava um nó geográfico de identidade.
A política propriamente dita chegou para ele aos 38 anos, ao ser eleito suplente de senador. Pela segunda vez “o pai” – assim que ele se refere ao saudoso seo André – botou o dedo traçando seu caminho, como fez na escolha oficial de sua naturalidade. O então deputado federal Jonas Pinheiro era político atrelado ao agronegócio, que sequer carregava esse nome, e precisava de um suplente desse segmento, para sua chapa ao Senado. Daí, que bateu à porta dos Maggi em Rondonópolis oferecendo a suplência ao patriarca da família. Seo André não aceitou, mas botou o piá em seu lugar.
Suplência fora do plenário é sepultura de político otário, diz a sabedoria popular. Só que Blairo jurava não ser, nunca ter sido e que jamais seria político, mas mesmo assim Jonas tinha compromisso de abrir espaço com rodízio parlamentar para ele. Não deu outra. Em 1999 o senador deixou a vaga ao piá, que pegou gosto pela coisa, muito embora fizesse silêncio, para não deixar que ‘aquilo’ interferisse nos negócios da família.
Chegou 2002. O PSDB à época dava as cartas na política mato-grossense e os irmãos Jayme e Júlio Campos oriundos da Arena (PFL e DEM) estavam em baixa, sem força eleitoral para trombar com a máquina do poder azeitada pelo governador Dante de Oliveira, que no começo daquele ano renunciou ao Paiaguás para concorrer ao Senado e entregou o cargo ao vice e correligionário Rogério Salles. A força tucana era descomunal, mas os ocupantes do ninho brigaram entre si e perderam peças importantes. O longo período de Dante no poder (eleito em 1994 e reeleito em 1998) gerou desgastes.
Em 2002 Blairo entrou em cena ao governo. Era o “Novo”, sem as máculas políticas que mais tarde ficariam visíveis em seu grupo. “Tá na palma da mão/ Tá na mão de quem sabe…”. Esse refrão chegou como uma forte ventania moralizadora Mato Grosso afora anunciando a candidatura de um empresário bom, que nem político era. Do outro lado da disputa o senador tucano Antero Paes de Barro, com a vice Janete Riva (PSDB), mulher do então poderoso deputado estadual José Riva,que controlava a Assembleia.
Blairo venceu em primeiro turno com 619.655 votos (50,68%) e assumiu o Paiaguás em 1º de janeiro de 2003. Ele, sozinho, não; boa parte de seu grupo empresarial, de onde foram arrancados os secretários Terezinha Maggi, Luiz Pagot, Clóves Vettorato e Waldir Teis. Sua companheira de chapa e correligionária, a vice-governadora Iraci França, é mulher do ex-prefeito de Cuiabá e ex-deputado Roberto França.
Realmente o poder estava na palma da mão do Novo.
É Brairio’ ou ‘Brairo?

Cuiabá, primeiro de janeiro de 2003. Surpresos os participantes da solenidade de posse do governador o viram chorar aos acordes de “Canção da Família”. Alguns não sabiam sequer a pronúncia correta de seu nome, “é ‘Brairio’ ou ‘Brairo’, perguntavam”. Mesmo eleito em primeiro turno, o novo governante ainda era figura estranha.
O ato da posse foi simples, objetivo, calcado na institucionalidade e sem cheiro político. Somente 10 prefeitos participaram da solenidade no Centro de Eventos do Pantanal, acompanharam o primeiro ato e ouviram seu curto pronunciamento sobre o tom de seu governo.
A primeira medida foi recebida com aplausos: o governador desonerou do ICMS o arroz, feijão e a carne produzidos em Mato Grosso para consumo interno. A fala foi calcada em quatro princípios basilares: ousadia, transparência, competência e honestidade, que arrancaram tímidas palmas dos presentes.
Afinal quem era o governador que recebia o cargo? Mato Grosso sabia que se tratava de um jovem empresário do agronegócio, formado em agronomia, casado, três filhos, residente em Rondonópolis, e que estava à frente do grupo familiar fundado por seu pai, André Maggi, do qual herda o nome. Mais que isso, pouca coisa, porque nem mesmo a campanha eleitoral permitiu que o então candidato que seria vitorioso tivesse maior aproximação com o povo. Sua eleição contrariou todos os prognósticos políticos – menos os dele e dos que conheciam sua obstinação. Lançado de última hora percorreu as principais cidades e algumas outras. Fez reuniões. Conquistou a confiança popular no horário eleitoral com sua ousadia ao falar em quebrar paradigmas, em levar para a vida pública sua experiência empresarial. Muitos votaram em sua plataforma de governo, sem sequer o terem visto uma vez sequer. Ganhou o pleito em primeiro turno.
No ato da posse a incógnita: como governar Mato Grosso com minoria na Assembleia Legislativa e na bancada federal? Filiado a um pequeno partido de oposição ao presidente da República? Com o orçamento ao fio da navalha? Com gargalos nos chamados setores estruturantes? Sem tradição política, área onde sua única experiência foram quatro meses no cargo de senador substituindo o titular Jonas Pinheiro?
A cautela marcou o primeiro encontro entre governante e governados. A solenidade foi rápida. Ao entrar no carro que o levaria ao Palácio Paiaguás para iniciar ainda no dia da posse seu expediente inaugural, um repórter o questionou: “governador ‘Brairio’, como o senhor imagina que será seu governo?”. Com um tímido sorriso e em voz baixa respondeu: “meu nome é Blairo. Blairo Borges Maggi e farei tudo que estiver ao meu alcance para que ele seja o melhor possível”.
Blairo somente não disse ao repórter que para levar adiante seu governo percorreria o Estado de ponta a ponta para conhecer seus problemas, conversar com as lideranças regionais, ouvir o povo e assim transformar sua administração em marco temporal de duas épocas em Mato Grosso: o antes e o depois do ‘Brairio’, quer dizer do ‘Brairo’, ou melhor, do Blairo.
Equipe eclética de governo

No final de 2002 Clóves Vettorato, amigo e colaborador liderou o processo de transição do governo de Rogério Salles para Blairo e durante dois meses manteve intensa rotina de trabalho que entrava pela noite. Quando voltava para casa, em Cuiabá, ao invés de descansar Vettorato contava com detalhe ao seu hóspede e governador eleito em que pé estavam as áreas da administração passadas a limpo naquele dia.
Alguns dias antes da posse a equipe de governo estava montada, mas era guardada a sete chaves apesar da insistência dos jornalistas pelos nomes. Finalmente, numa coletiva Blairo a revelou.
A espinha dorsal do governo estaria a cargo de assessores escolhidos fora da esfera política. Tratava-se do grupo que ganhou o apelido de gente da “República de Rondonópolis”. A primeira-dama Terezinha Maggi assumiu a Ação Social, Waldir Teis (Fazenda), Luiz Antônio Pagot (Infraestrutura), Vettorato (Projetos Estratégicos), Marcos Machado (Administração) e Moisés Sachetti (Detran).
Juntamente com esse grupo o médico e primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Gabriel Novis Neves, assumiu a Educação e a médica e professora Luzia Leão, a Saúde.
Na composição do governo Blairo também levou em conta o aspecto político. Os três companheiros de primeira hora no PPS, que praticamente o empurraram à candidatura participaram do governo. O deputado estadual Carlos Brito assumiu a Casa Civil. A vaga de Brito na Assembleia foi ocupada pela suplente Ana Carla Muniz, mulher do então prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz; mais tarde Ana Carla seria secretária de Educação. O ex-deputado estadual Jair Mariano foi para a presidência do Instituto de Terras (Intermat). Também do PPS, Yênes Magalhães com as bênçãos do então prefeito da capital e seu correligionário Roberto França foi designado secretário de Planejamento. Percival não participou diretamente do governo porque exercia mandato de prefeito.
A Secretaria de Justiça e Segurança Pública ficou a cargo do promotor Célio Wilson e a Comunicação com o publicitário Geraldo Gonçalves. O veterinário Décio Coutinho foi designado presidente do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea). O procurador João Virgílio Sobrinho foi para a Procuradoria-Geral do Estado e permaneceu na função até março de 2009, quando deixou o cargo para cuidar da saúde de um filho; o procurador Dorgival Veras de Carvalho substituiu Virgílio. A professora Flávia Nogueira foi empossada na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior. O coronel PM Walter de Fátima assumiu a Casa Militar; Blairo é entusiasta com a Polícia Militar – em suas andanças pelos municípios vestia uniforme da corporação e até cantava seu hino.
Os partidos que integraram a coligação que elegeu Blairo tiveram espaço em todos os escalões do governo. O ex-deputado estadual Moacir Pires (PFL) assumiu a Fundação do Meio Ambiente (Fema) e Aréssio Paquer (PFL) a Empaer; Dito Paulo, irmão do então prefeito de Várzea Grande e agora senador democrata Jayme Campos, foi nomeado secretário de Cultura; e o irmão do à época deputado federal pepista Pedro Henry, Ricardo Henry, assumiu o Turismo. Em 2004, Dito Paulo e Ricardo deixaram o governo, disputaram e conquistaram as prefeituras de Jangada e Cáceres, respectivamente.
Blairo contemplou entidades representativas em seu governo. Homero Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) assumiu o Desenvolvimento Rural; o adjunto de Homero para a Agricultura Familiar foi Jilson Francisco – Jilson da Fetagri -, dirigente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri). Alexandre Furlan, representando a Federação das Indústrias (Fiemt), foi nomeado secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme). Está foi a base da administração de Blairo em seu começo de mandato.
Ajustes para afinação do governo

Nos primeiros momentos Blairo era visto com ressalvas. Ambientalistas temiam o avanço desordenado da soja. A rotatividade do poder político mato-grossense era ditada por momentos eleitorais, mas sempre com nomes da cuiabania se revezando no Paiaguás; o novo governador não era a ‘Cara’ nem a ‘Coroa’ da moeda que se jogava para cima a cada quatro anos: tratava-se de um paranaense radicado em Rondonópolis. A maioria na Assembleia era formada pelo PSDB e seus aliados que foram derrotados na disputa majoritária no ano anterior, o que em tese criava ambiente desfavorável ao governante.
Blairo sabia do cerco político natural sobre seu governo que ora começava. Sua meta era transferir para a administração pública os conceitos da iniciativa privada e para tanto calcava essa proposta em quatro pilares: honestidade, transparência, eficiência e ousadia – firmou contrato de produtividade com o secretariado; quem não correspondesse seria excluído. O governador queria levar adiante tal propósito e depositava todas as fichas na equipe, a ponto de insistir na tese de que não mexeria no seu primeiro escalão ao longo do mandato, desde que tudo corresse bem.
A solidão do poder e o cerco político agravado com as pressões ambientais tanto no Brasil quanto no exterior criaram ambientes que exigiam mudanças na equipe de Blairo, mas ele, cauteloso, tentava manter a unidade.
Seis meses após a posse, Blairo mexeu na Secretaria de Esportes e Lazer: saiu Ademir Moreira Neves, de Cuiabá, entrando Baiano Filho, de Sinop. Dois meses depois do adeus de Ademir, Luzia Leão (Saúde) entregou o cargo e obrigou Blairo ao primeiro jogo de cintura. Gabriel Novis foi remanejado da Educação para a Saúde e ficou na função somente 24 dias: pegou o jaleco de médico e voltou para sua clínica. O governador nomeou Ana Carla Muniz para a Educação, o que reforçou a participação da República de Rondonópolis no poder. Marcos Machado (Administração) e também de Rondonópolis passou a acumular as secretarias de Administração e Saúde. Finalmente, em dezembro daquele ano, Marcos Machado deixou a Administração e foi substituído pelo secretário-adjunto Geraldo de Vitto, que também é de Rondonópolis.

O governo chegou afinado ao final do ano de 2003 e assim atravessou 2004. Porém, no começo de junho do ano seguinte a Polícia Federal deflagrou a Operação Curupira, que prendeu dezenas de servidores da Fundação do Meio Ambiente (Fema) e do Ibama, sob acusação de prática de crimes ambientais. Dentre os presos Moacir Pires, que presidia a Fema. Políticos pediram a Blairo que aceitasse o pedido de exoneração de Pires, mas o governador preferiu demiti-lo e em ato contínuo criou a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) nomeando Marcos Machado para dirigi-la. Com a migração de Marcos Machado para a Sema, Blairo nomeou o secretário-adjunto de Saúde, Augustinho Moro, titular daquela secretaria.
Na tentativa de solucionar os problemas de ordem ambientais ligados ao desmatamento clandestino, logo após a Operação Curupira, Blairo recebeu em Cuiabá a ministra do Meio Ambiente Marina Silva. O governo estadual e o Ibama, com a chancela de Marina firmaram um convênio na área florestal, que fortalecia tanto a atuação do Ibama quanto a da Sema.
Debochando de Blairo, em junho de 2005 o Greenpeace o declarou vencedor da votação via internet promovida por aquela organização ambientalista para ‘que a mesma outorgasse’ o troféu Motosserra de Ouro ao maior desmatador brasileiro. Segundo Paulo Adário, que coordenou a votação, o governador recebeu 10.348 dos 27.849 votos dos internautas – em segundo lugar ficou o presidente Lula da Silva, com 7.314 votos.
PPP Caipira nasce em Lucas do Rio Verde
Antes de assumir o governo, Blairo se reuniu com políticos e empresários de alguns municípios para discutir sua forma de atuação. A reunião que apresentou o melhor resultado aconteceu em novembro de 2002 em Lucas do Rio Verde.
O prefeito anfitrião, Otaviano Pivetta (agora vice-governador), pediu a Blairo que pavimentasse o acesso da cidade ao novo aeroporto localizado no eixo da MT-449. O governador alegou que precisaria tomar pé da realidade orçamentária para saber se poderia ou não atender à reivindicação. Pivetta propôs uma parceria público-privada, mais conhecida por PPP Caipira, com a participação de produtores.
Blairo gostou da proposta de Pivetta. Os participantes, dentre eles o prefeito da vizinha Tapurah, Reinaldo Tirloni, ampliaram o assunto. Ao término da reunião, mais que entendimento para pavimentar o acesso ao aeroporto de Lucas nasceu o primeiro consórcio rodoviário ou simplesmente PPP Caipira, que resultaria na pavimentação da “Rodovia da Mudança” entre Lucas e Tapurah, com 96 quilômetros de extensão nos leitos da MT-449 e da MT-338, também conhecida por Estrada da Baiana.
Em Lucas, sem trocadilho, Mato Grosso encontrou o caminho para pavimentar milhares de quilômetros de estradas. Nascia assim a figura dos consórcios rodoviários, ou simplesmente PPP Caipira.
Aos consórcios o governo destinava recursos do Fundo Estadual de Habitação e Transporte (Fethab), que também assegurava 30% para a habitação. O percentual desembolsado pelo Estado era flexível para se moldar a cada caso. Nos sete anos do duplo mandato de Blairo, a arrecadação com o Fethab foi além de R$ 2 bilhões.
Exatamente um ano após a reunião em Lucas, Blairo, o então deputado estadual Silval Barbosa, Pivetta, Tirloni, Pagot e outras autoridades receberam o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, para inaugurar a Rodovia da Mudança, construída solidariamente pelo governo, prefeituras e produtores rurais.
Blairo gostou do entendimento em Lucas e designou Pagot para mobilizar produtores e prefeitos em busca de novos consórcios, que seriam embutidos no programa Estradeiro lançado após a posse. A adesão foi maciça nos polos de produção agrícola. Mas, onde o perfil econômico regional inviabilizava os consórcios o governo pavimentava com recursos orçamentários da chamada Fonte 100.
Três pedidos e uma promessa
Em 2002, Blairo lançou estilo diferente de campanha política quando disputou o governo. O candidato não se limitava a falar. Em muitas ocasiões mais ouvia do que discursava. “Sempre perguntava aos presentes qual a maior reivindicação de seus municípios e elas pediam três coisas: asfalto, asfalto e asfalto”, revela.
Em Canarana, após ouvir o mesmo pedido em várias regiões, Blairo assumiu o compromisso que sua primeira obra seria a pavimentação da MT-326 daquela cidade ao trevo com a BR-158. Eleito, imediatamente telefonou para o amigo Maurício Tonhá, que coordenou sua campanha no Vale Araguaia e mais tarde seria prefeito de Água Boa. Pediu a Maurício que fosse ao rádio em Canarana e anunciasse que o asfalto sairia rapidamente.
Blairo tentou por todos os meios pavimentar o trecho prometido o quanto antes, mas somente em 13 de novembro de 2004 conseguiu inaugurá-lo, depois de uma verdadeira guerra de bastidores. Desse episódio o governador tirou grande lição.
O trecho da rodovia MT-326 prometido pelo candidato em 2002 tem 36 quilômetros de extensão e foi parcialmente pavimentado uma década antes de sua candidatura ao governo. As construtoras se desentenderam com os governantes do passado e suspenderam a obra. Blairo mandou que o serviço fosse retomado, mas exigiu redução do custo do quilômetro, que nos contratos firmados antes de sua posse era quase o triplo do preço por ele praticado. Não houve entendimento, mas as negociações prosseguiram. Ao notar que não seria possível se chegar a acordo, o governador jogou a última cartada: ameaçou mandar construir uma estrada paralela, o que seria mais barato do que arcar com o montante reivindicado pelos empresários. Somente assim foi possível cumprir a promessa de campanha.
A rodovia MT-326 foi concluída, seu trecho anteriormente pavimentado foi restaurado e Canarana saiu do isolamento. Na data da inauguração da obra Blairo revelou esses fatos num emocionado pronunciamento na Câmara Municipal. Os presentes o aplaudiram demoradamente. Fogos se ouviram por todos os cantos da cidade onde a fala do governador chegava pelo rádio.
Visita de gratidão

Em 4 de abril de 2003 cobri a primeiro compromisso de Blairo fora de Cuiabá e Brasília, após assumir o governo. O governador visitou algumas cidades começando por Santa Rita do Trivelato. Recebido pelo saudoso prefeito Ilson Matschinske, Blairo lançou um conjunto habitacional e a pavimentação da Rodovia da Produção, a MT-235, daquela cidade a Nova Mutum.
Não foi por acaso que Santa Rita recebeu a primeira visita de Blairo. Tratou-se de retribuição por sua votação, que proporcionalmente foi a maior entre todos os municípios. No dia seguinte, publiquei no jornal Diário de Cuiabá o texto a seguir:
Ontem, o sol de 11 horas em Santa Rita do Trivelato incomodava inclusive os produtores rurais acostumados à sua inclemência. Diante da placa alusiva ao protocolo formal para pavimentação dos 113 quilômetros da rodovia que liga aquela cidade à Nova Mutum, o governador Blairo Maggi se preparava para um rápido pronunciamento, quando o cerimonial foi quebrado pela pequena Camila Caroline Menezes de Oliveira, 5 anos.
Com passos decididos, Camila foi ao locutor do cerimonial que acabara de anunciar que o governador falaria aos presentes, e lhe pediu o microfone sem fio. Com voz firme para uma criança de aparência frágil, Camila cantou o refrão da música de campanha de Blairo Maggi ao Paiaguás: “Tá na palma da mão / Tá na mão de quem sabe/ O povo já decidiu governador é Blairo Maggi”.
Surpreendido, Blairo Maggi beijou Camila, lhe afagou os cabelos e estampou um dos poucos sorrisos ao longo de sua visita a municípios do Médio-Norte para assinar protocolos na área rodoviária e autorizar o início da pavimentação de 96 quilômetros ligando Lucas do Rio Verde à Tapurah.
Camila é cuiabana e mudou-se para Santa Rita juntamente com o pai, o mecânico de tratores, Luiz Carlos de Oliveira, e com a mãe, Rosângela Menezes de Oliveira. “A música que essa menina cantou representa nossa confiança em Blairo Maggi. Na eleição de outubro ele teve 83,5% da nossa votação. Se (a eleição) fosse hoje, ele teria 100%“, comentou o prefeito Ilson Matschinske (PPS).
Nasce a Expedição Estradeiro

Blairo admitia que não conhecia a maioria dos municípios e decidiu percorrê-los à frente da chamada Expedição Estradeiro, formada por um grupo de assessores, políticos, técnicos, empresários e jornalistas. O primeiro evento dessa natureza teve roteiro de 2.167 quilômetros em 22 municípios do Nortão e do Araguaia começando em 27 de maio de 2003 na cidade de Nova Santa Helena e terminando uma semana depois em Alto Garças. Estradeiro passou a ser tratado no masculino. O governador gostou da experiência, realizou outros e inclusive um que o levou ao Chile e Peru via Bolívia.
Quilômetro a quilômetro Blairo foi conhecendo Mato Grosso. Com paciência beneditina, por onde passava, o governador ouvia a população. Atento a tudo, separava o cenário real dos quadros mascarados e, em nome disso, deu puxão de orelha no prefeito de Santa Cruz do Xingu, Carlos Roberto Rempel, que mandou patrolar a estrada no trajeto do Estradeiro. “Isso (o patrolamento) me desagradou; pedi que não mexessem nas estradas porque queria me deparar com a realidade que o pessoal daqui enfrenta no dia a dia”, desabafou no pronunciamento feito no centro comunitário de Santa Cruz do Xingu. A fala de Blairo arrancou demorado aplauso.
São José do Xingu. Blairo foi recebido pelos caciques Raoni e Bedjai. Ambos pediram mais ações do governo para os indígenas e demonstraram descontentamento com o projeto (já executado) da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, em Altamira, no Pará.
O Estradeiro revelou a Blairo uma situação que nunca esteve na pauta do governo. Até então, os Comandos Regionais da Polícia Militar funcionavam no Comando Geral da corporação em Cuiabá. Fora da área metropolitana da capital, coronel era figura abstrata. Blairo determinou a transferência do Comando Regional para a principal cidade de sua abrangência. Botou fim ao chamado ciclo dos coronéis pardais – pardal não vive na zona rural.Vivo ao extremo, Blairo tratou de cativar Raoni. Anos depois o maior cacique xinguano e figura conhecida em vários pontos do mundo, foi fiador da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá e da pavimentação de rodovias que estavam sob o radicalismo ambiental do Ibama, Funai e organizações ambientalistas internacionais.

No Estradeiro a agenda do governador era abarrotada do amanhecer até tarde da noite. Mesmo assim, Blairo encontrou tempo para visitar um amigo de longa data e colega de atividade agrícola, o empresário Alberto Schlatter.
No dia 29 de maio, o governador fez uma pequena alteração no percurso da Expedição Estradeiro, para visitar Schlatter, que naquele período expandia seus negócios de Chapadão do Sul (MS) para Vila Rica.
Schlatter acabara de comprar a fazenda Primavera, de 36 mil hectares, onde iniciaria, ainda naquele ano, o cultivo de soja, começando com uma lavoura de 2 mil hectares.
Em Chapadão do Sul, Schlatter, sua mulher Terezinha e os filhos do casal, Carlos, Samuel e Walter cultivam 20 mil hectares de soja, milho e algodão. E naquela cidade a família opera duas usinas de algodão.
O empresário rural Alberto Schlatter à época tinha 71 anos. Schlatter nasceu em Presidente Venceslau (SP) e foi o primeiro agricultor a cultivar soja em escala empresarial em Vila Rica. Segundo ele, sua opção pela região levou em conta a topografia, localização (tomando os portos maranhenses como referência para exportação) e a sua crença no desenvolvimento do Estado graças ao governo de Blairo.
Torta na cara, soja nos Andes e volante pra Unger
Reeleito ao governo em primeiro turno no ano de 2006, Blairo trocou o PPS pelo PR e não concluiu o mandato. No final de março de 2010 transmitiu o poder ao vice Silval Barbosa (PMDB) e entrou na disputa ao Senado. Venceu a eleição quebrando o tabu de que governador que disputasse mandato de senador imediatamente após deixar o Paiaguás não se elegia. Foi o mais votado ao cargo, que naquele ano elegeu dois senadores. Recebeu 1.073.039 votos – maior votação recebida por político numa eleição em Mato Grosso. Jair Bolsonaro, no segundo turno da eleição presidencial deste ano cravou 981.119 votos e ocupa o segundo lugar entre os mais votados.
Após entregar o governo e enquanto esperava o começo da campanha o entrevistei. Blairo revelou que nos últimos meses no Paiaguás se sentia desconfortável, porque sequer abria uma porta, não tinha privacidade para assistir filme em cinema ao lado de sua mulher Terezinha, estava afastado do volante e ficava sempre distante de seus tratores. Queria voltar à rotina. Acreditava que no Senado teria mais liberdade

No primeiro ano do governo, ao presidir a solenidade de Sete de Setembro, em Cuiabá, Blairo foi agredido no palanque pelo universitário Leonardo Gregianin, com uma torta no rosto. Gregianin militava no anárquico movimento “Confeiteiros Sem Fronteira” e tinha em uma bolsa, a guloseima que acertou a mais alta autoridade de Mato Grosso. O estudante se passou por jornalista, driblou a segurança e atacou o governador, auxiliado pelo colega Julian Figueiras Dorado Rodrigues. No episódio o tenente-coronel da Polícia Militar Eddie Metello foi atingido por um soco ao tentar conter Gregianin. Blairo perdoou e não levou o caso adiante.Seus dois governos foram tranquilos. Tinha aos seus pés a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas do Estado e praticamente toda a mídia. Mesmo assim, enfrentou contratempos.

Marina Silva deixou a Ministério do Meio Ambiente e seu sucessor, Carlos Minc, ganhou manchetes nacionais alertando que “Se deixarem Blairo planta soja nos Andes”. O governador não retrucou e acabou botando Minc para jogar em seu time.
Articulado, Blairo tratou de se aproximar de Mangabeira Unger, o cérebro do governo petista. Unger virou seu comensal e até visitou uma de suas fazendas em Sapezal, a Tucunaré. Blairo, entendendo o que estava em jogo virava motorista de Unger em suas andanças por Mato Grosso
SENADO – Senador, não deu muita bola ao cargo. Sempre que possível deixava o Senado ao primeiro suplente Cidinho dos Santos (PR). Dilma sofreu impeachment e o vice Michel Temer o convidou para o Ministério da Agricultura. Blairo pegou o cargo com as duas mãos e o coração.
Para chegar ao Ministério da Agricultura Blairo trocou o PR pelo PP – partido que o avalizou politicamente. Ministro, sente-se em seu habitat, entre empresários e industriais do agronegócio; enquanto isso sua cadeira era ocupada por Cidinho, que por um curto período pediu licença abrindo vaga ao segundo suplente Rodrigues Palma (PR).
Antes do Senado

Em 2010, de uma hora para outra Blairo gritou que seria candidato ao Senado. Escolado, o deputado federal Wellington Fagundes (PR), que sonhava com o cargo, saiu de cena com um frase de rendição: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo“, disse em tom humilde.
Naquele pleito, para renovação de duas cadeiras, Blairo (PR) foi eleito ao Senado com 1.073.039 votos (37,06%). O segundo colocado ao cargo foi Pedro Taques (PDT) com 708.440 votos (24,48%).
Silval (PMDB) ganhou em primeiro turno com 759.805 votos (51,21%) e seu vice foi Chico Daltro (PP); com 472.475 votos (31,85%) Mauro Mendes (PSB) encabeçou a segunda chapa mais votada ao governo tendo Otaviano Pivetta (PDT) na composição.
Para a Câmara dos Deputados Wellington recebeu a maior votação entre os oito eleitos: 145.460 votos (10,22%).

RASTEIRAS – Antes de deixar o governo e também fora dele Blairo queria Mauro Mendes ao governo, com Silval apenas cumprindo o restante do mandato; Mauro encolheu e começou uma briga de foices na cúpula do Paiaguás. Diante disso, Blairo deu sinais de que apoiaria Luiz Antônio Pagot. O secretário Eumar Novacki fez um levante conspiratório contra Pagot em defesa de Silval. A cúpula palaciana gemia e rangia os dentes. Fedia enxofre.
Torpedeado por Novacki, Pagot ficou no limbo. Matreiro que só ele, Blairo abraçou Silval, que tinha a chave do cofre, o poder e é político esperto que só ele. Acho que Blairo precisava matar dois coelhos com uma só cajadada: garantir que seu sucessor fosse alguém de sua ligação e arrumar um passaporte para o Ministério da Agricultura, com um empurrão do cargo de senador. Danado, esse Blairo. Pois não é que conseguiu!
Ia tudo bem, muito bem
Em 2009, no penúltimo ano do segundo mandato consecutivo tudo ia muito bem no governo de Blairo. Ele dizia com convicção que não deixaria o cargo para concorrer ao Senado, mas deixou. A imprensa, mesmo amiga, revelou o maior esquema de superfaturamento no Governo de Mato Grosso em todos os tempos. Assim nasceu o Escândalo dos Maquinários e com ele sua candidatura ao Senado.
MT 100% Equipado foi o nome dado à compra de 705 equipamentos rodoviários, mas a sabedoria popular o chamou de Escândalo dos Maquinários. Essa aquisição feita pelo governo estadual, em 2009, com financiamento de R$ 241 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), continua parcialmente nebulosa.
No final de 2009, uma denúncia anônima ao governo revelou que a compra dos 705 equipamentos foi realizada com pregões viciados da Secretaria de Administração (SAD). A Procuradoria Geral do Estado recebeu ordem de Blairo para apurar o caso. O Ministério Público Estadual e a Procuradoria Geral da República também entraram em cena.
Sem muita dificuldade e contando com deleção premiada do empresário Pérsio Briante – dono da empresa Extra, que vendeu um lote de caminhões Ford ao programa – chegou-se à conclusão que a transação teria sido ilícita e que apresentava superfaturamento superior a R$ 44 milhões. Pedro Taques, então procurador da República, satirizou o episódio apelidando-o de “MT 100% equipado e 44 milhões roubados”
A Delegacia Fazendária instaurou inquérito para apurar o rombo. Paralelamente a Procuradoria Geral da República também o esmiuçou e o juiz federal Julier Sebastião da Silva mandou recolher todos os equipamentos para perícia que permitisse apurar se os itens estipulados nos pregões foram observados, mas o caso acabou entrando num vaivém judicial sem fim, que praticamente o botou na galeria do esquecimento.
O fogaréu do caso nos primeiros dias levou uma ducha. O escândalo foi varrido para debaixo do tapete para sua volatilização. Paralelamente a isso a Secretaria de Comunicação arreganhou seus cofres para a imprensa amiga. Pautas não faltavam e, muitas delas, inclusive mostrando comboios de máquinas do programa chegando aos seus destinos e, recebidos com foguetórios e inflamados discursos.
DETALHE – A meta de Blairo não era ceder o maquinário em comodato aos municípios, como aconteceu. O governador planejou vende-lo. Isso mesmo. A prefeitura receberia um lote de máquinas e caminhões basculantes, e pagaria essa aquisição mensalmente com a parcela sendo descontada do repasse constitucional do Estado. Estava em cena a velha e crônica mania de Blairo pra ganhar dinheiro, só que na esfera pública isso não é permitido. Sem saída e para facilitar sua candidatura ao Senado, o governador não teve escolha senão a generosidade.
A responsabilidade de cada um

Em 1º de fevereiro de 2010, quando o escândalo ainda estava entre quatro paredes no governo, Blairo reuniu os prefeitos para anunciar a compra e distribuição do maquinário. O evento, no Salão Nobre Clóves Vettorato, também serviu para o governador citar quem era quem naquela transação.
Oficialmente era apenas sua fala, mas a mesma poderia se transformar num salvo-conduto para ele, caso o caldo entornasse. Então, didática e estrategicamente Blairo deu nomes aos bois.
Em outras palavras Blairo assim estratificou o MT 100% Equipado:
O vice-governador Silval Barbosa e o chefe de Gabinete Eumar Novacki lideraram politicamente a operação.
Geraldo de Vitto, secretário de Administração, cuidou do mecanismo legal para os pregões.
Éder Moraes, secretário de Fazenda e seu braço direito, tratou de conseguir o financiamento junto ao BNDES tendo o Banco do Brasil por agente financeiro. Éder costurou toda a negociação para a liberação do empréstimo.
Vilceu Marchetti, secretário de Infraestrutura, definiu marcas e modelos a serem comprados e se encarregou da elaboração dos contratos para a cessão dos equipamentos.

Silval e Cidinho dos Santos, secretário de Assuntos Estratégicos, estabeleceram critérios para a distribuição dos lotes do maquinário.
Ou seja, Blairo lavou as mãos deixando claro que se tratava de um projeto de governo sem suas digitais.
Após a fala, nos braços dos prefeitos, deputados estaduais e vereadores, Blairo era mais candidato ao Senado do que nunca.
Perto do Palácio Paiaguás, num terreno do empresário Valdir Piran, ao lado da avenida Historiador Rubens de Mendonça, o maquinário era exibido. Verdadeiramente a máquina do governo estava em alta, afiada, arredondada e em campo para eleger Silval e Blairo.
Coincidentemente ou não, com o anúncio da candidatura de Blairo, o Escândalo dos Maquinários saiu das manchetes. A imprensa amiga colaborou bastante. Em 31 de março de 2010 Blairo renunciou para disputar o Senado. Precisava de imunidade e queria um governador amigo, o que encontrou em Silval.
Condenações e absolvições

Nem todos os elos do Escândalo dos Maquinários foram parar nas barras da Justiça.
Em março de 2014, na Justiça Federal, Julier absolveu Blairo e Éder. De Vitto e Vilceu foram condenados a devolver R$ 44 milhões e ao pagamento de uma multa de R$ 10 mil, cada, além de perderem os direitos políticos por cinco anos.
Em 7 de julho daquele ano Vilceu foi assassinado com dois tiros no quarto onde dormia numa fazenda em Santo Antônio de Leverger.
Em novembro deste 2018 o juiz Marcos Faleiros, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou 12 pelo Escândalo dos Maquinários.

De Vitto foi condenado a 2 anos e 8 meses e 20 dias, em regime aberto.
Valter Sampaio, servidor da arraia-miúda do governo, condenado a 12 anos e 6 meses em regime fechado.
Os empresários José Renato Nucci, Ricardo Lemes Fontes, Valmir Gonçalves de Amorim e Marcelo Fontes Correa Meyer a 5 anos em regime semiaberto.
Os empresários Otávio Conselvan, Sílvio Scalabrin, Rui Denardim, Harry Klein Rodnei Vicente Macedo e Davi Mondin a 5 anos de reclusão e mais 2 anos e 4 meses no semiaberto.
Os condenados recorreram.
EMPRESAS – O Escândalo dos Maquinários envolveu a espinha dorsal do mercado de caminhões e máquinas rodoviárias no Centro-Oeste. São elas: Tork Sul Comércio de Peças e Máquinas, Dymac Máquinas Rodoviárias, Tecnoeste Máquinas e Equipamentos, Cotril Máquinas e Equipamentos, Auto Sueco Brasil Concessionária de Veículos, Mônaco Diesel Caminhões e ônibus, Cuiabá Diesel – Rodobens Caminhões Cuiabá e IvecoLatin América.
Sem abalo com Silval

Blairo assegurava que nada tinha ver com o caso do Escândalo dos Maquinários e cobrava investigação. Sua reação foi pedir a cabeça de De Vitto e Vilceu; ambos entregaram os cargos. Vilceu chorou muito diante das câmeras de televisão jurando inocência.
Blairo não se indispôs com Silval pelo caso, nem com Éder.
Silval e Éder foram condenados por improbidade no governo estadual, em outros casos. Silval é condenado e cumpriu parte da pena de 13 anos e 7 meses em prisão domiciliar em razão de sua delação ao Ministério Público Federal homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux; Éder acumula três sentenças em primeira instância, que somadas chegam a 104 anos e 7 meses de prisão – está livre, mas cumpre medidas cautelares enquanto aguarda julgamento em segunda instância.
Cidinho e Novacki continuaram ao seu lado.
Cidinho (PR) foi primeiro suplente de Blairo no Senado.
Com Blairo ministro, Novacki foi secretário-executivo do Ministério da Agricultura.
Temer e negociata no TCE

Blairo (PP) deixou o Ministério da Agricultura em 31 de dezembro de 2018 e cumpriu seu último mês de mandato no Senado.
Poder ilimitado. Talvez a mosca azul tenha levado Blairo a sonhar com essa hipótese, em 2003 ao assumir o governo. Não seria de se estranhar se o governador recém-empossado e rei da soja assim pensasse. Afinal, ele era o centro das atenções em Mato Grosso, onde moralidade na esfera pública era pouco mais que exceção – situação amplamente favorável para a expansão do domínio do homem que tinha nas mãos a chave do cofre mais cobiçado no centro do continente.
Em 2003, um mês após a posse de Blairo, a legislatura da Assembleia Legislativa foi empossada. José Riva era o campeão nas urnas e dominava aquele Legislativo. Quatro anos antes, em 1998, recebeu 20.776 votos e manteve esse título na eleição de 2002, com 65.389 votos; em 2006, com 82.799 votos; e 2010, com 93.594 votos, repetiu a proeza da votação sempre crescente.

Nas últimas décadas a Assembleia sempre foi insaciável por dinheiro. Blairo ao assumir – Riva sustentou isso em declaração – não concordou em repassar diretamente e por fora a chamada merenda aos deputados. Mas, aumentou o repasse de recursos para aquele poder, o que permitiria ao seu protegido Riva rateá-lo – termo bem apropriado – do modo mais conveniente possível ao conjunto de 23 excelências, que com ele, Riva, se traduzia na legislatura.
O governador não tinha razão para se preocupar com a Assembleia. Seus projetos além de aprovados eram elogiados. Entre os deputados não havia nenhum que pudesse trombar com seu plano político de poder. Era o que se chama de legislatura baixo clero. Lembrem-se que o campeão Riva estava debaixo das asas de Blairo.
O segundo mandato era tempo certo para planejar a expansão do poder que àquela época passava pela dita corte de contas, órgão técnico da Assembleia pomposamente chamado de Tribunal de Contas do Estado (TCE), com seus sete conselheiros vitalícios (até a expulsória aos 70 anos) escolhidos a dedo pelos governadores que antecederam Blairo em parceria com os deputados estaduais de suas épocas.
Mato Grosso sempre ouviu coisas ditas cabeludas sobre nomeação de conselheiro do TCE. Blairo, até então não tinha seu nome citado nesse cipoal tão comentado nas mesas de bares, conversas entre conhecidos e por quase todos os que bebem água, mas nunca citado na Imprensa em razão do princípio da presunção da inocência, que pode botar na cadeia alguém correto que fale algo sobre determinada figura impregnada de falcatruas, mas blindada pela generosidade do emaranhado da legislação brasileira.
Pois bem!
Em algumas de minhas entrevistas com Clóves Vettorato, secretário poderoso de Blairo, Vettorato me dizia em off que gostaria de ser conselheiro do TCE.
Correto. Digno. Vettorato era especialista em empunhar bandeira do grupo empresarial de Blairo. Antes do governo ora brigava pela suinocultura ora pelo fortalecimento da cadeia da cotonicultura; além disso dirigia instituições representativas de segmentos do agro. O TCE não seria indicado para ele.

Em julho de 2006, aos 60 anos, Alencar Soares renunciou ao seu segundo mandato de deputado estadual (à época filiado ao PP e liderado por Riva) e foi nomeado conselheiro do TCE ocupando a vaga de Branco de Barros, que botou o pijama da aposentadoria.
Em 2009, quando faltava um ano para Blairo deixar o governo e disputar o Senado, Alencar tinha 63 anos e lhe restavam sete anos na doce vida de conselheiro, mas estranhamente ele anunciou que iria se aposentar. Nem madrinha de batismo acredita quando o afilhado diz que vai trocar a mordomia do poder pelo anonimato, estando em pleno gozo de saúde e ocupando lugar nos holofotes da nossa mídia palaciana.
Investigações do Ministério Público, depoimentos, delação, cruzamento de informações e de dados de movimentação bancária se convergiram para uma grave denúncia: Alencar teria vendido sua vaga no TCE para o deputado estadual Sérgio Ricardo (também liderado por Riva). Mais grave ainda: a denúncia também inclui recompra (pasmem!) de vaga no TCE, planejamento para levar Éder Moraes (do secretariado de Blairo para o TCE), compra de consciência para mudança de depoimento com desdobramento na obstrução de justiça.
Um episódio triste da vida política mato-grossense que joga na vala comum os personagens Blairo, Alencar Soares, Sérgio Ricardo, Riva, Éder Moraes, Humberto Bosaipo (ex-deputado estadual e ex-conselheiro do TCE), Silval Barbosa, Gércio Marcelino Mendonça Júnior – o Júnior Mendonça, o jornalista Gustavo, Oliveira o deputado esdtadual Carlos Avallone e outras figuras. Alencar Soares e Sérgio Ricardo negam a negociata. Blairo jura inocência. Bosaipo ainda não se pronunciou. Silval delatou o caso. Éder Moraes nega e tira o corpo fora. Júnior Mendonça e as figuras menores não pesam tanto no contexto, se é que ele existiu, como crê o Ministério Público Estadual e a Procuradoria Geral da República.

POMPA – Cuiabá, 16 de maio de 2012. Sérgio Ricardo toma posse no TCE. É o mais novo conselheiro daquela corte auxiliar de contas da Assembleia. A cúpula política presente o aplaude e o mesmo faz a elite cuiabana. Deixemos de lado a gala e entremos no esgoto.
O tema é intrigante, mas tem que ser tratado no condicional, em nome da presunção da inocência. Inquéritos recheados com depoimentos, confissões e outras informações dão conta do seguinte: em 2009 Sérgio Ricardo e Alencar teriam negociado a compra da vaga do segundo. A negociata seria de R$ 4 milhões e teria sido reforçada com um adiantamento de R$ 2,5 milhões. Blairo teria tomado conhecimento detalhado e, numa viagem à África do Sul levando um trenzinho da alegria teria negociado a mesma vaga com Alencar, porque a queria para Éder. Esse caso ficou conhecido como recompra de vaga no TCE. Blairo teria pedido a Alencar que protelasse seu pedido de aposentaria precoce. A mando de Blairo, Éder teria levantado – não se sabe de onde, mas suspeita-se que dos cofres públicos – R$ 4 milhões para o afortunado Alencar.
A proposta de Blairo para Alencar – segundo o inquérito – seria que ele, o conselheiro, devolvesse a antecipação que Sérgio Ricardo lhe teria repassado e guardasse a cadeira para Éder. Porém, Sérgio Ricardo teria articulado na Assembleia, que seria a responsável pelo preenchimento da vaga aberta com a anunciada saída de Alencar, para excluir Éder. Jogadas de bastidores são cautelosas e em público seus personagens conversam da forma mais amistosa possível. Blairo e Sérgio Ricardo sempre trocavam sorrisos.
Com Sérgio Ricardo dominando a Assembleia, Blairo teria se juntado a Bosaipo, para que esse se aposentasse, o que abriria vaga para Éder no TCE, uma vez que a escolha do substituto de Bosaipo seria feita pelo governo.
Na penumbra a promiscuidade invadiu a Assembleia, TCE e o Palácio Paiaguás.
Em depoimento ao MP Éder denunciou a compra de vaga no TCE. Depois, mudou o tom da fala e negou que tal fato houvesse acontecido. Silval em delação disse que Éder teria exigido R$ 12 milhões para mudar esse depoimento, mas que o negócio teria sido fechado pela metade, com ele, Silval, e Blairo injetando em seus bolsos R$ 6 milhões em duas parcelas. Silval disse ainda que Júnior Mendonça teria jogado R$ 4 milhões nos bolsos de Alencar, a mando de Blairo.
Todos negam por todos os meios, menos Silval e Riva. Nesse fuzuê, em maio de 2019 a então procuradora geral da República Raquel Dodge denunciou Blairo por compra de vaga no TCE. Antes da denúncia, em setembro de 2017, atendendo pedido de Raquel Dodge o ministro do Supremo Tribunal Federal,Luiz Fux, autorizou e a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais de Blairo e bloqueou montante para possível ressarcimento da dinheirama que teria sido dada a Alencar. Essa operação nasceu da delação de Silval, por conta de sua revelação sobre a razão para Éder mudar o depoimento no MP sobre a compra de vaga. Para Raquel Dodge trata-se de obstrução de justiça, crime dentre os vários em apuração, que se comprovado – segundo juristas – seria o calcanhar de Aquiles do ex-governador, ex-ministro e ex-senador.
Em nome das regras do bom jornalismo é difícil escrever com detalhes sobre tal situação. Mas essas mesmas regras não impedem que se peça atenção ao leitor para as figuras supostamente envolvidas e as instituições a que pertencem ou pertenceram. No histórico institucional mato-grossense, governo, Assembleia e TCE não escreveram boas páginas nas últimas décadas. Os políticos supostamente com as mãos na massa estão no centro de vários escândalos do colarinho branco. A maneira como Sérgio Ricardo teria agido para ser conselheiro e que Alencar teria feito para se aposentar, e a suposta tentativa de Éder em busca de vaga no TCE sinalizam que instituições e instituídos, nesse caso, se completam.
ALTO E BAIXO – Ministro, no apagar das luzes do governo Temer, Blairo conseguiu com o presidente da República R$ 100 milhões para a obra do Hospital Municipal de Cuiabá.
Riva o denunciou por uma suposta transação criminosa com a construtora Andrade Gutierrez, à qual teria beneficiado com a liberação de R$ 260 milhões em precatórios, numa operação que teria se arrastado de março de 2009 a dezembro de 2012 (parte do governo de Silval Barbosa). A operação exigiria que a construtora assinasse um contrato de cessão de créditos com a factoring de Valdir Piran, a Piran Participações e Investimentos, com deságio de 54% – de onde sairiam recussos por fora. Esse caso é investigado plea Operação Ararath, de Polícia Federal, e recebeu o regionalizado nome de Laja Jato Pantaneira. Blairo nega.
O ambiente contamina

Dizem que a promiscuidade política (diria politiqueira) não permite ao governante agir 100% honestamente. Direta ou indiretamente seu mandato acaba maculado pelo esgoto que é a entranha do poder (há exceção). Pior ainda – acrescentam – é quando o governante participa dos esquemas.
Blairo governou sete anos. Em seu segundo governo aconteceu o Escândalo do Maquinário. Tal caso não causou surpresa e – tradicionalmente como acontece – foi bem abafado pela Assembleia Legislativa e a generosidade da mídia amiga. A única voz contundente a ironizá-lo foi a do então senador Pedro Taques (PDT) que se referia ao nome do programa MT 100% Equipado chamando-o de MT 100% Equipado e 20% Roubado.
Blairo sairia praticamente sem se chamuscar da vida pública em 31 de janeiro de 2018, quando terminou seu mandato no Senado, se não fosse o rumoroso caso que para o Ministério Público (MP) foi a compra da vaga do conselheiro Alencar Soares, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), para o então deputado estadual Sérgio Ricardo. O Maquinário e o precatórios da Andrade Gutierrez seriam apenas citações quando o assunto fosse os grandes rombos sofridos pelo governo. No entanto, a suposta transação para fazer de Sérgio Ricardo conselheiro ganhou lugar de destaque na memória coletiva. Ganhou por uma simples razão: em Mato Grosso, em algum momento, todos os que bebem água ouviram dizer que há venda de vaga no TCE, mas até então a suposta anomalia era citada somente entre quatro paredes. A novidade para muitos foi a teia que se descobriu no curso dos inquéritos e investigações sobre o caso. Essa pecha a cada dia se gruda mais e mais em Blairo.
Blairo é investigado e responde a uma ação complicada por obstrução de justiça nessa suposta jogada que teria resultado na compra da vaga no TCE, e nega tal fato, mas sua voz perde força, porque na mesma ação figuram o ex-presidente da Assembleia, José Riva, o ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário de Fazenda Éder Moraes, todos atolados até o pescoço com a Justiça e condenados em primeira instância por outros supostos crimes. Também, contra a negativa de Blairo, pesa o fato de o TCE estar no centro de um furacão após a delação premiada de Silval ao Ministério Público Federal com homologação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, dando conta do pagamento de milionária propina aos conselheiros Antônio Joaquim, Sérgio Ricardo (olha ele ai de novo), Waldir Teis, Valter Albano e José Carlos Novelli. Da composição titular do TCE, somente Campos Neto e Guilherme Maluf não figuram na lista, mas os nomes de Campos Neto e de Maluf foram citados por Riva enquanto mensaleiros quando deputados estaduais. Aquele órgão técnico de contas auxiliar da Assembleia tem sete membros, mas uma de suas cadeiras, antes da delação de Silval, já estava ocupada interinamente, pois seu titular Humberto Bosaipo se encontrava afastado por determinação do Superior Tribunal de Justiça. Por orientação de seu advogado, Bosaipo pediu aposentaria, perdeu a prerrogativa de foro, mas ganhou fôlego porque as ações que motivaram seu afastamento baixaram para a primeira instância.
Segundo informações de Brasília, Blairo montou uma grande equipe jurídica para limpar seus trilhos. Independentemente do curso processual, a vida segue.
Blairo esteve à frente de um governo que surgiu como esperança e teve fim administrativo, mas se arrasta melancólico pelos tribunais. Pena que esse fato tenha frustrado mais um sonho político mato-grossense, mas por outro lado, tão logo a Justiça o defina em última instância, poderemos respirar outros ares, livres da hipocrisia do texto condicionado sobre tantos casos – não somente esse – que a sabedoria popular chama de batom na cueca.
O Novo perdeu esse rótulo. Blairo está mais experiente do que antes. Sabe que se disputar o Senado terá chance de vitória. Também sabe, que independentemente do resultados das urnas enfrentará nas redes sociais a fúria de muitos cidadãos indignados. A palavra final será dele, nessa corrida contra o relógio no calendário manga curta da eleição suplementar.
PS – Esse é o décimo terceiro capítulo da série UM NOME AO SENADO. Leiam os anteriores:
1 – UM NOME AO SENADO: Sirlei Theis
2 – UM NOME AO SENADO: Waldir Caldas
3 – UM NOME AO SENADO – Neri Geller
4 – UM NOME AO SENADO – Nilson Leitão
5 – UM NOME AO SENADO – José Medeiros
6 – UM NOME AO SENADO – Maria Lúcia
7 – UM NOME AO SENADO – Carlos Fávaro
8 – UM NOME AO SENADO – Gisela Simona
9 – UM NOME AO SENADO – Max Russi
10 – UM NOME AO SENADO – Adilton Sachetti
11 – UM NOME AO SENADO – Carlos Bezerra
12 – Procurador Mauro – PSOL
Continuem acompanhando a série – única postagem que focaliza os virtuais candidatos ao Senado na eleição suplementar em abril.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Agência Senado
2 – Assessoria de Margareth Buzetti
3; de 5 a 10; 11 e 12; de 14 18; e de 20 a 22 – Site público do Governo de Mato Grosso
8 e 19 – Arquivo blogdoeduardogomes
13 – Dinalte Miranda
23 – Ministério da Agricultura
24 – Site público da Assembleia Legislativa
25 e 26 – Site público do TCE
27 – Agência Brasil
Diga não a Blairo Maggi
Demóstenes Milhomem – Fotógrafo Assembleia Legislativa
Medeiros é o candidato de Bolsonaro. Estamos Juntos
Wander Melo – Artista plástico – Rondonópolis
Acho que Blairo Maggi consegue; posso estar enganado
Matusalém Teixeira – Fotógrafo – Rondonópolis
Vixe esse já foi e não virou nada
Jota Macedo – Radialista – Rondonópolis
Minha candidata se chama Gisela Simona
Onira Brum Machado – Aposentada – Cuiabá
Sua série está sendo reveladora. A do caldo Maggi foi excelente. Relembrou tudo. Não escondeu nada sem fazer juízo de valor. Apenas relatou os fatos. Gostei Muito
Antônio Wagner advogado, presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT e membro do Fórum Sindical dos Servidores Públicos do Estado e do Observatório Social de MT
Já teve a sua oportunidade e testado. Não foi água e nem vinho.
Petrônio de Aquino Sobrinho, economista, Cuiabá
Três pequenos esclarecimentos :01 – A propriedade do Senhor André Maggi em São Miguel do Iguaçu – PR, tinha 300 Hect. 02 – Senador Jonas Pinheiro teve que pedir nuito para o pai ( André Maggi) libera-lo para a suplência do Senado – André Maggi era homem determinado e custou a aceitar as ponderações de Jonas Pinheiro. 03- Vetorato, Valdir Theis, José Riva, foram realmente as figuras de frente dos dois governos de Blairo. 04 – A frase mais enigmática proferida pelo Governador Blairo Borges Maggi foi após ser eleito :” Com os recursos que Dante de Oliveira deixou no Paiaguás farei o melhor governo do Mato Grosso” Dito e feito, o Primeiro mandato de Blairo foi progressista e profícuo o segundo uma lástima. 05 – Foi a Primeira vez que a ACRIMAT apoiou a candidatura de um candidato ao governo. Quero parabenizar o brilhante Jornalista Brigadeiro pela lucida reportagem e tão cheia de detalhes o que só poderia sair da lucida honestidade profissional de um jornalista que antes de tudo é combativo e verdadeiro. OBS – Para não dizer que não falei das flores, o PIOR SECRETÁRIO DE BLAIRO MAGGI foi OTAVIANO PIVETTA
Jacyara Cortez de Lucena – Cuiabá
Grande homem é uma pena que o esquema político o engoliu pois ninguém resiste ao gigantismo dos interesses na política. Grande Blairo!!!!
Ruiter Ferraz – Cuiabá