Na última semana, vivi um episódio que jamais gostaria de ter enfrentado. Fui alvo de um comentário capacitista em rede social, que debochava de algo muito maior do que eu: uma condição de saúde que atinge milhões de pessoas em todo o mundo — o Tremor Essencial.
Sou diagnosticado com esse distúrbio neurológico, que provoca tremores involuntários, principalmente na cabeça e nas mãos. Quem convive comigo sabe que esse movimento constante faz parte da minha rotina, não de uma escolha. Não é preguiça, não é nervosismo, muito menos “autopromoção”. É simplesmente a forma como meu corpo reage.
O que é o Tremor Essencial?
O Tremor Essencial (TE) é uma desordem neurológica crônica do movimento e, apesar de muitas vezes ser confundido com a Doença de Parkinson, trata-se de uma condição diferente. É, na verdade, o distúrbio motor mais comum do mundo.
“O Tremor Essencial não define quem eu sou. Mas me acompanha em cada gesto, em cada palavra e em cada momento da vida.”
Prevalência e incidência
De acordo com estudos, o Tremor Essencial apresenta números expressivos:
Geral: cerca de 1% da população mundial convive com o TE.
Idosos: a incidência aumenta com a idade, chegando a afetar até 20% das pessoas acima dos 65 anos.
Brasil: aproximadamente 4 milhões de brasileiros convivem com o TE.
Faixas etárias: pode surgir em qualquer idade, com dois picos principais de incidência: na adolescência e após os 50 anos.
Em muitos casos, os tremores impactam atividades simples do dia a dia: tomar um copo de água, escrever uma palavra ou até segurar o microfone em uma entrevista.
O desafio social: Preconceito e desinformação
O maior problema, muitas vezes, não são os tremores em si, mas o preconceito e a falta de empatia.
Pessoas com Tremor Essencial ainda sofrem olhares tortos, piadas e julgamentos cruéis. Quando um comentário público reduz essa condição a deboche, não atinge apenas a mim, mas todos que carregam a mesma luta.
“Cada vez que alguém faz graça com uma condição de saúde, reforça o estigma que aprisiona milhares de pessoas ao silêncio e à vergonha.”
Apoio e caminhos possíveis
Se você que lê este artigo também convive com o Tremor Essencial, quero deixar algumas mensagens:
Procure ajuda médica: neurologistas podem orientar tratamentos que aliviam os sintomas.
Converse sobre o assunto: não tenha vergonha. Quanto mais falamos, mais quebramos o tabu.
Busque apoio emocional: psicólogos, grupos de apoio e comunidades online podem ajudar na autoestima.
Explique com paciência: muitas pessoas não entendem por ignorância, não por maldade. Educação sempre transforma.
Por um olhar mais humano
Vivemos tempos em que a política, a internet e as disputas de narrativas parecem valer mais que a dignidade humana. Mas a vida me ensinou que nem tudo que reluz é ouro — às vezes é apenas falta de empatia.
O Tremor Essencial não define quem eu sou. Sou escritor, jornalista, pai, esposo, filho, cidadão, e sigo acreditando na força das palavras para mudar realidades e mentalidades.
Que este episódio sirva para ampliar o diálogo, despertar consciência e lembrar que, por trás de cada condição, existe uma pessoa que merece respeito.
“Porque rir do outro é fácil. Difícil — e necessário — é estender a mão.”
Uma comunidade para apoio e união
Pensando nisso, resolvi criar uma comunidade online para que possamos conversar abertamente sobre o Tremor Essencial, trocar experiências e apoiar uns aos outros.
👉 Se você tem TE ou acredita que possa estar sentindo os sintomas, junte-se a nós:
Entrar no grupo de WhatsApp https://chat.whatsapp.com/FuI4wQ0vEGuC63hhGKzL5Z
Vamos nos unir em torno dessa causa. A informação liberta, o apoio fortalece, e juntos podemos transformar dor em acolhimento e empatia.
*Leandro Lima é empresário, escritor, jornalista e convive com o Tremor Essencial
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