Sou mais a brava gente brasileira

O vento frio, forte e cortante não quebrava o silêncio nos contrafortes do Monte Bastione. Nada se ouvia nem se via no começo da tarde de 16 de setembro de 1944, naquele canto da Itália ocupado pelo poderoso Exército Alemão. A enervante monotonia que antecedia o batismo de fogo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi rompida pelo grito seco do oficial comandante do 6º Regimento de Infantaria, ao ver a primeira movimentação da tropa inimiga: fogo! Naquele momento os pracinhas mato-grossenses entraram em combate contra o nazismo ajudando a escrever com sangue e amor patriótico uma importante página do heroísmo militar do Brasil. Neste 8 de maio o mundo celebra os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial – o Dia da Vitória. O tempo, senhor da vida, levou quase todos os nossos heróis, mas o que fizemos por eles? Qual o legado que deixaram? E o que pensamos sobre aqueles bravos que lutaram pela liberdade universal?

Tive a felicidade e a realização profissional de produzir muitas reportagens com os nossos febeanos, que eram liderados pelo pracinha Feliciano Moreira da Costa, que dirigia a regional mato-grossense da associação que representa os ex-combatentes. Nossa conversa era demorada, porém pouca, resumida. Seo Feliciano quase não falava, mas mesmo assim costumávamos formar rodas para prosear. Delas, participavam os pracinhas Gabriel de Souza Guimarães, Joaquim Sérgio dos Santos, Gabriel Ferreira de Jesus, Lício Gomes Ferreira Mendes, Samuel Infantino, Davino Leopoldino de França, Armindo Santana Dias. Rafael Fortunato de Campos, Mário Pinho de Arruda (que também dirigiu a instituição), Aleixo Marcelo Campos e tantos outros. Meus questionamentos não os irritava, mas nenhum se preocupava em responder com rapidez e com os detalhes que cobrava. Mesmo reticentes em suas falas, todos, sem exceção, brincavam entre si e quase sempre fazendo troça sobre os tempos da guerra.

Confesso que sentia prazer em escrever sobre nossos febeanos. Da década de 1900 ao começo dos anos 2000, costumava acompanhá-los nos poucos eventos que participavam. Fui figura constante nas comemorações militares na 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá, quando nas datas voltadas para os feitos da guerra que ajudaram a vencer.
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