SÉRIE (I) – Senado tem que ter passado

Em 15 de novembro Mato Grosso realiza eleição suplementar ao Senado. Os 2.317.102 eleitores escolherão um nome e seus dois suplentes para a cadeira da senadora Selma Arruda (eleita pelo PSL e posteriormente filiada ao PODE), que foi cassada juntamente com os suplentes Beto Possamai e Clerie Fabiana (ambos PSL), por crimes de caixa 2 e abuso de poder econômico. Mesmo sem Selma a representação mato-grossense permanece com três cadeiras, em razão da bionicidade de Carlos Fávaro (PSD). Para mostrar ao eleitorado, sem rodeios, os concorrentes ao cargo, blogdoeduardogomes posta esta série, em 12 capítulos em dias alternados.
Acompanhem a série e a sugiram. Talvez ela seja a única informação detalhada e isenta sobre a verdadeira legião que corre em busca de mandato no Senado.
Leiam para melhor informação, pois via de regra sites postam notas de assessoria por força de entendimentos, mas evitam entrar nos descompassos dos candidatos, se limitando a citar um ou outro caso, de acordo com os interesses que dispensam citação.
blogdoeduardogomes não tem nenhuma ligação com partidos e candidatos. O material será exclusivamente da editoria sem interferência de assessorias, de comitês de campanha ou de marqueteiros.
Neste capítulo, pra situar o leitor, o site faz um breve histórico sobre os senadores mato-grossenses no pós-divisão territorial em 1977 para a criação de Mato Groso do Sul. Esse histórico tem 1978 por marco temporal, mas não se prende ao critério cronológico nesse período.
Os próximos capítulos serão profundos, bem diferentes desta apresentação. Longe de sugerir ou vetar nomes, blogdoeduardogomes quer somente contribuir com informações para que o eleitor saiba mais sobre os candidatos, que obviamente se apresentam como se fossem castas figuras públicas salvadoras da pátria.
Cassação, bionicidade e manga curta


Fávaro foi o terceiro candidato mais votado Senado em 2018, no pleito vencido por Selma Arruda e Jayme Campos (DEM).
Mesmo sem embasamento na Constituição e na legislação eleitoral, Toffoli decidiu que o cargo seja dele por um curto período.
Por norma interna o Senado apreciou a decisão de Toffoli e o relator desse caso foi Eduardo Gomes (MDB/TO).
Toffoli empurrou Fávaro ao Senado atendendo reclamação do PSD, que entendia ter direito à cadeira da senadora cassada, uma vez que seu candidato foi o terceiro mais votado ao cargo; e ao governador democrata Mauro Mendes, que pleiteou igual ao PSD, mas por outra razão: via desequilíbrio na representação federativa de seu Estado, por ficar reduzido a duas cadeiras.
Antes de Fávaro, também houve um senador biônico e outro manga curta. Na eleição de 1978, as três vagas de senador teriam que ser preenchidas por Mato Grosso, e nos demais estados, duas. Isso por conta da divisão territorial que um ano antes deixou os mato-grossenses sem representação no Senado.
À época, em 1978, o regime militar determinou que um senador fosse biônico, e a escolha recaiu sobre Gastão Müller (Arena), para cumprir mandato de oito anos. Entre os dois que seriam eleitos, o mais votado seria senador por oito anos, e o menos, por quatro, para manter a tradição da renovação alternada entre um e dois senadores.
O mais votado em 1978 foi Benedito Canellas, da Arena, e Vicente Vuolo, correligionário de Canellas, recebeu a menor votação.
Valdon Varjão, suplente de Gastão Müller o substituiu pelo sistema de rodízio parlamentar e, com isso, Varjão se tornou o primeiro senador negro no Brasil. Escritor, Varjão residia em Barra do Garças, onde foi cartorário.
Senador morre

Jonas Pinheiro era senador pelo DEM, quando morreu em 19 de fevereiro de 2008, no Hospital Amecor, em Cuiabá, onde tratava de complicações do diabetes.
Jonas Pinheiro da Silva era veterinário, tinha 67 anos e cumpriu três mandatos consecutivos de deputado federal; Ao morrer exercia o segundo mandato consecutivo no Senado. Seu primeiro suplente e correligionário Gilberto Flávio Goellner o substituiu.
Goellner é empresário do agronegócio, dirigente ruralista e agrônomo; reside em Rondonópolis.

Goeller se licenciou e o segundo suplente Jorge Yanai ocupou sua cadeira se tornando assim o primeiro senador brasileiro de origem japonesa.
Jorge Yoshiaki Yanai é empresário, pecuarista e médico em Sinop.
Taques renuncia

Em 2010 Pedro Taques (PDT) se elegeu senador. No final de 2014 renunciou para assumir o cargo de governador, para o qual foi eleito em primeiro turno naquele ano. Sua cadeira foi ocupada pelo primeiro suplente José Medeiros (PPS), que ao longo do mandato trocou de partido.
Em 2018 Medeiros chegou à Câmara dos Deputados pelo Podemos.
Em família

Em família. Júlio Campos se elegeu senador em 1990. Em 2006 seu irmão Jayme Campos também se elegeu ao Senado e repetiu o feito em 2018. Ambos são filiados ao DEM desde suas origens na Arena e foram governadores. Jayme por três vezes foi prefeito de Várzea Grande, e Júlio, uma. Aquele município é administrado pela mulher de Jayme, Lucimar Campos (DEM).
Presença feminina

A primeira senadora foi Serys Slhessarenko (PT), que conquistou mandato em 2002. Selma Arruda, a segunda, se elegeu em 2018 e foi cassada.
Os senadores hoje

A representação mato-grossense no Senado é composta por Carlos Fávaro, Jayme Campos e Wellington Fagundes (PL).
Jorge Yanai (Podemos) que foi suplente de Jonas Pinheiro ocupa a primeira suplência de Wellington Fagundes; o segundo é o professor universitário aposentado Manoel Motta (Movimento 65).
Fábio Garcia (DEM) e Cândida Farias (MDB) são os suplentes de Jayme Campos.
Fábio reside em Cuiabá, foi deputado federal na legislatura anterior e preside regionalmente seu partido; é neto do ex-governador Garcia Neto.
Cândida, reside em Barra do Garças, é pecuarista, viúva de Wilmar Peres de Farias, que foi governador, e mãe do prefeito de Barra do Garças, Beto Farias (MDB).
Adeus Mato Grosso

Roberto Campos se elegeu senador pelo PDS em 1982, mas antes do término do mandato transferiu o título para o Rio de Janeiro, onde conquistou dois mandatos consecutivos de deputado federal.
Roberto Campos foi um dos mais respeitados economistas em sua época, integrou a Academia Brasileira de Letras, publicou artigos nos principais jornais brasileiros e foi embaixador, Ocupou ministérios em diversos governos. Respeitosamente era chamado de Embaixador Roberto Campos, mas a oposição o apelidou Bob Fields, por considerá-lo entreguista a serviço dos Estados Unidos..
Cuiabano, Roberto de Oliveira Campos nasceu em 17 de abril de 1917 e morreu em 9 de outubro de 2001.
A eleição do Embaixador Roberto Campos foi um marco na distribuição de dinheiro para os chamados líderes políticos, cabos eleitorais e eleitores. Onde houvesse um opositor, uma verdadeira máquina partidária chegava e negociava apoio para ele.
Dois mandatos em um

Em 1994, Carlos Bezerra renunciou ao segundo mandato alternado de prefeito de Rondonópolis para concorrer e vencer a eleição ao Senado pelo PMDB. Seu vice-prefeito Rogério Salles assumiu o cargo. Quatro anos depois, na metade do mandato, Bezerra se lançou novamente ao Senado, num palanque que tinha o candidato ao governo Júlio Campos do atual Democratas – ambos foram esmagados nas urnas.
Antes do Senado o advogado e empresário Carlos Gomes Bezerra foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de Rondonópolis e governador. Em 1990 disputou sem sucesso o cargo de senador. Em 2002 Bezerra novamente tentou se eleger senador, mas foi derrotado. Em 2006, 2010, 2014 e 2018 conquistou mandatos consecutivos de deputado federal.
Antes do primeiro mandato Bezerra foi filiado ao PTB. Depois, sempre militou no MDB, PMDB e MDB. Regionalmente preside seu partido desde tempos imemoriais.
Político, não; candidato, sim

Desde 1994, quando se elegeu primeiro suplente do senador Jonas Pinheiro, Blairo Maggi disputou eleição, muito embora teime em dizer: não sou político.
Governador eleito em 2002 e reeleito em 2006, sempre em primeiro turno. Campeão nas urnas em Mato Grosso, foi o primeiro – e único – político a superar um milhão de votos em um só pleito: em 2010 recebeu 1.073.039 votos para o Senado encabeçando uma chapa que se completava com Cidinho dos Santos e Rodrigues Palma, ambos então seus correligionários no PR (agora PL).
Cidinho o substituiu no Senado em algumas ocasiões, mas em 12 de maio de 2016, ao ser empossado ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do presidente Michel Temer, Blairo deixou o cargo ao suplente. Ao término do mandato, Cidinho se afastou pelo sistema de rodízio pra que Rodrigues Palma chegasse ao plenário. Para ganhar ao Ministério Blairo se filiou ao PP, por razões de fatiamento partidário do governo.
Blairo Borges Maggi é paranaense, mas registrado como se tivesse nascido no Rio Grande do Sul. É um dos maiores empresários da cadeia do agronegócio mundial e agrônomo; reside em Cuiabá.
Senadores 1978 a 2018
Ano 1978
Gastão Müller (Arena), Benedito Canellas (Arena) e Vicente Vuolo (Arena)
Ano 1982
Roberto Campos (PDS)
Ano 1986

Márcio Lacerda (PMDB) e Louremberg Ribeiro Nunes Rocha (PMDB)
Ano 1990
Júlio Campos (PFL)
Ano 1994

Jonas Pinheiro (PFL) e Carlos Bezerra (PMDB)
Ano 1998

Antero Paes de Barros (PSDB)
Ano 2002
Jonas Pinheiro (PFL) e Serys Slhessarenko (PT)
Ano 2006
Jayme Campos (PFL)
Ano 2010

Blairo Maggi (PR) e Pedro Taques (PDT).
Ano 2014
Wellington Fagundes (PR)
Ano 2018

Selma Arruda (PSL) e Jayme Campos (DEM)
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1, 3, 7, 9, 10, 15, 16 e 17 – Agência Senado
2 – Arte Marco Antônio Raimundo – Marcão
4 – Instituto Memória do Poder Legislativo
5 – Fundação MT
6 – Maurício Barbant
8 – Flickr DEM 2018
11 e 12 – Agência Câmara
13 – Facebook Blairo Maggi
14 – Jornal Oeste – Cáceres – www.jornaloeste.com.br
18 – blogdoeduardogomes
Uma aula de política de MT. Especial aos senadores e seus suplentes, para a garotada se situar.
Maurício Oliveira – Servidor da UFMT – Cuiabá
Parabéns! Uma história bem contada sobre os Mato-grossenses no Senado!
Elza Queiroz – Médica anestesiologista, professora universitária, ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, pré-candidata a suplente de senadora pelo Cidadania, na chapa de Pedro Taques (Solidariedade)
Bela aula, Eduardo!
É disso que o povo precisa: a história contada sem rodeios e paixões!
Seguirei!
Clovis Matos – Servidor da Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá
Eu compartilhei essa aí, agora, aqui nos grupos. Sempre estou lendo… na rádio.
Perfeito. Abraço
Wallacy Riboli – Jornalista, radialista e apresentador de TV – Canarana