Senado indigesto para senadoras mato-grossenses

Selma Arruda (PSL), juíza aposentada e estreante em política é a segunda senadora eleita por Mato Grosso. A primeira foi Serys Slhessarenko (PT), que venceu a eleição em 2002. Serys cumpriu o mandato, mas entrou em parafuso político. Selma poderá perde-lo por conta da ação a que responde por crime de abuso de poder econômico e de caixa 2 – ela nega ambos os crimes.
Serys chegou ao poder pelo partido do então presidente Lula da Silva – foi senadora governista. Selma conquistou o mandato colando seu nome ao do então candidato a presidente e seu correligionário Jair Bolsonaro, que tinha Mato Grosso aos seus pés.
Selma é estreante em política, mas tem a experiência do exercício da magistratura. Serys tem bagagem política: foi secretária municipal e estadual de Educação, cumpriu três mandatos consecutivos de deputada estadual, é advogada e professora.
Serys foi de absoluta fidelidade a Lula, mas o PT em Mato Grosso a engoliu a tal ponto que não lhe deu legenda para tentar a reeleição em 2010, preferindo lançar – sem sucesso – o deputado federal Carlos Abicalil.
Selma reza pela cartilha de Bolsonaro, mas revela sem detalhes que não se sente bem no PSL e que migrará para o Podemos – da base do presidente.
Serys depois do Senado fez turismo partidário, disputou eleições e não voltou ao poder.

Selma foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral, por unanimidade, pelos citados crimes de abuso de poder econômico e caixa 2. Recentemente a procuradora-geral da República, Raquel Dodge deu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) parecer favorável à cassação de sua chapa. Seu mandato está na gangorra e enquanto a ação tramita, ela ganha sobrevida.
O que acontece com as senadoras mato-grossenses?
Serys continua militando politicamente e poderá disputar novas eleições. Em 2006 seu nome foi associado ao esquema da Máfia das Ambulâncias – caso Sanguessugas – mas o Senado a absolveu juntamente com o senador Ney Suassuna (PMDB/PB). Mantida a cassação de Selma arrastaria consigo os suplentes e correligionários Beto Possamai (primeiro) e Clerie Fabiana, e estaria inelegível nos próximos anos.
Caso Selma caia restará somente um mulher na bancada federal mato-grossense: a deputado petista Rosa Neide, que acaba de ganhar sobrevida com uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que trancou a investigação sobre ela, no vergonhoso caso de desvio de recursos da Secretaria de Estado de Educação, quando a mesma era sua titular.
EXTEMPORÂNEA – Caso Selma seja cassada, haverá eleição suplementar ao Senado. Esse pleito, caso se faça necessário, poderia ter sido evitado se não fosse a morosidade da Justiça Eleitoral – que agora Selma critica – pois os supostos crimes teriam sido praticados ao longo da campanha, e antes da eleição deveriam ter sido julgados.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS: Valmir Faria em Campo Verde
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