Segundo dizia, colunista social não nasce; brota
Colunista social não nasce; brota. Com esta frase o decano em atividade no colunismo social brasileiro desconversou sobre sua idade, mas inflou o peito sobre o lugar onde nasceu: Rosário Oeste. Para os íntimos, amigos e admiradores é Jejé. Na pia batismal recebeu o nome de José Jacintho de Siqueira. Na religiosidade é Jejé de Oyá, cuiabano por adoção desde a infância.
Colunista desde 1964, ininterruptamente, Jejé, deu luz e brilho ao deslumbramento de madames, cobriu eventos sociais, botou na mídia o glamour de gerações cuiabanas. Começou na “Folha Mato-grossense”, que saiu de circulação. Passou pelos jornais já extintos: “Equipe”, “A Cruz” e “Social Democrata”. Foi colunista semanal – aos sábados – no “Diário de Cuiabá”.
Irreverente, feliz, pleno. Figura referencial em Cuiabá. Jejé foi presença indispensável nos bailes de gala, na Parada Gay, nas madrugadas, nos desfiles de carnaval enquanto carnavalesco, e onde mais houvesse alegria.
O colunismo para ele surgiu por sugestão da senhora Elza Costa Marques. Jejé era costureiro e foi a uma festa da elite cuiabana, acompanhando o amigo e então recém-formado em Belas Artes na Bahia, João Pedro – irmão da saudosa jornalista Martha de Arruda. Naquele evento, uma cobrança o fez refletir sobre a profissão que ali abraçaria: “por que você que sabe de tudo não vai pro jornal e escreve sobre a sociedade?”, questionou Elza.
Após a cobrança de Elza, Jejé jogou a tesoura fora. Mato Grosso perdeu um de seus costureiros e ganhou o ícone do seu colunismo social.
Debilitado, aos 81 anos, depois de longa enfermidade, Jejé fechou os olhos para sempre em 11 de janeiro de 2016, quando era levado de ambulância para um hospital em Cuiabá, após passar mal com problema respiratório, em seu quarto, num residencial geriátrico particular, no bairro Boa Esperança. O prefeito em exercício, vereador Haroldo Kuzai, decretou luto oficial de três dias por sua morte.
EDUARDO GOMES
blogdoeduardogomes (Também foto)
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