Safra da soja aumenta em Mato Grosso

Mais uma vez o chororô de entidades que representam o agronegócio falha. Ao invés de queda na produção Mato Grosso aumenta a quantidade de soja colhida. Isso é o que aponta o primeiro levnatamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado no final de semana. A área mato-grossense cultivada com a leguminosa passa de 9.699,5 mi/ha para 9.951,7 mi/ha (aumento de2,6%) no comparativo da safra anterior com a que ora é cultivada. A produtividade sofre leve variação negativa (0,5%) passando de 3.346 kg/ha para 3.328 kg/ha. A produção sobe de 32.464,5 mi/t para 33.119,3 mi/t.
No Brasil a produção deverá alcançar 120,4 mi/t, com aumento de 4,7% no comparativo com 2018/19 quando a safra foi de 119,3 mi/t.
Em Mato Grosso o discurso da representação classista dos produtores rurais é o da tragédia. Esse falatório é bem reproduzido pela mídia, quase sempre ligada às entidades do setor produtivo. Em 2016 publiquei o livro Nortão BR-163: 46 anos e nele dediquei espaço ao agronegócio na região abordada, alertando para a inconsistência do que se diz e ao mesmo tempo mostrei a realidade. Leiam o capítulo abaixo, que apresenta número relativos ao ano da publicação.
A realidade e o rótulo da agricultura

Tão ou maior que a produção agrícola em Mato Grosso é o chororô das entidades representativas puxadas pela Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) e a Associação dos Produtores de Algodão (Ampa). Não é fácil se chegar à informação precisa, clara e objetiva sobre produção produtividade agrícola e rentabilidade. Uma verdadeira máquina disseminadora de pessimismo e criadora de fantasiosas catástrofes financeiras se encarrega de massificar adversidades criadas atrás das orelhas e frustrações de safras que nunca se confirmaram a médio ou longo prazos, muito embora raramente ocorram oscilações de um para outro ano. Ora a máquina culpa o El Niño pelo caos. Ora joga nas costas de São Pedro. Ora, os responsáveis são os fungos, as doenças e assemelhados. O dólar jamais é absolvido; quando sobe não se diz que ele é a moeda que paga as commodities exportadas – fala-se apenas que os insumos são cotados por ele; quando despenca o discurso muda e a moeda americana se transforma no vilão muquirana. O frete é um marginal! Nunca tais entidades tiveram a decência de dizer: obrigado Mato Grosso por sua generosidade com nossos sindicalizados ou associados! Fazendo coro com elas, jornalistas e formadores de opinião se prestam ao ultrajante papel de avalizarem com seus textos, vozes e imagens a deslavada mentira que pinta a agricultura como atividade insegura e sem lucratividade, como se ela não fosse o que é: transformadora de pobres em suas regiões de origem em barões da soja na abençoada e ensolarada terra do Marechal Rondon.
Não confiem nos números da tragédia fabricada. Tenham em mente que Sorriso cultiva 626 mil hectares (ha) de soja e responde por 17% da safra mato-grossense ou por 3% da produção dessa leguminosa no Brasil. Regionalizando esses percentuais pode se afirmar com índices arredondados que o Nortão responde por 30% dessa leguminosa em Mato Grosso cuja safra ano após anos chegou ao patamar de 28 milhões de toneladas liderando com folga a produção nacional.
A soja que chegou ao Nortão como única lavoura na mesma área em um ano agrícola foi desbancada na década de 1990 pela rotação de cultura, com a dupla vantagem econômica e ambiental da safrinha, que permite no mesmo espaço, dois cultivos distintos no mesmo ano, em plantio direto. Assim surgiu a safrinha, que deveria ser chamada de safrona, porque sua produção estadual dá a Mato Grosso o título de maior produtor nacional de milho safrinha e o faz responsável por um mar branco no campo, que em números representa 65% do algodão tupiniquim.
A cotonicultura mato-grossense cultiva 580 mil ha e produz em média 2,3 milhões de toneladas de algodão em caroço que se resumem em 935 mil toneladas de plumas de primeira qualidade. Um terço dessa lavoura leva a chancela do Nortão.
O milho safrinha de Mato Grosso se espalha por 4,25 milhões de ha com 40% dessa lavoura no Nortão e sua produtividade média gira em torno de 110 sacas/ha. Sorriso, o maior produtor nacional do cereal, colhe 2,6 milhões de toneladas e Lucas do Rio Verde 765.000 toneladas.
Quem se encarrega de desmentir a permanente e fantasiosa catástrofe agrícola é o tempo. Busco dois exemplos sobre esse tema, um com o senador e ministro da Agricultura Blairo Maggi, fora do Nortão, e outro nessa região, com Sorriso, o maior município agrícola do mundo.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS: Livro Nortão BR-163: 46 anos depois
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