Rodovia Cuiabá-Rondonópolis e sua duplicação no conta-gotas

No conta-gotas, mas vai. Assim é a duplicação da BR-364/163 entre Cuiabá e Rondonópolis, num trajeto de 200 quilômetros. A obra se arrasta há 14 anos e sua conclusão depende da construção dos contornos de Jaciara, São Pedro da Cipa e Juscimeira. Isso, fora da área da capital, onde as obras de duplicação plena, com viadutos e vias laterais estão paralisadas, sem previsão de retomada, sob a justificativa da pandemia do coronavírus. Dos três contornos, o de Jaciara, nem Deus sabe quando começará. Os demais avançam.
O contorno de Juscimeira terá sete quilômetros, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), que o executa, e deverá ser entregue ao tráfego no final de julho. O de São Pedro da Cipa, com quatro quilômetros está previsto pra ser concluído em dezembro. O gargalo em São Pedro é a construção de uma ponte sobre o rio São Lourenço. O Dnit foge mais do assunto sobre o contorno de Jaciara, como o diabo corre da cruz, e sequer revela qual será sua extensão – sobre seu custo, então, nem pensar.
O trecho de Cuiabá a Rondonópolis é parte da concessãoda BR-163 em parte de Mato Grosso, dada em março de 2014. Trata-se do maior corredor nacional de escoamento de grãos se estende por 850,9 quilômetros compreendidos entre o trevo com a MT-220, no acesso a Juara, município de Sinop, e a divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul, em Itiquira. Esse filé foi entregue pelo governo brasileiro ao Grupo Odebrecht (por meio de sua empresa Odebrecht Transport, dona da Rota do Oeste), por 30 anos para exploração de pedágio em troca de sua duplicação e conservação, mas com um mimo nos moldes de pai para filho: 400 quilômetros seriam duplicados pelo contribuinte por meio do Dnit, porque tal trajeto já estaria licitado. Detalhe: a duplicação bancada pelo povo compreende os trechos de Rondonópolis a Cuiabá, e de Rosário Oeste a Posto Gil (de Diamantino), onde as rodovias 163 e 364 deixam o trecho coincidente, com a primeira rumando ao Norte, e a outra a Oeste.
Todo contrato tem cláusula temporal. Nesse caso, a Rota do Oeste deveria duplicar a rodovia fora do trecho encarregado pelo Dnit para tanto. Caberia a ela, em cinco anos, executar a obra em dois segmentos: da divisa Mato Grosso-Mato Grosso do Sul a Rondonópolis, e de Posto Gil a Sinop. Tal responsabilidade contratual não foi cumprida entre Posto Gil e Sinop.
Mesmo sem investir R$ 5,5 bilhões previstos no contrato da concessão, e de braços cruzados no tocante às obras, a Rota do Oeste faz da concessão um maná quando o assunto é cobrança de pedágio.
O tempo passa, o pedágio continua implacável em suas praças de cobranças, a obra que toca ao Dnit se arrasta e o trecho que deveria ser duplicado pela Rota do Oeste está entregue às moscas.
Redação blogdoeduardogomes
FOTO: Assessoria do Dnit – Divulgação
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