Responda: você tem tempo para ler todas as mensagens do WhatsApp?

O surgimento desses grupos alterou a dinâmica entre alunos, escola e pais, de maneira profunda. Empoderou a todos, indistinta e simultaneamente. A virtude é que há sempre quem critique e quem defenda e, desde que preservados a forma (escrita educada e respeitosa) e o conteúdo (responsabilidade pelas mensagens trocadas), todos os pontos de vista são bem-vindos e devem ser respeitados. Porém, o julgamento que brota, silencioso e invisível em mensagens ou emojis, acaba por revelar a incapacidade de alguns responsáveis em transitar com ponderação diante de divergências – que são muitos comuns em famílias tão diferentes.
Vale relembrar que ato coletivo sempre confere mais poder que o gesto individual. Por isso, os responsáveis preferem se articular antes nos grupos de Whatsapp, reunindo outras vozes em torno de si – e só então levar a questão para o colégio. O problema dessa estratégia é que, em boa parte das vezes, um pequeno erro ou um mal-entendido tomam a proporção de crise. E essa crise acaba por “explodir” dentro da escola, na maioria das vezes, causando mal-estar entre famílias e professores, entre colegas de turma. Falta serenidade para conseguir enxergar que toda história tem dois lados e mais de uma parte interessada. Praticar a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro) e a alteridade (entender que o outro é o outro, portanto diferente de nós) é que nos permite avaliar a situação com calma e, porque não dizer, rever posições que julgávamos imutáveis.
Creio que seja do conhecimento de todos que aceitar participar de um grupo implica em ser responsabilizado – em situações extremas, civil e criminalmente, especialmente quando ocorrem injúria, calúnia ou difamação nos grupos – por todos os conteúdos ali apresentados, pois a omissão significa concordância e ciência, portanto conivência. Se no grupo circular alguma calúnia ou inverdade, seus integrantes não podem alegar desconhecimento. Cada participante tem o dever de, além de se manifestar por meio do registro escrito acerca do assunto (caso não concorde), fazer a informação chegar até a escola para que as providências cabíveis sejam tomadas. Uma boa dica a todos os participante é somente dar o aceite no grupo se tiver condições e tempo para acompanhar e se posicionar.
Acedriana Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
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