Boa Midia

Resíduos e Gestão Ambiental: o papel do farmacêutico

O descarte de medicamentos vencidos é uma preocupação relevante para a saúde pública, pois podem ser considerados resíduos tóxicos de acordo com sua composição. Dependendo do grau de toxicidade, podem causar contaminação no meio ambiente, por isso não podem ter a mesma destinação final de resíduos comuns.
Segundo dados levantados, em 2010, as estatísticas mostram que 1 kg de medicamento descartado no esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água.
 Muitos produtos não medicamentosos comercializados ou utilizados no dia a dia dos estabelecimentos de saúde, especialmente farmácias e drogarias, podem ser agressivos ao meio ambiente e à saúde da população, caso descartados na natureza de maneira inadequada. Como por exemplos: Removedores, esmaltes, batons, tinturas de cabelo, pilhas de aparelhos de pressão e de aferição de glicemia, balanças, entre outros.
A população deve ser orientada com informações sobre os resíduos mais agressivos e tóxicos e o tipo de perigo que podem provocar a saúde. Nesse sentido, cabe também ao farmacêutico o papel de orientação quanto aos riscos de descarte inadequado desses produtos, tendo em vista sua atuação em ações relacionadas à educação em saúde, por meio da comunicação com a população quanto aos medicamentos.
Publicada em 2010, a Política Nacional de Resíduo Sólido (PNRS) é a principal norma que trata do assunto no país. Todos concordam que é uma lei muito bem construída, que prevê a responsabilidade compartilhada, ou seja, cada elo da cadeia – do produtor ao consumidor final – é responsável solidariamente pelo ciclo de vida do produto. Porém a PNRS não inclui os medicamentos.
Para funcionar, a logística reversa deve começar no consumidor de medicamentos. O primeiro passo é conscientizar a população sobre os riscos do descarte indevido e o segundo passo é oferecer a ela meios para que possa fazer isso corretamente e com segurança.
Tramitam no Congresso projetos de lei que tratam da logística reversa de medicamentos, com propósito de inserir dispositivos na PNRS, obrigando fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos a adotarem logística reversa para os resíduos de medicamentos, produtos em desuso e impróprios para o consumo, todos provenientes do consumidor.
Nesse meio tempo, alguns Estados propuseram leis para tornar obrigatória a coleta dos resíduos farmacêuticos. Como é o caso de Mato Grosso, por meio da aprovação da Lei nº 10.600/17 que “obriga as farmácias receberem medicamentos e produtos farmacêuticos com prazo de validade vencido e dá outras providências”.
O farmacêutico tem hoje, mais de 130 áreas de atuação regulamentadas pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), e uma delas vem sendo cada vez mais demandada pelo mercado de trabalho, o farmacêutico ambiental.
Numa época em que as exigências relacionadas ao controle ambiental são cada vez maiores, o farmacêutico desponta como profissional preparado para atuar nesse promissor nicho de mercado.
Os farmacêuticos trabalham o controle regulatório e a gestão de medicamentos em farmácias comunitárias, farmácias hospitalares e indústrias farmacêuticas. Faz-se referência à importância do farmacêutico dentro das organizações e, dentre elas, as indústrias farmacêuticas, grandes idealizadoras de subsídios de saúde. Porém em contrapartida, possíveis arrematadores de mácula ambiental.
Deste modo fica ressaltado o papel do farmacêutico no sistema de gerenciamento em saúde, envolvendo o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O farmacêutico se torna pedra fundamental nesse processo, já que ele é o profissional responsável pelo estabelecimento e cumprimento de um enumerado de normas e procedimentos dentro da indústria.
Luís Fernando Köhler é farmacêutico, conselheiro regional do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Mato Grosso (CRF-MT) e membro da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos e Farmácias Comunitárias (SBFFC)

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies