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“Recuperação emocional pós-cura do câncer merece atenção”, alerta psicóloga

 Andreia Ramos fala a pacientes
Andreia Ramos fala a pacientes

No momento em que se põe um “ponto final” na história do câncer, outra história se inicia. Após concluir um tratamento contra a neoplasia, os pacientes têm que se preparar para novos desafios: a reabilitação física, o combate aos efeitos colaterais dos medicamentos e, em especial, a recuperação emocional.

Conforme explica a psicóloga do Hospital Santa Rosa, Andreia Ramos, voltar à “normalidade” depois de uma batalha finalizada é, ao mesmo tempo, algo assustador e instigante. Logo, sentir medo após o fim do tratamento é normal e justificável. Afinal, por um período, rotineiramente, os pacientes precisaram fazer exames de controle tendo em vista a chance de recidiva.

“Ao mesmo tempo em que há uma felicidade enorme, existe – por tempos – o medo de que a doença pudesse ‘retornar’. Voltar para a rotina depois da alta do médico não é fácil. Tanto que o acompanhamento emocional não para – nem deve parar – com a cura”, comenta.

Andreia ressalta que traumas decorrentes do tratamento – e da doença em si – são muito comuns. “A pessoa enfrentou diversas situações e sentimentos – entre eles, por vezes, a solidão. Em alguns casos, por exemplo, a família impõe ao paciente que não sofra. Não ceda à tristeza. Só que, aí, ao encerrar o tratamento, vem a descarga emocional. O indivíduo acaba entrando em depressão, pois não conseguiu – no momento certo – chorar. Não se permitiu ficar triste”, enfatiza.

VIVER APÓS O CÂNCER – A psicóloga complementa que é natural que novas batalhas acabem se delineando na vida das pessoas. “Começa uma nova fase de adaptações e/ou ajustamentos. É preciso lidar com sequelas físicas, que podem prejudicar a volta ao trabalho; superar o olhar de ‘dó’ que os outros possam vir a direcionar; enfrentar o sentimento de culpa por ter vencido a doença enquanto outros que estavam em tratamento no mesmo período não tiveram um bom resultado; até encarar questões ligadas à fertilidade/sexualidade”, cita.

No entanto, Andreia alerta que mudanças positivas costumam ocorrer dessa experiência. “A vida após o câncer existe e pode ser muito boa. A maioria das pessoas passa a ter uma visão diferenciada dela. Procuram prezar por mais qualidade nos relacionamentos, buscam praticar novas atividades que reafirmem que estão vivas, ganham mais ânimo para o trabalho, criam hábitos mais saudáveis, mudam o estilo de vida e esquecem de medos antigos – que se tornam insignificantes diante da jornada”, pondera.

Assessoria com foto divulgação

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