Pivetta entra na disputa ao Paiaguás
EXCLUSIVO – Otaviano Pivetta: Pedro Taques desorganizou as contas do Estado
Otaviano Olavo Pivetta, empresário, produtor rural e à espera das convenções para trocar sua condição de pré para candidato pedetista ao governo em coligação com uma dezena de partidos. Essa qualificação está correta ou poderá mudar? – pergunto-lhe. “Coloquei meu nome à apreciação, recebi apoio do PDT estadual e nacional, tenho o aval de outros partidos e de lideranças partidárias. Portanto, essa definição está correta”, responde. Com o martelo batido Pivetta está em campo para o embate nas urnas em 07 de outubro.
Pivetta não entra em detalhes sobre formação de chapa ao governo e Senado. Entende que o assunto é amplo e que deve ser discutido com profundidade, clareza e urgência entre os partidos e os líderes de oposição que se somam ao PDT. Na próxima segunda-feira, essas siglas e lideranças políticas divulgarão uma carta fundamentando sua oposição ao governador Pedro Taques. Numa segunda carta será destacada a legitimidade do lançamento de candidaturas majoritárias e proporcionais.
Cauteloso e evitando nomes, ao ser questionado sobre o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (DEM), que tem seu nome citado entre os prováveis candidatos ao governo, Pivetta respondeu com uma pergunta, “É meu amigo. Seria um bom vice?”. Ainda com cautela, admitiu que mantenha diálogo com o senador republicano Wellington Fagundes, que figura entre os pré-candidatos ao governo. “Converso com todos”, disse apontando para a deputada estadual Janaína Riva (MDB) que o acompanhou até momentos antes da entrevista.
Articulando 25 horas por dia, Pivetta abriu curto espaço em sua agenda na manhã de ontem para falar sobre seu projeto político. A entrevista deixou de lado as possíveis composições partidárias. Focalizou a relação política dele com Taques, servidores públicos, sua avaliação do governo e o que faria caso assumisse o Paiaguás.
Pivetta reconheceu que coordenou a candidatura de Taques ao Paiaguás em 2014, e que juntou seu voto ao da maioria que o elegeu em primeiro turno “por seu desempenho no Senado e seu histórico no enfrentamento do crime organizado”.
Seus diálogos incluem os servidores públicos? – pergunto. “Tenho conversado com servidores e membros dos sindicatos dos servidores. A opinião de todos é muito convergente. Dizem que o governador não soube aproveitar a força de trabalho do Estado. Logo de chegada ele (Taques) arrumou um grande conflito com os servidores para não quitar a RGA, o que mais tarde acabou acontecendo e, portanto, não haveria razão alguma para todo aquele conflito, que nasceu da falta de estratégia, demonstração de falta de habilidade e de liderança. Nós temos que resgatar o entusiasmo e a força de trabalho do servidor, porque o Estado não sobrevive sem o engajamento do servidor, sem a melhoria do serviço público. Por isso, temos que treina-lo melhor, para isso temos que investir na qualificação do nosso servidor e especialmente na motivação, e motivação não se faz somente com salário, se faz com respeito, com liderança, com conscientização. Defendo que se pague bem, entendo que se não houver um pacto entre governantes e servidores a chance de sucesso é remota. Precisamos que o novo governador fique em sintonia com os servidores, em diálogo permanente”, pontuou.
Caos. Esse é o conceito de Pivetta sobre o governo Taques. “Ele (Taques) não tem repassado pontualmente os recursos aos municípios e não paga pontualmente conta nenhuma do Estado. A média de inadimplência junto aos fornecedores – quem vende ao Estado – é de 180 dias ou seis meses, mas tem credor esperando pelo pagamento há mais de um ano. Ele (Taques) assumiu o Estado com R$ 800 milhões de restos a pagar, mas tinha disponibilidade de cerca de meio bilhão de reais em financiamentos no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, e tinha também um ano do FEX de 2014 que acabou recebendo em 2016. Então se compararmos os restos a pagar com as disponibilidades ele (Taques) pegou o Estado zerado. Hoje, o secretário de Fazenda Rogério Gallo, diz que o Estado tem um resto a pagar superior a um bilhão e meio de reais e a média de inadimplência do governo é de seis meses. Então ele (Taques) desorganizou as contas do Estado. Ele (Taques) também teve a ‘capacidade extraordinária’ de destruir os valores do Estado, porque na má gestão dele (Taques) o Estado foi rebaixado em sua nota de crédito saindo de “B-“ para “C”, e com ela não conseguimos aval do Tesouro Nacional, não conseguimos empréstimo algum. Ele (Taques) destruiu o crédito do Estado e o próximo governador terá que reconstruir isso. Pelos cálculos dos técnicos da Secretaria de Fazenda e do Banco Mundial isso somente será possível a partir do ano 2020. Então não serão apenas os quatro anos dele (do mandato) que serão perdidos. Ele (Taques) transformou Mato Grosso num gigante imóvel. Isso é lamentável, pois o Tesouro permite que os Estados saneados se endividem até 20% de seu PIB, mas ele (Taques) nos levou para um estranho caminho. Precisamos pensar que se a administração fosse boa poderíamos contrair uma dívida de até R$ 26 bilhões para investirmos em educação, saúde, infraestrutura etc., mas nossa dívida é de apenas R$ 6,5 bilhões. Então o Estado está engessado. Se não estivéssemos no caos poderíamos contrair boas dívidas tanto externas quanto internas para fazermos uma grande revolução desenvolvimentista. Ainda sobre Gallo, eu o vejo enquanto brilhante servidor público, que está lutando muito para resolver o problema em Mato Grosso”, desabafou.
Na frase ‘capacidade extraordinária de destruir os valores do Estado’ Pivetta resume sua avaliação do governo. Didático, compara o custo anual do aluno na rede pública com os matriculados nas escolas municipais em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum: o orçamento da Secretaria de Educação (Seduc) de R$ 3 bilhões e atende 440 mil alunos, com cada um custando R$ 6.800/ano, enquanto as duas prefeituras investem 5.500 por aluno anualmente e oferecem melhor ensino e melhor rede física.
Pivetta entende que Taques falhou em tudo: a saúde é trágica, educação, segurança, saneamento, transporte, “nada funciona”. Sobre estradas Pivetta explica que o programa rodoviário de Taques apenas executa o financiamento obtido pelo governo anterior, de Silval Barbosa, que inclusive deixou ordens de serviços para a pavimentação ora em curso.
Apontar falhas é fácil. Mas como mudar isso? – provoco. “Tenho um histórico administrativo em Lucas do Rio Verde onde fui prefeito. Quero governar com Mato Grosso, com todos, ao contrário dele (Taques), que tem a capacidade de desagregar, de não ouvir, de moer adversários e secretários. Quantos secretários saíram ‘baleados’ do governo? Juntamente com nossos aliados vamos construir um bom e exequível plano de governo, ouvindo todas as correntes de pensamento”.
Qual seu próximo passo nessa caminhada? – resumo. “Pedir votos, a começar pelo seu”.
Eduardo Gomes/DC
FOTO: Dinalte Miranda/DC
PS – Transcrito do Jornal Diário de Cuiabá edição 20 abril 2018 e na sua versão digital diariodecuiaba.com.br
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